BRASÍLIA – O agravamento da crise política fez o PSDB e o DEM intensificarem as articulações de bastidores na tentativa de barrar a possibilidade de eleição direta para substituir o presidente Michel Temer. Em conversas reservadas, dirigentes das duas siglas avaliam que, caso a coalizão de apoio a Temer não apresente uma alternativa de poder, o movimento por “diretas já” pode ganhar força, com “risco” de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltar ao Palácio do Planalto.
Nesta terça-feira, 23, a base aliada conseguiu adiar a votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara do relatório favorável à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) das eleições diretas para o caso de vacância da Presidência. O projeto, mais tarde, foi retirado da pauta.
Desde a divulgação das delações da JBS, tucanos e outros aliados têm feito reuniões quase que diárias para discutir cenários de pós-Temer. Um deles, defendido por dirigentes do PSDB, do DEM e de uma parte do próprio PMDB, seria a renúncia do presidente com escolha de um sucessor que passe pela concordância do próprio Temer. O problema, nesse caso, é que o peemedebista não aceita renunciar e ninguém pretende pressioná-lo para que faça isso, ao menos por enquanto.
Ministros
Até agora, a maior parte dos aliados concorda com a manutenção do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Alguns também observam que seria conveniente propor a Temer que, caso a situação fique insustentável, os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, também sejam preservados, embora sejam investigados pela Lava Jato.
Avalista do governo, o PSDB considera que o nome ideal para substituir Temer seria o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, mas não há consenso. Na Câmara, muitos aliados querem que o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ocupe a cadeira de Temer. Se o presidente renunciar, é Maia que assume o cargo por 30 dias.
Chapa
Apesar das articulações, o PSDB pretende esperar o julgamento da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer, pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), previsto para o próximo dia 6, para só então resolver se continua ou não no governo. “A ideia é ter prudência e, obviamente, um prazo para tomar a decisão”, disse o deputado Ricardo Tripoli (SP), líder do partido na Câmara.
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força, presidente do Solidariedade, disse que a manutenção de Temer no governo depende agora do Congresso. “Se as reformas andarem, Temer fica. Se não, o próprio mercado, que o sustenta hoje, pedirá para ele sair”, afirmou o parlamentar.
Dentre as notícias atuais, a FUP tem algo a dizer:
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PETROLEIROS EXIGEM A SAÍDA IMEDIATA DE PARENTE
Em documento enviado a Pedro Parente nesta quarta-feira, 24, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) exige a renúncia do presidente da Petrobras, bem como de todos os integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva da empresa; “Não bastasse o sentido ilegítimo dessa administração, com o superficial pretexto de conter o endividamento da Petrobrás, esse coletivo vem agindo com a clara intenção de destruir a empresa”, afirma a FUP no documento, ressaltando que, “da incapacitação técnica à alienação patrimonial por preços irrisórios, o conjunto da obra realizado foi todo ele desenvolvido para o apequenamento da Petrobrás”; petroleiros também aprovaram um calendário de mobilizações para barrar a privatização em curso na empresa
24 DE MAIO DE 2017 ÀS 11:16 // 247 NO TELEGRAM Telegram // 247 NO YOUTUBE Youtube
Da FUP – Em documento enviado a Pedro Parente nesta quarta-feira, 24, a FUP exige a renúncia do presidente da Petrobrás, bem como de todos os integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva da empresa. A medida foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Deliberativo da entidade, reunido em Brasília terça-feira, 23. O Conselho é formado por representantes de todos os 13 sindicatos filiados, além da diretoria executiva da Federação.
Na carta enviada ao presidente da Petrobrás, a FUP reitera a ilegitimidade da atual gestão, que vem agindo no sentido contrário ao que foi determinado pelo povo na eleição de 2014, além de ter sido indicada por um governo que é fruto de um golpe e envolvido em fatos policialescos.
“Não bastasse o sentido ilegítimo dessa administração, com o superficial pretexto de conter o endividamento da Petrobrás, esse coletivo vem agindo com a clara intenção de destruir a empresa”, afirma a FUP no documento, ressaltando que, “da incapacitação técnica à alienação patrimonial por preços irrisórios, o conjunto da obra realizado foi todo ele desenvolvido para o apequenamento da Petrobrás”.
Outro aspecto destacado na carta são os interesses escusos que envolvem a gestão de Pedro Parente. “As recentes revelações, à luz da crise atravessada pelos que tomaram o Executivo de assalto, demonstram que toda a gestão, desde o Golpe de 2016, foi empreendida no favorecimento dos grupos econômicos”, denuncia a FUP, destacando que essas corporações “com desfaçatez no relacionamento histórico com os ocupantes da atual gestão, determinam a política da administração da Petrobrás”.
Mobilizações contra a privatização da Petrobrás
Além da renúncia de Pedro Parente e de todos os integrantes do Conselho de Administração e da Diretoria Executiva da Petrobrás, o Conselho Deliberativo da FUP aprovou um calendário de ações de vanguarda para barrar a privatização em curso na empresa. As mobilizações serão implementadas nas próximas semanas e divulgadas pelas direções sindicais à medida que forem realizadas.
“O entendimento dos petroleiros é de que a luta contra a privatização da Petrobrás está diretamente ligada à derrubada de Temer e à renúncia do presidente da empresa, Pedro Parente. Essas são, portanto, as duas bandeiras que estarão mobilizando a nossa categoria, tanto nas ruas, como nas nossas lutas diárias, buscando o apoio da sociedade para que aconteça nos próximos dias”, afirma o coordenador da FUP, José Maria Rangel.
Leia a íntegra da carta encaminhada pela FUP à presidência da Petrobrás.
Em tempo: há dois campos de petróleo e gás sendo vendidos aqui. E o petróleo é nosso.