SÃO PAULO – Desde que mudei de estado o mais foi difícil foi me adaptar a todas as causas do choque cultural entre minha terra e a terra que me acolheu. Aos poucos percebi quanta curiosidade o povo do sudeste possui em relação ao Amazonas, com algumas informações desencontradas e às vezes ignorantes no sentido de não querer saber mais, eles me perguntam coisas que para mim parecem óbvias tipo, “mas você nada com botos?” como se aquilo fosse me ofender. Eu reitero sempre dizendo que se pudesse nadaria com os botos todos os dias. Conversando com alguns amigos nortistas que moram em São Paulo, cheguei a conclusão de que apesar da mídia ser a principal culpada por essa falta de informação em relação ao Amazonas um outro ponto crucial que faz total diferença é o A M A Z O N E N S E. Isso porque a nossa autoestima não é uma das melhores, eu me dou o direito de escrever sobre isso porque eu fui uma adolescente que não gostava de ser amazonense, Manaus era considerada por mim a pior cidade para se viver e toda a cultura local era relativizada e rebaixada por mim. Mas eu sentia isso por que era rebelde? Não, culturalmente somos ensinados a não gostar do que é nosso. Desde crianças quando a programação local não existe abrindo espaço para programações do Rio de Janeiro e São Paulo, como se a cultura do sudeste ditasse um tipo de regra para o local e as pessoas serem interessantes. Esse sentimento perdura até a fase adulta, que é quando torna-se um problema real. Quando um povo não gosta de si isso interfere diretamente em seu turismo e consequentemente em sua economia. Você já parou para pensar no porquê de dificilmente uma banda ou cantor amazonense emplacar nacionalmente? Ou quando estoura um sucesso, não é reconhecido como amazonense. Justamente porque a gente não tem o costume de valorizar o que é nosso, o que nos representa, o que tem a nossa cara. Porque quem sabe só agora o amazonense esteja se enxergando, se amando. Antes agora do que nunca mais, que as próximas gerações venham com mais orgulho de ser amazonense. Eu continuo com apenas um sentimento, eu vim forte porque sou do Norte e sou Amazonense até o osso!
Que interessante! Ao ler este texto me identifiquei com as palavras que retratam um pre conceito, que a priore criado por nós mesmos. É um problema real que deve ser tratado com muita constância nas escolas, faculdades, trabalho e etc.
Super interessante seu pensamento sobre a nossa cultura pouco valorizada, a postagem é antiga , mas descobri agora pois estou fazendo algumas pesquisas sobre o tema. Valeu!