Da Redação
MANAUS – Os meios disponíveis para o controle dos presídios em Manaus, como a terceirização de serviços de administração e o Comitê de Gerenciamento da Crise no Sistema Penitenciário, se mostraram insuficientes para evitar rebeliões, fugas e carnificina de presos, reconheceu o secretário de Estado de Segurança Pública, Sérgio Fontes. Conforme Fontes, a Polícia Militar está “cansada” e não consegue dar conta do controle de presos nas cadeias. “Em um primeiro momento, tínhamos total controle com os nossos meios. Mas esses meios têm se mostrado insuficientes porque a crise permanece e a tropa, especialmente da Polícia Militar que sempre é chamada para esses eventos, está cansada. Então nós precisamos agora de um efetivo apenas para cuidar do sistema prisional, porque a Força Nacional tem essa característica”, disse.
Fontes revelou que desde o ano passado o governo estava monitorando as ameaças de fugas e rebeliões nos presídios de Manaus, mas não esclareceu porque nada foi feito para evitar a carnificina no Compaj e a fuga de 200 detentos. “O governo tem se preocupado com essa questão desde outubro, com a possibilidade de haver convulsões por conta dos presos da operação La Muralha. Essa atividade colegiada nossa é antiga. Mas agora, com a crise, essa atividade teve que subir níveis. Não pode mais ser no nível operacional, tem que ser no nível de gestão. Presidentes dos tribunais, procurador geral de justiça, pessoas que respondam por suas instituições. É isso que o governador tem procurado fazer e é isso que fez agora”, disse Fontes, sobre a intenção do governo de dividir responsabilidades.
Ainda atônito com o massacre de 64 presos em três presídios de Manaus, 56 apenas no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), na noite do dia 1º e madrugada do dia 2 deste mês, o governo do Estado tenta entender o que está acontecendo. A transferência de presos do Compaj para a Cadeia Pública Raimundo Vidal Pessoa, no Centro de Manaus, resultou em um problema a mais e não em solução. Desativada em outubro, foi reativada às pressas. A cadeia não tem mais celas, destruídas, e os presos foram abrigados na capela. Amontoados, fizeram nova rebelião na madrugada de domingo, 8. Quatro foram assassinados.
Nesta segunda-feira, o governador José Melo (PROS), reuniu secretários para tentar definir medidas que evitem novos massacres. Nada foi decidido no encontro do qual participaram Sérgio Fontes, o secretário de Administração Penitenciária, Pedro Florêncio; a procuradora-geral do Estado, Heloysa Simonetti, e o chefe da Casa Civil, José Alves Pacífico.
“Cuidamos de melhorar a segurança interna, a PM ajudou no reforço das muralhas, está presente em todas as unidades prisionais, isso já inibe uma ação. Também foi colocada uma barreira na entrada dos ramais, só está entrando funcionários e advogados. Retiramos de todas as unidades prisionais os internos que não tinham convivência, que eram ameaçados e que se diziam integrantes de outra organização criminosa”, disse Pedro Florêncio, sobre as providencias paliativas adotadas pelo governo.
Também participaram da reunião o presidente do Tribunal de Justiça do Estado, desembargador Flávio Pascarelli; procuradores do Ministério Público Federal, delegados da Polícia Federal e representantes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). O deputado estadual Abdala Fraxe representou a LE (Assembleia Legislativa do Estado).
Cansados estamos nós desse governo.