Da Redação
MANAUS – A expectativa de vida do amazonense deve aumentar de 72,3 para 77,7 até 2060 e a população de idosos e crianças será praticamente a mesma no Estado, de acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados na semana passada. Com a previsão deste cenário, a coordenadora da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa no Amazonas, Rosângela Melo, chama a atenção para a importância da prevenção a doenças, especialmente, as Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), que vêm crescendo nos últimos anos, em pessoas com 60 anos ou mais.
Rosângela frisa que o aumento de casos, além indicar que a população desta faixa etária está mais ativa sexualmente, também é resultado da ampliação da oferta de testes rápidos nos municípios. Ela diz que a Secretaria de Estado de Saúde (Susam) tem orientado os coordenadores de Atenção Básica (AB) e equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), de todos os municípios, a intensificarem a oferta de testes rápidos e o acompanhamento dos casos notificados de IST’s. Abordar a temática, para ela, é importante, haja vista que a sexualidade na Terceira Idade é tratada como tabu. “Falar sobre o assunto quebra as resistências sobre o tema e promove a circulação das informações. Diagnosticar e tratar são fundamentais, mas chamar atenção para a prevenção é ainda mais”, ressaltou.
De acordo com dados da Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), órgão vinculado à Susam, há 10 anos havia poucos registros de casos de HIV na faixa etária acima dos 60 anos. Em 2017, 36 casos foram notificados com HIV e 26 diagnosticados com Aids. Em 2008 foram 11 pessoas diagnosticadas com a doença.
O aumento de casos também é registrado com relação à incidência de Sífilis adquirida, IST que também pode ser transmitida de uma pessoa para a outra durante o sexo (anal, vaginal ou oral) sem preservativo. Em 2008, foram notificados 8 casos de Sífilis. Em 2017, foram 90. A Sífilis também pode ser congênita, transmitida da mãe para o bebê, na hora do parto.
As Hepatites Virais são outro tipo de IST’s que vêm ocorrendo com maior frequência na população idosa do Estado. A Hepatite. Passou de 1 caso, em 2008, para 2 em 2017. A Hepatite B saiu de 17 para 67. A Hepatite C cresceu de 14 para 103 casos. A Hepatite D, de 2 para 4.
A coordenadora estadual de IST/Aids e Hepatites Virais da FMT, Dessana Chechuan, chama atenção para o fato de que, apesar de essa população estar mais sexualmente ativa, o uso de preservativo não é visto como algo habitual nessa fase da vida. Dessana ressalta que o tabu de se falar sobre sexo na Melhor Idade, seja pela família, por eles mesmos e até nos consultórios médicos, é um fator que dificulta a orientação adequada quanto às medidas de prevenção.
Ela também alerta que os sintomas de muitas dessas IST’s podem ser confundidos com os de outras infecções. “O método mais eficaz de prevenção ainda é o uso de preservativo”, reforçou.
Julho Amarelo
A coordenadora lembra que, este mês, os 62 municípios do Amazonas estão com as atividades de prevenção às Hepatites Virais intensificadas, como parte da campanha “Julho Amarelo”. A campanha é realizada em alusão ao Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais (28/07). As ações são desenvolvidas nas unidades de saúde, por meio de palestras, distribuição de preservativos masculinos, folders informativos sobre a doença, além de realização de testes rápidos para Hepatites B e C. A Susam enviou aos municípios mais de 1,4 milhão de preservativos e 51 mil kits de Testes Rápidos para Hepatite B e 48,5 mil para Hepatite C.