Da Redação
MANAUS – O Cremam (Conselho Regional de Medicina do Amazonas) classificou de ‘alarmante’ a situação da saúde pública no Estado. Em entrevista coletiva na manhã desta quinta-feira, 29, o presidente da entidade, José Bernardes Sobrinho, alertou sobre a falta de medicamentos, materiais cirúrgicos e procedimentos nos hospitais que colocam em risco a vida dos pacientes.
José Sobrinho disse que no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto pacientes estão fazendo diálise lado a lado, o que gera risco de infecção por não obedecer a distância mínima recomendada entre as máquinas. Sobrinho diz que há faltas de antibiótico na urgência e emergência do Hospital e Pronto-Socorro Dr. Aristóteles Platão Bezerra de Araújo, na zona leste de Manaus, além de ataduras e até formulários para de receituário. “Chegamos ao fundo do poço”, afirmou Sobrinho, ao anunciar que denunciará a situação ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas).
Conforme o médico, no Hospital Dr. João Lúcio Pereira Machado não há Tramadol 50mg/100mg, soro fisiológico, fita de dextrose e antibióticos como clindamicina, criprofloxaxino, metronidazol e meropenem. Há ainda superlotação de pacientes renais e uma sala de foi improvisada como enfermaria. “Não se pode admitir que pacientes morram por falta de insumos básicos”, disse o presidente do Cremam. “Eu questiono o limite de tolerância na saúde. Realmente temos vistos cada vez mais a degradação”, afirmou, ao atribuir a situação à má gestão do setor.
Sobrinho descartou uma greve dos médicos na rede pública.
Herança
Em nota, a Susam (Secretaria de Estado da Saúde) informa que já herdou a gestão da saúde pública com várias carências. A Secretaria afirma que está adotando medidas para recuperar o setor. Confira a íntegra a nota da Susam.
“A atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) informa que assumiu o órgão, em outubro de 2017, após Eleições Suplementares, e que recebeu as unidades da capital e do interior com sérios problemas e em meio a investigações pela Operação Maus Caminhos, deflagrada pela Polícia Federal. Em um único ano (2017), três governadores e quatro secretários de saúde passaram pelos respectivos cargos no Estado. A Susam, no entanto, esclarece que vem trabalhando para resolver todas as situações encontradas nas unidades, muitas delas já solucionadas e outras em execução, conforme o plano de metas com cronograma estabelecido para o ano de 2018.
A Susam reforça que o Governo do Estado está investindo R$ 65 milhões em obras na saúde, que estão em andamento ou em planejamento para 2018. O pacote inclui a conclusão das obras que estavam paradas na capital e interior e que foram retomadas por esta administração, além de reparos e manutenção predial corretiva e de equipamentos em geral, reformas e adequações em quase todas as unidades da capital.
A Susam ressalta que os profissionais da saúde são testemunha de como as unidades foram recebidas e do trabalho que vem sendo feito, em apenas cinco meses de gestão, para reconstruir o setor e colocar os serviços que estavam parados em funcionamento.
Como presidente da empresa médica Univasc, terceirizada que presta serviços ao Governo do Amazonas, José Bernardes Sobrinho, que também preside o Conselho Regional de Medicina (CRM), acompanhou a degradação que ocorreu no setor nos últimos anos e sabe como o órgão foi recebido por esta administração.
A Susam esclarece que nos cinco meses desta administração avanços importantes já foram obtidos. Entre os exemplos, estão a entrega de uma enfermaria com 49 leitos no Hospital da Fundação Adriano Jorge, para dar retaguarda e amenizar a superlotação nos prontos-socorros. Todos os prontos-socorros infantis estão passando por reformas. Nos prontos-socorros da criança da Zona Sul e da Zona Oeste, as UTIs foram reformadas. O PSC da Zona Leste recebeu reforma no Centro Cirúrgico. No Platão Araújo, a UTI infantil aumentou o número de leitos.
Na capital, além da sede da Susam, 13 unidades de saúde estão passando por reformas e intervenções e outras estão planejadas para receber obras no próximo trimestre, incluindo todos os 12 Centros de Atenção Integra à Criança (CAICs).
A Central de Medicamentos (Cema), que foi recebida com apenas 25% do estoque, está recompondo o abastecimento na rede, com a realização de licitações para compra dos produtos. O Programa de Transplante, que foi encontrado parado, está sendo retomado. Na Fundação Hospital Adriano Jorge, o ambulatório de pós- transplante já voltou a operar e o de pré-transplante deve entrar em funcionamento até junho. Além disso, a secretaria prepara uma concorrência nacional, para a contratação do serviço de transplante de rim e fígado. Também está em processo, a licitação para ampliar a oferta de hemodiálise na rede estadual.
A secretaria também informa que está trabalhando para a legalização de todos os serviços que são prestados para o Estado, e que foram encontrados sem cobertura, bem como a revisão dos contratos firmados com as empresas médicas, de enfermagem e técnicos”.