Por Maria Derzi, da Redação
MANAUS – A Associação dos Moradores da Comunidade Riacho Doce II e o Instituto Amazônico de Cidadania (IACi) apresentaram pedido no MPF (Ministério Público Federal) para desativar e transferir o Aeroclube de Manaus. O terminal aeroportuário está localizado na Avenida Professor Nilton Lins, no bairro de Flores, zona norte de Manaus, em área de grande concentração populacional.
O contrato entre a Aeronáutica e o aeroclube termina em 2018 e as entidades querem propor à Prefeitura de Manaus e ao governo do Estado que a área seja aproveitada para construção de casas populares. “O contrato com a aeronáutica é de 15 anos, prorrogável por mais cinco anos. Então, queremos aproveitar que esse convênio está prestes a ser finalizado para propor uma discussão com o Estado, o município e entidades federais sobre a transferência do aeroclube para outra área”, disse o vice-presidente da Associação de Moradores do Riacho Doce II, Alexandre Simões de Souza.
Outro motivo alegado pelos moradores é o risco de acidentes com aeronaves de pequeno porte e helicópteros e que também são constantes os acidentes com paraquedistas que atingem fios de alta tensão da rede elétrica. “Nós visualizamos, dentro dessa área do aeroclube, a possibilidade de construção de um bairro planejado para a população de baixa renda. Discutimos desde 2007 a revisão do Plano Diretor de Manaus que inclui a desativação”, disse Alexandre de Souza.
Conforme Souza, não há mais condições de manter o aeroclube dentro dos limites urbanos de Manaus. “Nós registramos de 2000 para cá oito acidentes com mortes envolvendo aeronaves do aeroclube. Isso fora a escola de paraquedismo em que tivemos o caso de um paraquedistas que ficou enroscado na fiação elétrica, por conta da ventania que deu, e o receio dos moradores de ocorrer um acidente mais complexo, com mais gravidade”, disse.
Convênio
O funcionamento do aeroclube está garantido em um convênio com a Aeronáutica. “Nós vemos que essa é a oportunidade para que possamos resolver essa questão. Então, decidimos apresentar essa ação para chamar a ANAC, a Prefeitura de Manaus, o Comando Aéreo de Manaus, Estado do Amazonas e moradores para debatermos a retirada do aeroclube dali”, disse Souza.
O dirigente da Associação disse que o governo está disposto a disponibilizar uma área em Iranduba (a 27 quilômetros de Manaus) para instalar o aeroclube. “Os próprios donos das aeronaves também acham uma boa ideia. Eles estariam atrás de uma outra área de terra para a construção do aeroclube na área metropolitana”, disse Alexandre.
No ato da entrada da ação, o deputado estadual Luiz Castro também apoiou a inciativa da associação. “Estou apoiando essa iniciativa porque vejo que precisamos dar uma solução boa para todos. Ninguém quer inviabilizar o aeroclube, mas entendemos que a sua permanência naquele local é inadequada”, disse o deputado.
Consultado pelo ATUAL, o superintendente do aeródromo, que faz parte do complexo do aeroclube, Hélio Acioli, disse que ficou surpreso com a notícia da solicitação de desativação do aeroclube e que, após a diretoria tomar conhecimento sobre o caso, poderá se pronunciar.