Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – Com sedação e aplicação de uma droga antiviral, o adolescente Mateus da Silva, de 14 anos, natural de Barcelos (a 405 quilômetros de Manaus), sobreviveu à raiva humana. Ele é o segundo caso bem sucedido no Brasil e o quarto no mundo, segundo os médicos da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), na capital, onde o adolescente foi tratado. O método de tratamento é experimental.
O mesmo tratamento foi feito com a irmã de Mateus, mas devido ao estágio avançado da doença ela não sobreviveu. Conforme o médico infectologista Antônio Margela, o adolescente já recebeu alta da UTI da MT e será mantido internado no Hospital e Pronto-Socorro Joãozinho, na zona leste. Magela disse que não há prazo para liberar o paciente.
Magela disse que o entendimento dos médicos que acompanham Mateus é que a transmissão da doença ocorreu em única residência. Segundo ele, é possível que a população de morcegos, transmissor da endemia, estava próximo à casa da família do garoto e ele contraiu a raiva de um único animal infectado. “Apenas 1% da população de morcegos é infectada. É importante destacar que o morcego sempre ataca a mesma vítima”, disse o médico.
Antônio Margela explicou que ataque de morcegos é constante nas comunidades e cidade do interior do Amazonas, mas casos de raiva humana não são frequentes. “É importante dizer que, para haver a transmissão da raiva, o morcego tem que estar infectado”, disse.
O médico infectologista relatou que uma morte registrada na Bahia aconteceu por transmissão de uma mordida de um gato doméstico. “Ao analisar o caso, foi constatado que o vírus do gato foi transmitido por um morcego”, revelou.
A médica Dayse Souza, do hospital Joãozinho, disse que após analisar o caso clínico do adolescente houve a decisão de ir retirando os sedativos aos poucos para observar a evolução da recuperação de Mateus. “No dia 29 de dezembro tiramos os sedativos aos poucos e pudemos observar uma excelente evolução. Hoje, o paciente já come, respira sem aparelhos e reage ao contato com a família”, disse a médica.
O pai de Mateus, o agricultor Levi da Silva, disse que as mordidas de morcegos são comuns no município. “Eu mesmo já peguei mais de 10 mordidas este ano. Lá é natural o ataque de morcegos, mas este ano houve uma elevação na quantidade de morcegos e, também, dos ataques”.
Levi disse era grande a expectativa de ver o filho recuperado. Ele lembrou que passou por momentos difíceis com a perda da filha, mas a família vem se recuperando com a melhora na saúde do filho.
sabemos que a raiva é letal, mais esse rapaz sobreviveu com sequelas, gostaria que este caso fosse mais pesquisado profundamente, pois, queremos saber se ele foi totalmente restaurado. pra ciência é considerado cura? mesmo deixando sequelas?