Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – A mobilização grevista pela manutenção de lei sobre promoções na Polícia Militar do Amazonas serviu de balão de ensaio para teste de popularidade política de seus líderes. Cabos e soldados testaram força de mobilização da categoria para lançar candidaturas nas eleições de outubro deste ano. A política partidária na PM parece ter fincado o pé. Em 2014 o ex-governador José Melo, segundo o MPF (Ministério Público Federal), aparelhou a corporação para conseguir a reeleição com os votos dos policiais. A Câmara Municipal de Manaus tem dois ex-policiais e a Assembleia Legislativa do Amazonas, também. Os vereadores são: Coronel Gilvandro Mota (PTC) e Sargento Bentes Papinha (PR).
Ao anunciar a reivindicação da categoria, nessa quinta-feira, 15, o presidente da Apeam (Associação dos Praças do Estado do Amazonas), Gerson Feitosa, confirmou o interesse em participar do pleito desde ano. Em 2016, Gerson concorreu a uma vaga na CMM (Câmara Municipal de Manaus) na qual saiu derrotado. Desta vez, o presidente do Apeam pretende concorrer a uma vaga na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas).
Em entrevista coletiva na terça-feira, 13, o presidente da Apeam deixou claro que a corporação (PMs e Bombeiros) tem todo direito político de disputar eleição. Ele rebateu o governador Amazonino Mendes, que considerou um erro a Constituição de 1988 em garantir direitos políticos aos militares.
“Nós vivemos em uma democracia. Será que o policial que vota e ajuda a eleger governos todos os anos não tem direito a ter um representante? Qual a lógica que o governador carrega nesse cenário”, indagou o sindicalista.
Ao ser questionado sobre a atuação política das lideranças militares apenas no período eleitoral, Gerson Feitosa disse que essa “é uma falsa impressão” e que o mobilização por direitos trabalhistas ocorre todos os anos, desde 2014. “Fizemos diversas manifestações, tudo buscando o direito da categoria. Chegamos a ir contra a própria categoria quando decidimos não parar no episódio da crise nos presídios aqui no Amazonas”, disse Feitosa.
Segundo Gerson Feitosa, a PM tem estratégia polícia muito bem definida e a corporação não tem medo de discutir política. “Nós entendemos que precisamos de representantes políticos sim. E no momento certo, quando o interesse da categoria for atendido, nós vamos se reunir, com direito democrático que temos, e certamente teremos diversos candidatos no meio político”, disse Gerson.
Sobre os dois PMs eleitos para ALE, deputados Platiny Soares (PSL) e Cabo Maciel (PR), Gerson Feitosa afirmou que os dois não representam os PMs e a categoria busca novos nomes para o parlamento estadual.
(Colaborou Patrick Motta)