Da Redação
MANAUS – Fortemente armados, 50 policiais militares retiraram 107 pessoas, incluindo crianças, da ocupação Irmã Helena, na manhã desta sexta-feira, 20, de um terreno do governo federal na Avenida Humberto Calderaro Filho, no bairro Adrianópolis, zona centro-sul de Manaus. Os integrantes da ocupação informaram que tinham reunião com representantes Suhab (Superintendência Estadual de Habitação) para definir o destino das famílias e foram surpreendidos às 5h com a remoção. Não houve resistência dos moradores.
“No governo anterior, nós já tínhamos nos reunido e ficou acertado que iríamos sair daqui para moradias sociais, mas com o Temer isso foi diluído. Hoje, a gente tinha uma reunião com a Suhab para decidir para onde iríamos. Semana passada fizemos o cadastro das famílias e aí eles chegaram com a polícia para a reintegração de posse”, disse o coordenador da Ocupação Irmã Helena, Lamartine Silva, o ‘Lamar’. “O despejo é uma violência, entrar armado para retirar famílias e crianças é uma forma de violência”.
O 2º vice-presidente da Adua (Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas), Welton Oda, disse que os policiais tentaram impedir assistência às famílias. “Levamos pupunha e banana para distribuir e os policias tentaram barrar a entrar de alimentos, além disso as pessoas estavam transtornadas pois havia sido acordado que haveria uma reunião com a Suhab para definir os termos da saída deles de lá, mas o que aconteceu foi traição no lugar de negociação (…) quiseram passar um verniz de humanidade com a presença de assistentes sociais, mas na verdade é um governo populista querendo parecer bonzinho e acabou sendo sórdido”, disse.
Aluguel Social
As famílias foram encaminhadas para quitinetes nos bairros do Coroado, Petrópolis e São José, com a promessa de aluguel social, segundo Lamar. “Eles prometem seis meses de aluguel social, mas sabemos como aconteceu na (ocupação) Arthur Bernardes, com o tempo joga todo mundo na rua, começa a atrasar o pagamento”, comentou o coordenador da ocupação.
De acordo com o responsável pela reintegração de posse do terreno, o oficial de Justiça Mário Fernandes, as pessoas da ocupação foram avisadas antecipadamente, o que foi negado pelos coordenadores.