Da Redação
MANAUS – Dados oficiais da Seap (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária) desmentem o discurso do governador José Melo (Pros), feito na presença do ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, no início da semana, para justificar o aumento do valor pago à empresa que administra os presídios no Amazonas. Questionado sobre os motivos de as despesas pagas à Umanizzare Gestão Prisional e Serviços Ltda., terem saltado de R$ 199,9 milhões para R$ 326,3 milhões de 2015 para 2016, o governador disse: “Quando eu assumi o governo, tinha 3.600 presos; hoje tem 12 mil. Evidentemente que isso representa custo. Você falou em investimento. Na verdade, não é investimento, é custeio. Então, na verdade, esse custeio tem que ser feito para manter esses 12 mil presos no sistema penitenciário”.
O número de presos no Estado aumentou, mas não na proporção informada pelo governador. Em janeiro de 2015 (nove meses depois de Melo assumir o governo), havia no sistema penitenciário do Amazonas (capital e interior) 9.929 presos. Desse total, 4.874 estavam nas seis unidades administradas por duas empresas: a Conap e a Umanizzare. Em janeiro de 2016, o número de presos caiu, segundo dados da Seap, para 8.852, apesar de aumentar nas unidades administradas pelas empresas, que passaram a abrigar 5.469 detentos. Em 30 de dezembro de 2016, dois dias antes da chacina no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), o número de presos no Estado havia saltado para 10.356. No entanto, nas unidades administradas, agora, exclusivamente pela Umanizzare, o número era de 6.691 detentos.
Comparando aos números da receita da empresa, o contribuinte passou a pagar mais a cada ano, numa proporção bem superior à inflação. Cada preso em janeiro de 2015 custava ao Estado por mês R$ 2.939,00. Um ano depois, passou a custar R$ 3.102,00, aumento de 5,54%. Em dezembro de 2016, o valor por preso/mês saltou para R$ 4,063,00, uma elevação de 30,98%. A inflação acumulada de dezembro de 2015 a novembro de 2016 foi de 6,99% (IPCA-IBGE). Em 2015, a inflação acumulada foi de 1o,67%. Portanto, o aumento do valor pago à Umanizzare em 2016 supera em muito a inflação acumulada em dois anos.
A Umanizzare é corrupta.