Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – O pedido de criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) em 2015 para investigar denúncias de irregularidades em contratos da Seinfra (Secretaria de Estado da Infraestrutura) teve adesão de apenas cinco deputados. Com maioria na Casa, o então governador José Melo conseguiu barrar a comissão.
Na época, a CPI foi solicitada pela deputada Alessandra Campêlo (PMDB) após denúncias do ex-secretário de Infraestrutura Gilberto Alves de Deus sobre irregularidades na secretaria como pagamento de obras não realizadas e contratação de empresas para serviços desnecessários. “Na época, a ALE poderia ter evitado o sucateamento da pasta se deputados tivessem assinado a instauração da investigação”, disse Alessandra Campêlo.
Alessandra disse que a Operação Concreto Armado, do MP-AM (Ministério Público Estadual), que prendeu a ex-secretária da Seinfra, Waldívia Alencar, talvez pudesse ter acontecido antes se a ALE tivesse cumprido o papel de fiscalizar o Poder Executivo. “Junto com outros deputados apresentamos um pedido de CPI, mas só conseguimos cinco assinatura. Além da minha, dos colegas José Ricardo (PT), Luiz Castro (Rede), Vicente Lopes (PV) e Wanderley Dallas (Solidariedade)”, disse a parlamentar.
Fiscalização
Campêlo, que fazia oposição a Melo, disse que apresentou representação ao MPF (Ministério Público Federal) na qual questionava contratos celebrados em 2014, no valor de R$ 133 milhões, para fiscalização de obras. “Esse contrato, num valor que afronta a inteligência das pessoas, de R$ 133 milhões, para se fiscalizar obras em todo o Estado, foi feito sem critério algum. Por exemplo, era o mesmo valor para um município que tinha obra e outro que não tinha obra. Essas empresas nunca comprovaram que essas fiscalizações foram feitas porque os relatórios de fiscalização das obras da Seinfra só são aceitos quando são assinados por fiscais da própria secretaria”, afirmou a deputada.
A ação, segundo a parlamentar, está nas mãos da procuradora Andrea Costa de Brito. O contrato para fiscalizar obras também está em análise no TCE (Tribunal de Contas do Estado).
Viagens e redes sociais
Waldívia Alencar, que ficou no cargo entre 2009 e 2015, compartilhou diversos registros de viagens nas redes sociais após sair da pasta. “Foi um período de grandes desafios e grandes conquistas. Descobri coisas novas, trabalhei muito, estudei muito e aprendi muito, muito mais. Conheci e convivi com vários talentos e grandes profissionais nas mais diversas áreas. Peço a Deus que proteja todos eles e a mim também. Finalizo expressando o meu amor pela engenharia, afinal de contas, sou engenheira de formação; o meu amor pela minha cidade de Manaus e o meu estado e o amor e o desejo de ajudar o meu povo do Estado do Amazonas”, compartilhou em seu perfil do Instagram.
Ela utilizava o perfil para registrar seu dia a dia no trabalho, com várias fotos em obras e comentários sobre o andamento das operações. Após sair da pasta, ela passou a compartilhar várias fotos em viagens e com legendas de auto ajuda, como “mortais não são simplesmente movidos a dinheiro, promoções, comida, sexo, compras e contas a pagar. Mortais são movidos a felicidade”.
Após a prisão, usuários descobriram o perfil – que parou de ser atualizado em janeiro de 2016 – e começaram a acusá-la de ter utilizado o dinheiro público para bancar a viagem, que passou por alguns Estados na região Nordeste. Postagens em que ela diz que “dinheiro não traz felicidades, mas dá uma sensação tão parecida que é necessário um especialista para ver a diferença”, por exemplo, se tornaram alvo da fúria de internautas.
(Com informações do Estadão Conteúdo)