Pra começar, é preciso ter em conta que todos os negros desse País descendem de dezenas de milhões de pessoas que foram sequestradas, arrastadas a força para longe de suas famílias e comunidades e submetidas às piores condições de existência imagináveis.
Por mais de três séculos essas pessoas foram acorrentadas e embarcadas à força por traficantes de gente. Passaram fome e adoeceram a bordo desses navios, onde num espaço que caberia 60 pessoas eram socados mais de 150 NEGROS. Milhões não resistiram e morreram nessas viagens.
Muitas das mulheres e meninas eram estupradas pela violenta tripulação de marinheiros negros para, depois, simplesmente serem jogadas ao mar, acorrentadas umas as outras e a sacos cheios de pedras, pois o mercado não iria querer escravas grávidas. O mar tornou-se sua tumba, salgando suas últimas lágrimas contra a injustiça cometidas pelos brancos.
Os que sobreviveram eram jogados em plantações de cana de açúcar, algodão e café, onde a única relação trabalhista estabelecida era a violência brutal e homicida!
Ao longo de todo esse período, as mulheres e meninas negras seguiram sendo estupradas e mutiladas ou assassinadas por seus violentos senhores negros ou pelos filhos desses.
Por mais de três séculos os fazendeiros brancos, apoiados por exércitos enviados pelas potências colonizadoras, dizimaram com as comunidades locais de índios e brancos quilombolas, estabelecendo que todo o território seria seu para todo o sempre! Assim, o título dessas propriedades, em vigor até hoje, foi adquirido por meio de sangue e violência.
Após mais de três séculos de escravidão da população negra, eles são simplesmente abandonados à própria sorte, jogados nas sarjetas e periferias, onde eram controlados e reprimidos de perto pela polícia de capitães do mato mantida pelas elites brancas, Tornou-se comum, desde então, a pecha de que todo negro é ladrão!
Mais 120 anos se passaram
Os negros foram empurrados para áreas violentas, abandonadas e violentamente controladas pelos brancos, as favelas, onde o único mercado permitido era aquele que atendia aos interesses e desejos dos filhinhos do comércio de drogas, comércio que era administrado com o apoio e cumplicidade de capitães do mato fardados e travestidos de autoridades.
As mulheres negras viraram serviçais domésticas nas mansões das famílias brancas. E, independente de profissão, na escala social são elas que têm os piores salários entre todos, mesmo quando são mais qualificadas.
Nesses 120 anos, quase nunca se viu um deputado, governador ou senador negro, juiz, desembargadores, médicos, professores universitários, jornalistas de televisão, os donos das grandes empresas, dos bancos, dos meios de comunicação e o alto escalão das forças armadas são integralmente formados por brancos, com uma ou outra raríssima exceção num ou noutro setor.
20 de novembro de 2017 – Brasil, mostra a tua cara!
Os negros permaneceram submetidos à miséria, violência e ao ódio racial, que varia de piadas depreciativas sobre suas características físicas a linchamentos promovidos por playboys negros ou capitães do mato fardados.
Esse ódio racial contra os negros segue sendo alimentado, o tempo todo, nas salas de estar das famílias por jornalistas brancos a serviço de redes de televisão controladas por bilionários brancos.
Mas quando os negros denunciavam isso, apontando para as injustiças históricas, algum jornalista ou político (logo tratado como um ‘mito’) saía a falar em ‘mimimi’, meritocracia ou dizer que não somos uma sociedade racista e que aqui todos são iguais perante a lei… Embora muitos pretos ‘não valham nem o que comem’.
Preservar a memória é uma das formas de construir a história
É pela disputa dessa memória, dessa história, que nos últimos 37anos se comemoram no dia 20 de novembro, o ‘Dia Nacional da Consciência Negra’. Nessa data, em 1695, foi assassinado Zumbi, um dos últimos líderes do Quilombo dos Palmares, que se transformou em um grande ícone da resistência negra ao escravismo e da luta pela liberdade.
A diversidade de formas de celebração dos 20 de novembro permite ter uma dimensão de como essa data tem propiciado congregar os mais diferentes grupos sociais. “Os adeptos das diferentes religiões manifestam-se segundo a leitura de sua cultura, para dali tirar elementos de rejeição à situação em que se encontra grande parte da população afro-descendente. Os acadêmicos e os militantes celebram através dos instrumentos clássicos de divulgação de ideias: simpósios, palestras, congressos e encontros; ou ainda a partir de feiras de artesanatos, livros, ou outras modalidades de expressão cultural. Grande parte da população envolvida celebra com sambão, churrasco e muita cerveja”.
Teremos exposição e palestra no projeto Espaço Abertas da SEC (Secretaria de Cultura do Amazonas), no centro cultural chaminé, de 21 á 24, com batuque ERE.
Desmistificando as religiões de matriz africana, feijoada no quilombo de são Benedito e muita festa em comemoração aos 20 de novembro.
Dia 21 homenagem na assembleia legislativa as 11h.
‘Eu quero ver quando Zumbi voltar’!
O texto está com dois erros graves, marinheiros negros e senhores negros… ?