SÃO PAULO – O varejo pegou carona no calendário de saques das contas inativas do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e tem oferecido vantagens fora de época para tentar fisgar o consumidor. O principal atrativo é a volta da ‘parcelinha’, com o alongamento dos prazos de pagamento. Mas, para não fazer um mau negócio, educadores financeiros ressaltam que os trabalhadores não devem embarcar na euforia do FGTS a qualquer custo, para não comprometer planejamentos futuros.
As condições de pagamento variam de acordo com cada lojista. Em alguns casos, as prestações chegam a 20 vezes sem juros no cartão da loja. Até o mês de julho, quando ocorre a liberação do último lote das contas inativas, o Walmart oferece aos consumidores a possibilidade de parcelar em até 15 vezes as suas compras de produtos da linha branca, eletrodomésticos e telefonia. Nos demais meses do ano, o prazo máximo será de 10 meses.
Para Nicola Tingas, consultor econômico da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), a receita extra do FGTS é boa tanto para o consumidor – que ganha poder de barganha para tentar descontos maiores -, quanto para o lojista, que vê o risco de inadimplência cair.
As prestações a longo prazo, no entanto, podem esconder um risco para os consumidores, já que os juros sempre estarão embutidos nas parcelas, alerta a planejadora financeira da Planejar, Diana Benfatti. Mesmo que a loja anuncie que pagamentos a prazo são isentos de taxas, “o valor do dinheiro no tempo sempre tá dentro do preço”. “O que existe é a falta de desconto. Se conseguir desconto maior que os juros que estaria pagando, vale a pena pagar à vista”, explica.
A queda de 7% nas vendas nos últimos doze meses, segundo o IBGE, aliada a um cenário ainda incerto, faz com que os empresários do setor varejista não se sintam confortáveis para oferecer juros menores nas compras parceladas, avalia o diretor econômico da Associação Nacional dos Executivos de Finanças Miguel Oliveira. Para ele, as promoções anunciadas também são uma estratégia para liquidar os altos estoques.
O Procon alerta que os consumidores não devem fornecer seus dados pessoais para consultores dentro de lojas. Além disso, se o cliente receber alguma promoção com condições vantajosas e a oferta não for cumprida, ele deve reclamar. “A empresa pode ser acusada de realizar propaganda enganosa”, afirma Marta Aur, assessora técnica da diretoria de atendimento do Procon.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)