MANAUS – O impeachment de Fernando Collor de Mello (em 1992), que assumiu a Presidência da República depois da primeira eleição direta pós-ditadura militar, com o discurso de “caçador de marajás”, foi um marco na política brasileira e acendeu uma luz de esperança na sociedade brasileira.
O Brasil tentava se recompor, depois de um governo desastroso de José Sarney e Cia, que o afundou o país numa recessão sem precedentes e criou a hiperinflação. O país tentava esquecer os anos de opressão militar, que ainda estava fresca nas mentes e corações dos brasileiros que conheceram a verdadeira face da ditadura.
A frustração com o governo Collor, dois anos depois de eleito, deu lugar à esperança, com a juventude nas ruas pedindo o impeachment. Na tribuna da Câmara dos Deputados, discursos como o de Nelson Jobim (PMDB-RS) clamavam pela deposição do presidente como um “imperativo ético” para aquela casa legislativa. Jobim dizia que o impeachment seria necessário para regatar a credibilidade das instituições. Serviria para extirpar do seio da sociedade a impunidade.
Aquele momento fora “vendido” como o recomeço de uma Nação que precisava se reerguer. E o que tivemos desde então? Um plano real que deu algum alento, por combater a inflação, mas que não combateu o principal problema brasileiro: a concentração de renda.
Inúmeras denúncias de corrupção vieram à tona nos governos seguintes, sempre abafadas no Congresso Nacional e no Ministério Público. O Congresso Nacional que depôs Collor foi recomposto. Em nome da governabilidade, tudo se colocava para debaixo do tapete. A política econômica de Fernando Henrique Cardoso fracassou no propósito de dar ao povo brasileiro maior qualidade de vida.
Tal política favoreceu, em grande medida, a ascensão de Lula e do PT ao poder. A eleição de Lula foi outro momento de esperança de um Brasil melhor. A emocionante posse do presidente que emergiu da classe trabalhadora embalada por um discurso de socorro aos pobres, criou expectativas. A promessa de combate à corrupção era um elemento forte de convencimento, visto que ela era o grande fantasma das instituições brasileiras.
Mas no final do primeiro governo, já em 2005, surgem as primeiras denúncias de corrupção, que nos levaram a suspeitar de que nada mudaria. Agora, estamos descobrindo que para manter-se no poder, Lula e seus comparsas fizeram acordos com os diabos. A corrupção tomou conta da República de A a Z.
Chegamos em 2017, às vésperas de eleições gerais para escolha de presidente da República, senadores, deputados federais e estaduais, sem perspectivas. Quem são os nomes para a presidência do Brasil? Mergulhado numa crise de moralidade sem precedentes, o país não tem, neste momento, nenhuma luz no fim do túnel.
Andamos para trás nesses últimos 25 anos. E o país corre o risco de eleger um novo Fernando Collor de Mello, pela falta de perspectivas. Quem escolhe os candidatos são os partidos, ou melhor, os dirigentes dos partidos. São as mesmas pessoas que contribuíram para destruir o pouco que havia de moralidade, ética, decência. O pior de tudo é que a classe política perdeu completamente o senso de responsabilidade e de decência. Nada mais os envergonha.
É neste cenário que vamos chegar em 2018.
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Passar o poder federal dos militares para os civis foi uma tragédia para este país.
Excelente artigo. Um verdadeiro passeio pela história política recente do país, no que tange à sucessão do governo federal após o fim do regime militar. Falou pouco, mas disse tudo. Parabéns ao articulista.
De fato, “andamos para trás nesses 25 anos”, e se nada for feito, se a ordem institucional não for restabelecida, se não forem resgatados os valore e princípios constitucionais sobre os quais se acha alicerçada a nação brasileira, corremos sim o risco de elegermos mais um aventureiro para governar o país, e assim sendo, continuaremos andando para trás ainda por muitos anos.
No momento, não vislumbro também uma luz no fim do túnel, todavia, movido por inabalável esperança, torço pela restauração da ordem e da normalidade, torço para que o país retome logo o caminho da prosperidade, da paz e da justiça social.