Por Saadya Jezine, especial para o AMAZONAS ATUAL
MANAUS – Após à aprovação do relatório favorável à abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na comissão especial, ocorrida na segunda-feira, 11, em Brasília, a pressão por parte dos eleitores aumenta, e parlamentares antecipam o seu posicionamento perante a votação que está prevista para iniciar nesta sexta-feira, 15, e finalizada no domingo, 17. Dos 11 parlamentares do Amazonas, apenas um se declarou contra o impedimento, e 3 preferiram não opinar.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB), foi a única contra o processo. “A Constituição brasileira é clara: um presidente só pode sofrer impedimento em caso de crimes caracterizados na Constituição. E não há crime caracterizado pela Constituição. As ações que eles chamam de pedaladas são recursos da Caixa Econômica Federal repassada antecipadamente a programas (sociais) (…) Além disso, todas as medidas fiscais tomadas pelo governo Dilma já haviam sido adotadas por governos anteriores, cujas contas foram aceitas pelo TCU”, afirmou em resposta ao AMAZONAS ATUAL.
Dentre os que decidiram não opinar está o deputado Hissa Abrahão (PDT). Em sua página oficial no facebook, o parlamentar postou um vídeo, que tem como título “Eis a verdade sobre meu posicionamento e voto em relação ao impeachment da presidente Dilma”. Internautas que assistiram, manifestaram insatisfação. “É, caro deputado, falou muito, mas não explicou nada. Não entendo efetivamente o motivo do tal suspense no seu posicionamento(…)”, comentou um cidadão logo abaixo do vídeo postado.
O deputado Alfredo Nascimento (PR), após reunião realizada com seu partido na tarde desta terça-feira, 12, na Câmara, comentou sobre a votação. “O PR não chegou ao consenso sobre como o partido deve votar na sessão de julgamento do impeachment da presidente Dilma, ele ainda está divido e deve fazer uma nova reunião no sábado para tomar uma posição”. Diante do fato, Alfredo diz que não revelou para ninguém como será seu voto para não influenciar na decisão do partido.
Dos três senadores no Amazonas, apenas Sandra Braga (PMDB) não manifestou seu voto. “A senadora só vai se manifestar quando – e se – o assunto chegar ao Senado. O roteiro político aqui prevê que o líder do PMDB chame uma reunião de bancada quando o assunto vier da Câmara para o Senado. Somente depois disso, a senadora se manifestará”, informou assessoria.
Parlamentares do amazonas que se posicionaram em favor do impeachment são: os deputados Arthur Bisneto (PSDB), Pauderney Avelino (DEM), Átila Lins (PSD), Silas Câmara (PRB), Marcos Rotta (PMDB) e Conceição Sampaio (PP), que até o dia 20 de março, não manifestava seu voto. No senado, apenas Omar Aziz (PSD) manifestou a favor. “Todos que são contra o processo de impeachment são chamados de golpistas. O PT não consegue o apoio político no Congresso e não consegue governar. Essa é uma medida com perspectiva de saída da crise, que é tanto política, quanto econômica”, disse o senador, apontando o impeachment como saída para a crise.
Previsão
Governistas evitam cravar um placar, mas apostam que a oposição não conseguirá o número de votos necessários pró-impeachment no plenário. “A votação na comissão do impeachment demonstra que o golpe não passará, porque, para o projeto do golpe passar, tem que ter dois terços no plenário, o que significa dizer em torno de 67% dos deputados e deputadas a favor. E a votação registrada na comissão, chegou em torno de 58% dos votos, o que significa dizer: o projeto do golpe está longe”, declaro a senadora Vanessa.
Na comissão ao qual a senadora se refere, foram computados 38 votos a favor e 27 contra o impeachment. Nessa situação, o resultado dependia da maioria simples. No entanto, no plenário, é necessário dois terços dos votos dos 513 deputados. Ou seja, 342 precisam votar em favor do impedimento da presidente.
Veja o quadro dos parlamentares sobre o impeachment e, abaixo, o que eles disseram:
CONTRA
Senadora Vanessa Grazziotin
“A votação na comissão do impeachment demonstra que o golpe não passará, porque, para o projeto do golpe passar, tem que ter dois terços no plenário, o que significa dizer em torno de 67% dos deputados e deputadas a favor. E, lá, a votação registrada no dia de ontem, chegou em torno de 58% dos votos, o que significa dizer: o projeto do golpe está longe. E não tenho dúvida nenhuma, se está longe hoje, amanhã ficará mais distante. Por quê? Porque a população brasileira começa a acordar. Olhe o ato no Rio de Janeiro: mais de 50 mil pessoas a defender a democracia, muitas delas críticas ao Governo da presidenta Dilma. Aliás, alguns votos, ontem, na Comissão, também partiram de críticas feitas à forma como o Governo vem conduzindo a política econômica e a polícia social no País, mas foram votos conscientes, votos seguros em defesa da democracia e contra o golpe. Fizemos um levantamento entre os 38 deputados que se manifestaram na comissão a favor do deputado Jovair Arantes. Sabem quantos entraram no mérito do processo? Somente 6 dos 38. E entraram de forma superficial. Os outros só analisaram questões políticas, dizendo que a presidente não reunia mais condições para governar o País. Mas não é isso o que diz a Constituição. A Constituição brasileira é clara: um presidente só pode sofrer impedimento em caso de crimes caracterizados na Constituição. E não há crime caracterizado pela Constituição. As ações que eles chamam de pedaladas são recursos da Caixa Econômica Federal repassados antecipadamente a programas como Bolsa-Família e Seguro Desemprego, procedimento previsto no contrato de prestação de serviços com a Caixa. Ou seja, não há empréstimo e nem alteração das metas. Além disso, todas as medidas fiscais tomadas pelo governo Dilma já haviam sido adotadas por governos anteriores, cujas contas foram aceitas pelo TCU”.
INDECISOS
Alfredo Nascimento
O PR reuniu hoje à tarde sua bancada na Câmara Federal e não chegou ao consenso sobre como o partido deve votar na sessão de julgamento do impeachment da presidente Dilma. O partido está divido e deve fazer uma nova reunião no sábado para tomar uma posição. Alfredo diz que não ainda não revelou pra ninguém como será seu voto para não influenciar na decisão do partido. Sobre a proposta do PR assumir um novo Ministério, Alfredo garantiu que nada foi discutido com a presidente Dilma e lembrou que o partido apóia o atual grupo político desde a primeira eleição de Lula e que desde lá responde pelo Ministério dos Transportes, sendo um aliado de primeira linha para a governabilidade. O partido é o quinto maior do Congresso com 40 deputados e tem peso e deve ser respeitado seja por quem estiver na presidência. (Via assessoria)
Hissa Abrahão
“No momento certo eu irei manifestar o meu voto. Só digo uma coisa, eu não irei decepcionar a população.”
Sandra Braga
A senadora so vai se manifestar quando – e se – o assunto chegar ao Senado. O roteiro politico aqui prevê q o lider do PMDB chame uma reunião de bancada quando o assunto vier da Câmara pro Senado. Só depois a senadora se manifestará. (via assessoria)
A FAVOR
Conceição Sampaio
“Por amor ao Brasil, a favor do impeachment”.
Marcos Rotta
“Pelo futuro do Brasil, votarei a favor do impeachment. No início de minha vida pública fiz uma opção: ouvir a sociedade. Assim formatei minha carreira política e assim seguirei, sempre. Fui questionado neste fim de semana pela imprensa sobre meu posicionamento em relação ao impeachment. Estamos em um momento crítico de nosso País, que precisa voltar a crescer, gerar emprego e recuperar o fôlego econômico. O atual cenário de instabilidade política e econômica resultou na perda de confiança de organismos nacionais e internacionais. Precisamos, com urgência, mas com responsabilidade, recuperar a governabilidade, sob risco de prolongamento da crise. Por isso, me posiciono a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. É necessário ouvir a sociedade e traduzir seu anseio em ações. Vamos em frente, sempre acreditando nos brasileiros, no Brasil e na capacidade que temos de, juntos, superar os desafios.”
Átila Lins
“Eu voto a favor do impeachment. E não há como ser diferente”.
Silas Câmara
“Sou a favor do povo. Voto SIM ao impeachment da presidente Dilma. Somos brasileiros querendo resgatar a honra que ainda resta para este país”.
Pauderney Avelino
“Nunca, em nenhum momento, o Brasil precisou tanto do carinho e amor de seus filhos. Por amor ao meu país, eu digo sim ao impeachment”.
Artur Bisneto
“Eu sou a favor do impeachment com muito orgulho, porque o Brasil não pode continuar passando por momentos de incerteza, de falta de credibilidade na economia, sendo liderado por políticos que pensam mais em si do que no povo, que está sofrendo com a inflação alta e com o desemprego”.
Omar Aziz
“Eu sou a favor do impeachment e todos que são contra o processo de impeachment são chamados de golpistas. O PT não consegue o apoio político no congresso e não consegue governar. Essa é uma medida com perspectiva de saída da crise, que é tanto política, quanto econômica”.