Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Em uma carta enviada ao ex-secretário de Saúde do Amazonas, Pedro Elias, preso na Operação ‘Custo Político’, o médico Mouhamad Moustafa se queixa que não está tendo a atenção merecida, rebate classificação de ‘bandido’ e diz que só poderia passar informações quando fosse autorizado. “Somente poderia lhe passar as informações quando autorizadas por quem esteve em todo processo comigo e isso erroneamente, porém, não dependia de mim. Só foi autorizado a lhe falar após o anúncio da reformulação, guarde isso como lealdade”, escreve Mouhamad.
Para a força-tarefa da Operação Maus Caminhos, que considera Mouhamad o líder de um esquema de fraudes em contratos de serviços de saúde pública que desviou mais de R$ 112 milhões, a carta é um indício que de que há mais pessoas envolvidas no esquema de corrupção e que o médico não controlava tudo sozinho.
A carta foi achada pela PF entre documentos apreendidos nas empresas de saúde de Mouhamad: a Salvare, Total Saúde e Simea que tinham contratos com o INC (Instituto Novos Caminhos). O documento é a prova dre um desentendimento entre Mouhamd e Pedro Elias. Segundo a PF, foi possível constatar que o desentendimento com o ex-secretário de Saúde se deu em razão do fato de este ter chamado Mouhamad de ‘bandido’. A insatisfação do médico, conforme apurou a PF, também se deve a investigação da CGU (Controladoria Geral da União) que resultou na operação ‘Maus Caminhos’, em setembro de 2016.
A ‘Maus Caminhos’ teve duas outras fases: as operações ‘Custo Político’, que prendeu cinco ex-secretários de governo; e a ‘Estado de Emergência’, que prendeu o ex-governador do Amazonas José Melo.
Quatro secretários estavam com prisões preventivas decretadas pela juíza Ana Paula Serizawa Podedworny, da 4ª Vara Federal do Tribunal Regional da 1ª Região, responsável pelas investigações da operação ‘Maus Caminhos’. A prisão preventiva foi transformada, depois, em prisão domiciliar. As prisões preventivas não têm prazo. Somente o ex-secretário chefe da Casa Civil (Raul Zaidan) não teve a prisão preventiva decretada. José Melo (ex-governador) também teve prisão temporária. A prisão temporária tem prazo de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco.
Confira na íntegra a carta de Mouhamad a Pedro Elias.