Da Redação
MANAUS – Um dia após do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), dizer que vai acionar a Justiça do Trabalho com ações civis contra o Sindicato dos Rodoviários e o Sinetram (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Amazonas) para por fim à greve que parou parcialmente o sistema de transporte, motoristas e cobradores paralisaram 100% da frota de ônibus convencional, nesta quinta-feira, 31.
Nenhum ônibus saiu das garagens das empresas na manhã desta quinta-feira, os terminais estavam sem nenhum movimento e o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Givancir Oliveira, disse que se for preciso a categoria vai paralisar o sistema 100% por um mês.
Na quarta-feira, 30, após uma reunião com representantes do Sindicato dos Rodoviários e do Sinetram, que acabou sem acordo, o prefeito Arthur Virgílio Neto prometeu que a Prefeitura de Manaus iria ingressar com ações civis públicas na Justiça do Trabalho, “cobrando pesadas multas contra os dois sindicatos e solicitando o retorno imediato das obrigações de ambas as partes para o bem-estar da população”.
“Dei todas as chances de acordo aos dois e como não houve definição, eu vou cumprir aquilo que ontem eu disse que iria fazer. Vamos ingressar com duas ações civis públicas contra as duas partes, responsabilizando o sindicato dos trabalhadores e o sindicato dos empresários”, afirmou Arthur.
Versões da reunião
O presidente do Sindicato dos Rodoviários acusou a direção do Sinetram de apresentar uma proposta considerada imoral pelos trabalhadores. “Não houve negociação. O Sinetram fez uma proposta imoral, que afronta os trabalhadores, afirmando que não tem lucro. Eles têm lucro sim e não pagam porque não querem. A greve continua”, disse Givancir Oliveira.
Segundo ele, os rodoviários exigem o pagamento de R$ 13 milhões referente a reajustes salariais não pagos em anos anteriores e mais 7,5% de aumento neste ano. Os empresários ofereceram 6,5% e, sem acerto, se retiraram do encontro.
O Sinetram afirma que a negociação está prestes a se concluir e que depende apenas da definição de datas para que sejam realizados o pagamento do que pedem os rodoviários. “Está muito perto agora de fecharmos um acordo porque, em percentuais já chegamos. Eles pediram 6,5%, porém pediram para junho. Nós pedimos um prazo para julho e agosto. O que dificultou foram as datas. Pois queremos assumir um compromisso e conseguir pagar, esse é o grande problema das empresas”, explicou Algacir Gurgaz, presidente do Sinetram.
No dia seguinte
Na manhã desta quinta-feira, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, em entrevista ao ATUAL, disse que os empresários querem demitir todos os trabalhadores do sistema e contratar horistas, de acordo com a nova lei trabalhista, o que gera mais impasse nas negociações.
“[Eles querem contratar] Trabalhador ganhado muito abaixo do acordado, sem direitos, sem cesta básica, sem plano de saúde e sem vale-lanche. O sindicato não vai aceitar. Nem que a gente tenha que parar por 30 dias 100% da frota”, disse. Gilvanci cobrou ação dos vereadores e a instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal de Manaus para investigar as empresas.
Corte de privilégio
O prefeito Arthur Virgílio Neto, em entrevista à Rádio Tiradentes, na manhã deste quinta-feira, disse que na questão econômica os dois sindicatos divergem por milímetros e não chegam a um acordo.
Arthur também afirma que um dos principais motivos do impasse por parte do Sindicato dos Rodoviários é a retirada do privilégio dos diretores de indicar funcionários às empresas de ônibus. Segundo o prefeito, há uma cláusula [ele não informa se é no acordo coletivo de trabalho] que dá à diretoria do sindicato a prerrogativa de indicar pessoas para as empresas. “As empresas, desta vez, decidiram que não será assim. Não cederam mais a isso, e elas vão demitir e nomear quem elas quiserem”, disse Arthur.
De acordo com o prefeito, inclusive nesta greve, as empresas podem demitir por justa causa os trabalhadores, porque a greve é considerada ilegal. “Essa briga é de poder. De onde virá a fraqueza deles [Sindicato dos Rodoviários]? Virá da constatação que eles terão dentro de um dia, dois ou três que a greve causou um desgaste brutal, e sairão sem esse poder de nomear pessoas para trabalhar nas empresas”, completou o prefeito.
O TRT11 (Tribunal Regional do Trabalho da 11ª Região) já aplicou multa de R$ 200 mil por hora parada ao Sindicato dos Rodoviários e bloqueou R$ 97 mil do sindicato para assegurar o pagamento das multas.