Como tem sido amplamente divulgado por nós do AMAZONAS ATUAL, assim como por toda imprensa nacional, as inscrições do Enem 2015 abrirão nesta segunda-feira, dia 25 de Maio. Desta forma, nosso artigo de hoje dará continuidade ao assunto iniciado na semana passada: Os desafios que o Amazonas precisa vencer no Exame Nacional de Ensino Médio. Nos ateremos agora a um aspecto tão grave e preocupante quanto o abordado anteriormente: a baixa participação dos alunos da rede estadual no Enem.
O Ministério da Educação lançou na semana passada a campanha publicitária do Enem 2015. O slogan deste ano é: “Enem: sua porta aberta para um caminho de oportunidades”. A frase traduz uma verdade inquestionável, pois muitas são as possibilidades do aluno ao fazer este exame: disputar vagas em universidades públicas através do Sisu, disputar bolsas de estudo em universidades particulares através do Prouni, disputar o financiamento dos estudos através do Fies e disputar vagas no ensino técnico e profissionalizante através do Sisutec, são algumas dessas possibilidades.
Curiosamente, mesmo com esse enorme leque de opções a taxa de participação no Enem dos alunos do terceiro ano de ensino médio da rede estadual amazonense, é muito baixa. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira – Inep. Para se ter ideia do problema, se analisarmos somente as escolas estaduais de Manaus, verificaremos que a média de participação desses alunos é em torno de 68,9%.
Se nos afastarmos da capital este percentual tende a cair ainda mais. E não é preciso chegar muito longe para se constatar isso. No Iranduba, por exemplo, a taxa de participação no Enem dos alunos do último ano do ensino médio é de 52%, em Manacapuru 56%, em Anori 55%, em Eurinepé 58%.
É possível identificarmos algumas exceções, pois em alguns (poucos) municípios a taxa de participação consegue ser maior até que na capital. Um desses municípios é Codajás, lá 81% dos alunos concluintes do ensino médio fizeram o Enem. Algo parecido ocorreu em Parintins onde este percentual ficou na casa dos 75%.
Mas por que, mesmo com tantas oportunidades, os alunos da rede estadual não participam maciçamente do Enem? A resposta está em duas palavras que são fundamentais: esclarecimento e motivação. É muito comum os alunos de escolas públicas não terem conhecimento de todas essas possibilidades, e desta forma também não se sentem motivados a se inscreverem. Vale lembrar que para eles a inscrição é gratuita.
É claro que este problema não é uma exclusividade de nosso estado, contudo, parece que ainda não nos atentamos para ele e, sendo assim, não há uma estratégia para combatê-lo. Alguns vizinhos nossos parecem já terem despertado para isso. No Amapá, por exemplo, houve em 2014, um aumento de 48,64% no número de inscritos em relação ao Enem de 2013. No Pará este aumento ficou em 31,46%. Já no Amazonas o aumento foi bem tímido,18,96%.
Uma intervenção possível nesse caso é um trabalho sistemático da secretária de educação junto as escolas de ensino médio, apoiando, orientando e monitorando as inscrições através de uma grande campanha. O governo do estado tem a obrigação de esclarecer e motivar seus alunos a poderem ter acesso a este “caminho de oportunidades”. Valeria a pena até a utilização dos veículos de comunicação: Televisão e rádio, para envolver as famílias e sensibilizar alunos, professores, técnicos e diretores da importância dessa inscrição.
É necessário que o governo se mobilize. Afinal, não há futuro possível sem oportunidades, e é o futuro de milhares de jovens que está em jogo, e junto com eles o futuro de todo o estado.
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George Castro é supervisor do Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio;
diretor executivo da Macedo de Castro consultoria educacional; ex-professor da Universidade
Federal do Pará e ex-diretor do ensino médio e educação profissional do estado do Pará.
Contato: [email protected]