Da Redação, com colaboração de Henderson Martins
MANAUS – Diferente do que vinha pregando na eleição passada, quando declarava independência dos velhos “caciques” do Amazonas, a ex-deputada federal Rebecca Garcia (PP), volta a se aproximar do grupo político comandado pelo governador Amazonino Mendes (PDT) no Amazonas. A ex-superintendente da Suframa não descartou a possibilidade de o PP coligar com o PDT na disputa eleitoral deste ano.
“Se fosse necessário eu conversar com o governador, para colocar um projeto que eu vejo necessário para viabilizar o Estado, eu não teria problema nenhum, pois, eu conversaria com qualquer pessoa para melhorar o Amazonas. Agora, por um acaso, não conversei, não por ser radical, mas pelo fato de não ser o momento de conversar”, disse Rebecca nesta terça-feira ao ATUAL.
A reportagem procurou Rebecca, a principal liderança do PP no Amazonas, depois da notícia da filiação à legenda do líder do governo na Assembleia Legislativa, deputado Dermilson Chagas. O presidente estadual do PP, Francisco Garcia, pai de Rebecca, confirmou a filiação de Dermilson, apesar de negar que tenha sido uma estratégia para estreitar a relação entre o partido e o governador do Amazonas.
Mantendo distância
Rebecca Garcia afirma que não manteve contato com Amazonino nos últimos meses. A última vez que conversou com o governador foi no debate da TV Amazonas, em agosto de 2017, no primeiro turno da eleição suplementar. E a última vez que viu o governador foi em um evento do Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), mas não teve contato com ele, disse.
“Há possibilidade de o PP vir coligado com qualquer partido que queira coligar conosco. O que está acabando com o nosso país é a radicalização das posições. Se a pessoa é A não fala com B e vice-versa”, disse a ex-superintendente da Suframa.
Outro sinal de aproximação do PP com Amazonino foi a filiação de dois históricos governistas ao partido: os irmãos Átila (deputado federal) e Belarmino Lins (deputado estadual). Belão é um defensor da gestão de Amazonino na ALE desde que ele assumiu o governo.
Histórico
Em 2012, Rebecca Garcia desistiu de disputar a Prefeitura de Manaus por uma manobra do senador Eduardo Braga (MDB) e ficou fora da eleição naquele ano, quando seria apoiada pelo senador Omar Aziz (PSD). No lugar dela, Braga “patrocinou” a candidatura de Vanessa Grazziotin (PCdoB), que foi derrotada por Arthur Virgílio Neto (PSDB).
Nas eleições de 2014, Rebecca Garcia se uniu a Eduardo Braga e disputou o cargo de vice-governador. A composição recebeu uma enxurrada de críticas, pelo acontecimento de 2012, que a retirou da disputa das eleições municipais.
A coligação derrotada no segundo turno foi responsável por uma série de ações na Justiça Eleitoral que resultaram na cassação dos mandatos do governador José Melo e do vice-governador Henrique Oliveira.
Em 2016, nas eleições municipais, o PP e o PMDB de Eduardo Braga coligaram com o PSDB, para a reeleição do prefeito Arthur Virgílio Neto, mas Rebecca não se envolveu na campanha.
Depois da queda de Melo, em 2017, Rebecca costurava uma nova dobradinha com Braga (governador e vice), mas foi substituída na última hora pelo candidato do PR, Marcelo Ramos, que se tornou o candidato a vice da chapa.
Liberada pela direção nacional do PP, Rebecca lançou-se candidata com o apoio do então governador interino David Almeida, que foi impedido pelo PSD de disputar a eleição. O partido de Omar Aziz apoiou a candidatura de Amazonino Mendes.
Derrotada no primeiro turno, Rebecca Garcia optou por não apoiar nem Amazonino nem Eduardo Braga, no segundo turno, porque considerava que o compromisso dela era com uma nova política. “Você pode perder uma eleição, você pode perder tudo, mas jamais a coerência na vida pública”, disse, ao afirmar que seria incoerente apoiar um dos candidatos.
Fortalecer o partido
Nesta terça-feira, Rebecca Garcia disse que o momento é de fortalecer o partido. Para ela, uma legenda fraca e sozinha não tem competitividade. Por isso, o partido se mobilizou para filiar Átila Lins e Belarmino Lins.
“Fomos provocados com a saída da deputada Conceição Sampaio [que foi para o PSDB]. Ninguém faria movimento algum se o partido estivesse como estava, mas, não podíamos ficar sem deputado federal, por isso, tivemos que fazer um movimento para fortalecer o partido”, disse Rebecca.
A filiação dos irmãos governistas ocorreu no dia 23 de março. “Eu fiz minha opção pelo PP por conta da musculatura do partido, que detém três ministérios no Governo Michel Temer, além da Caixa Econômica Federal, nos dando melhores instrumentos para ajudarmos o nosso Estado”, disse Átila, depois de assinar a ficha de filiação
O PP nas eleições
Rebecca Garcia afirma que o partido vai seguir a orientação da direção nacional nas eleições gerais deste ano, mas sobre o comportamento do partido no Amazonas, ela disse que as eleições são em outubro, e, como é natural no Estado, as definições devem ser feitas na última semana.
“Estamos conversando com todos os partidos, por exemplo, a juventude do PSL me ligou para termos uma reunião amigável. Pois, para conseguir chegar a um objetivo majoritário se precisa de uma aliança forte”, disse Rebecca.