BRASÍLIA – Começou na tarde desta terça-feira, 25, a acareação entre o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef na CPI da Petrobras. Os delatores da Operação Lava Jato estão sentados de frente um para o outro. No início da sessão, o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB) leu o comunicado informando sobre o habeas corpus concedido pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF), em favor de Youssef.
Na liminar, o ministro garante o direito ao silêncio do doleiro, autoriza seu advogado de intervir pessoalmente na acareação e libera Youssef de assinar o termo de compromisso de dizer a verdade aos parlamentares. Assim, só Costa assinou o termo se comprometendo a falar aos deputados.
Pela primeira vez em algumas semanas, a sessão desta tarde está cheia. Um dos primeiros a chegar foi o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ), acusado por Youssef de ser “pau mandado” do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Pansera foi um dos deputados que protestou na sessão desta tarde contra o silêncio de Youssef, alegando que se ele assinou o acordo de delação premiada, seria obrigado a depor.
Atualizado às 15h38 (horário de Brasília):
Youssef quebra silêncio em CPI e diz que não conhece Palocci
Na primeira pergunta do relator Luiz Sérgio (PT-RJ), o doleiro Alberto Youssef avisou que exercerá o direito de permanecer em silêncio na acareação com o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. O delator foi questionado sobre quais parlamentares o estariam intimidando. “Vou me reservar ao silêncio por conta do salvo conduto me dado pelo Supremo Tribunal Federal”, respondeu Youssef.
O deputado Carlos Marum (PMDB-MS) se revoltou e acusou o Judiciário de “afrontar prerrogativas da CPI”. Para o parlamentar, o habeas corpus concedido pelo STF colabora para transformar a CPI em “saco de pancadas”. “Estão protegendo quem não deveriam proteger”, declarou.
Youssef, que evita olhar diretamente para os parlamentares, só se dirige ao relator. O doleiro quebrou o silêncio para dizer que não conhece o ex-ministro Antonio Palocci, seu assessor e seu irmão. “Vou me reservar ao silêncio porque existe uma investigação nesse assunto do Palocci e logo vai ser revelado”. Apesar de reconhecer que cuidava da contabilidade do esquema, Youssef negou que tenha “arrebanhado recursos” para a campanha presidencial do PT em 2010, o que foi rebatido por Costa. “O repasse houve”, disse Costa.
Já o ex-diretor Paulo Roberto Costa lembrou que é a quinta vez que vem ao Parlamento e que ao total prestou 126 depoimentos, todos de domínio público. Costa ressaltou que está passando por graves problemas de saúde. “Estou muito desgastado emocionalmente, mas estou aqui para esclarecer algumas dúvidas”, afirmou. Ele, no entanto, avisou que não tem novidades para contar.
Atualizado às 18h02 (horário de Brasília):
Youssef: requerimentos apresentados na Câmara preocupavam Camargo
O doleiro Alberto Youssef disse em depoimento à CPI da Petrobras nesta terça, 25, que o delator Júlio Camargo estava apreensivo com a pressão para que a Samsung Heavy Industries e a Mitsui pagasse propina ao núcleo peemedebista no esquema de corrupção na Petrobras. Youssef disse que Camargo estava preocupado com requerimentos contra ele e as empresas apresentadas na Câmara dos Deputados em nome do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Segundo Youssef, foram repassados ao grupo US$ 2,3 milhões em conta no exterior operada por Leonardo Meirelles, mais R$ 4 milhões que ele próprio pagou e outros R$ 6 milhões pagos por Camargo a Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Nas palavras de Youssef, Camargo queria “resolver a questão” e pediu sua ajuda para procurar Baiano e assim garantir os pagamentos. “Quem tinha pedido requerimentos era Eduardo Cunha porque ele tinha valores a receber sobre esses assuntos e a Samsung tinha deixado de pagar”, contou.
Durante a acareação, coube ao ex-diretor Paulo Roberto Costa detalhar o pagamento de propina para políticos. Costa disse que houve repasses à ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB-MA), ao senador Edison Lobão (PMDB-MA) e ao ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). “Na minha lembrança foi Alberto Youssef (quem pagou). A governadora confirmou que recebeu os valores”, declarou Costa. Youssef negou repasse a Roseana.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)