Já estamos em 2018. Mas o ano de 2017 precisa ser lembrado pelo sofrimento da população devido os péssimos governantes que têm em Manaus e no Estado.
A Prefeitura de Manaus recebeu R$ 109 milhões extras do Fundeb, mas não pagou abono e nem reajuste salarial. A secretária de educação chamou os professores de criminosos, porque estavam cobrando seus direitos. A maioria dos professores não recebeu as promoções por tempo de serviço e titularidade. Eles cobraram em 2017: cadê o Fundeb?
O nepotismo foi implantado na Prefeitura. Arthur Neto, (PSDB) (conhecido como Kimono, na lista de propinas da Odebrecht naLava Jato) nomeou o filho Arthur Bisneto para uma secretaria e a mulher para outro cargo. Já denunciei o nepotismo. O Bisneto foi o deputado federal que mais faltou na Câmara dos Deputados.
O prefeito Arthur foi avaliado como o 4o pior prefeito de capital, por não cumprir as promessas de campanha. O povo pergunta: cadê a Cidade Inteligente? Nada foi feito nos sistema de mobilidade urbana, de transporte, trânsito, sistema viário. Aliás, só aumentou a tarifa de transporte e não cobrou e fiscalizou as empresas para colocarem ônibus novos. E aumentou os gastos com publicidade.
No Estado, a situação é gritante. O ex-governador José Melo foi cassado em definitivo por corrupção eleitoral, compra de votos. E afastado. Nova eleição foi marcada pelo TSE.
Assumiu o presidente da ALE, deputado David Almeida, para mandato tampão, mas aproveitou para colocar empresas de amigos e usar a máquina pública para apoiar Rebeca Garcia, candidata a governadora.
Foi eleito Amazonino Mendes, prometendo arrumar a casa. Passados quase 04 meses, o rombo de R$ 1,2 bilhão na saúde não foi apurado e nenhum contrato fraudulento das gestões anteriores foi rompido. Só a empresa do sistema penitenciário tem R$ 200 milhões no orçamento.
É a prática do grupo político que está há 34 anos no poder (Gilberto, Amazonino, Braga, Omar, Melo, David e novamente Amazonino). Não há transparência e nem consulta à população.
O exemplo foi a votação do orçamento, onde as emendas de minha autoria, oriundas de audiências públicas com diversos segmentos da sociedade, como os R$ 50 milhões destinados ao pagamento da data base dos professores, foi rejeitada pelos deputados governistas, por ordem do governador.
Em março de 2018, são 04 anos sem a data base dos professores. As demais categorias cobrarão as defasagens salariais. Além de concurso na saúde, educação, segurança e administrativos para todas áreas.
A saúde do Estado está um caos. E a principal causa é a terceirização, com os esquemas criminosos, o desvio do dinheiro público. E isso está sendo mostrado na Operação Maus Caminhos, onde a Polícia Federal, a CGU e o Ministério Público Federal constataram o desvio de recursos federais do Fundo Nacional da Saúde pelo Instituto Novos Caminhos (INC), onde foi preso o empresário Mouhamad Moustafa e outros envolvidos.
No final de 2017, foram também presos o ex governador José Melo (PROS) e sua esposa Edilene Gomes, os ex secretários Wilson Alecrim (Saúde), Pedro Elias (Saúde), Evandro Melo (Sead, irmão do José Melo), Afonso Lobo (Sefaz) e Raul Zaidan (Casa Civil), na Operação Custo Político e na Operação Estado de Emergência.
O governador e secretários estariam recebendo propinas do empresário para manter os contratos. Com isso, o governador teria conseguido o seu patrimônio (mansão e sítio) e teria secretário recebendo R$ 133 mil por mês de propinas.
Segundo a CGU, entre 2014 e 2015, dos R$ 900 milhões recebidos pelo Estado para a saúde, R$ 250 milhões foram repassados para a INC e R$ 112 milhões foram desviados pelo empresário. Por isso, falta recursos nos hospitais.
A CGU constatou também que no período de 2014 a 2016, R$ 88 milhões do Fundeb também foram desviados e repassados para a INC. Por isso, faltam recursos para os professores.
O procurador federal Alexandre Jabour disse que o contrato com a INC, fechado em 2013 para 2014, foi fraudulento. O Melo era vice governador do Omar Aziz que aprovou o contrato.
No final de 2017, o STF autorizou a Polícia Federal a investigar o ex governador e atual senador Omar Aziz (PSD), referente aos contratos na Seduc e referente às obras denunciadas pelo ex secretário de Infraestrutura do Estado, Gilberto de Deus, destacando-se a venda ilegal de terras, pagamento de obras inacabadas, fraudes em contratos de obras, exigência de vantagens indevidas por conselheiro titular de contas.
Espero que as investigações andem. Todo esse desvio de recursos na saúde, educação e obras acontecendo e sem fiscalização e ações do Tribunal de Contas, Ministério Público Estadual, Controladoria do Estado, e Conselho Estadual de saúde e de educação para coibir. Seria omissão?
Esperamos que 2018 saia na ALE a CPI da Saúde e a CPI das Obras. E que a Operação Lava Jato alcance os políticos do AM na lista de propinas das empreiteiras corruptas investigadas.
2018 é o ano das eleições. É o momento da renovação, da esperança, do voto, do poder do povo.
José Ricardo Wendling é formado em Economia e em Direito. Pós-graduado em Gerência Financeira Empresarial e em Metodologia de Ensino Superior. Atuou como consultor econômico e professor universitário. Foi vereador de Manaus (2005 a 2010), deputado estadual (2011 a 2018) e deputado federal (2019 a 2022). Atualmente está concluindo mestrado em Estado, Governo e Políticas Públicas, pela escola Latina-Americana de Ciências Sociais.
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