O governo de Michel Temer não terá grandes dificuldades de aprovar o que vem chamando de “reformas necessárias para o país”. Primeiro, porque tem o apoio da “grande mídia”, cujo discurso é reproduzido pela “mídia nanica”. Aliado a isso, o governo também conta com o momento de crise em que a desmobilização dos trabalhadores e dos movimentos sociais está em alta.
A greve geral programada para esta sexta-feira é exemplo dessa desmobilização. Tirando a parcela dos servidores públicos que têm maior poder de mobilização, porque gozam de estabilidade, os trabalhadores em geral temem a entrada na fila dos desempregados, que não é pequena. Mesmo com os direitos trabalhistas ameaçados, poucos têm a coragem de arriscar seus empregos, aderindo a uma greve contra as “reformas”.
A desmobilização, por outro lado, não ocorre apenas pelo medo de perder o emprego, mas é resultado de um processo desencadeado pelo próprio movimento sindical, que ao longo dos governos Lula e Dilma resolveram atuar como aliados do poder. O comportamento das centrais sindicais jogou os sindicatos no limbo ao ponto de, neste momento de necessária mobilização, estarem vivendo uma crise de credibilidade entre os próprios trabalhadores.
Nesse ambiente, o trabalhador mal consegue se informar sobre o que está acontecendo com as leis trabalhistas e com a Previdência Social. A reforma trabalhista já foi aprovada na Câmara dos Deputados sem qualquer protesto popular; e deve passar no Senado sem maiores percalços. O trabalhador sequer sabe o que muda nas relações entre empregados e empregadores.
A reforma previdenciária, por enquanto, enfrenta resistência de deputados e senadores, que temem perder votos nas eleições de 2018, mas, de fato, barganham com o governo. Logo, as luvas se ajustam às mãos e a proposta de Michel Temer passa sem grandes problemas na Câmara e no Senado.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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