O processo em que o senador Acir Gurgacz (PDT-RO) é réu no Supremo Tribunal Federal por suposto crime financeiro e estelionato contém uma denúncia que há muito vem sendo investigada pelo Ministério Público do Amazonas, sem resultado (o processo está engavetado há anos por essas bandas): a compra de ônibus velhos como se fossem novos. Em fevereiro deste ano, o Ministério Público Federal denunciou Gurgaz – que é dono, junto com a família dele, da maior empresa de ônibus de Manaus, a União Cascavel – sob a acusação de ter pedido financiamento de R$ 1,5 milhão ao Banco da Amazônia em 2002, quando era diretor das empresas de ônibus da família, mas teria usado o dinheiro para compra de combustível. De acordo com a denúncia, os Gurgacz também também usaram documentos falsos para comprovar a aquisição de sete ônibus novos no valor de R$ 290 mil cada. Uma perícia solicitada pelo MPF apontou que os veículos já tinham mais de dez anos de uso e custaram R$ 12 mil cada um. Acir Gurgacz se defendeu em nota divulgada à imprensa, alegando que a ação judicial não é diretamente contra ele, mas relacionada à empresa da qual participa. Para o Ministério Público do Amazonas, a culpa ou a inocência do senador de Rondônia não tem a menor importância, mas o conteúdo da denúncia sobre a compra de ônibus velhos como novos merece uma resposta à sociedade de Manaus. Uma questão se impõe: onde está a investigação do MP-AM iniciada há mais de seis anos?