Por Castelo Branco
MANAUS – Dados obtidos pelo médico veterinário Gilmar Antonio Verardona durante visita no abatedouro do município de Autazes (a 84,25 quilômetros de Manaus), na primeira quinzena de janeiro deste ano, mostram que o abate bovino, assim como a estocagem, transporte, armazenamento e embalagem da carne, não atendem às regras de segurança sanitária recomendadas pelo Ministério da Agricultura e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A carne, por exemplo, que deveria sair do abatedouro embalada e pendurada em caminhões frigoríficos, é transportada em carroceria de picapes sujeita à poeira, lama e, portanto, com risco de contaminação. Veradona disse que o abatedouro não dispõe sequer de guinchos elétricos para erguer as carcaças dos animais abatidos e permitir ao açougueiro conforto e velocidade no processo de corte das peças. De forma artesanal, as carcaças são elevadas com o auxílio de talhas, um método obsoleto e que, de acordo com o veterinário, pode contaminar a carne em contato com a graxa usada no equipamento. “Com um simples toque em um botão, os guinchos elétricos evitam a manipulação e contato direto do açougueiro com carne durante o abate”, disse.
Além do guincho elétrico, Gilmar Verardona citou como indispensáveis para a proteção da carne a pistola pneumática e o jato d’água, que é usado para limpar o animal antes do abate, e a serra elétrica, inexistentes no abatedouro de Autazes. “Na falta da serra elétrica, usa-se o machado”, disse.
A carne que abastece feiras e supermercados da cidade é retirada das carrocerias dos veículos e levada até os frigoríficos no ombro dos carregadores. As condições de manipulação representam grande risco de contaminação ao produto, segundo Veradona.