Por Henderson Martins, da Redação
MANAUS – A Susam (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas) encerrará no próximo dia 27 deste mês o contrato com o IMED (Instituto de Medicina, Estudos e Desenvolvimento), empresa responsável pela gerência do Hospital e Pronto-Socorro (HPS) da Zona Norte. A Susam irá assumir a gestão no hospital a partir de maio até a realização de novo processo licitatório. Novo contrato deverá incluir mais serviços, segundo a Susam.
Em nota, o Imed informou que está prestando todo o auxílio à comissão de transição instaurada pela Susam. Os trabalhos têm prazo de 30 dias. Conforme o instituto, a gestão foi baseada em metas aferidas por indicadores. O Instituto afirma que os índices de satisfação, em média, estão acima de 95%.
“No primeiro trimestre deste ano, realizou 38 mil atendimentos nas especialidades de clínica médica, pediatria e cirurgia geral, 12,5% acima da meta. No apoio ao diagnóstico de alta complexidade, a unidade atendeu pacientes de Manaus e do interior realizando mais de 32 mil exames de janeiro a março, procedimentos como tomografia, endoscopia digestiva e ressonância. O total de exames realizados está 16% acima da meta”, diz o instituto, na nota.
Denúncias
Em setembro do ano passado, o líder do governador Amazonino Mendes na ALE (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), Dermilson Chagas (PP), denunciou um possível superfaturamento em contrato para cirurgias na unidade hospitalar. O valor era de R$ 8,4 milhões, sem licitação, para realizar 780 cirurgias. O pagamento foi um contrato criado na gestão do governador interino, David Almeida (PSB), com intuito de diminuir as filas nos hospitais por cirurgias.
Nas denúncias, Dermilson Chagas, disse que a empresa não tinha prerrogativas para fazer as cirurgias. Segundo o parlamentar, o Imed havia contratado outra empresa de saúde, o Iceam (Instituto de Cirurgiões do Amazonas), para realizar as operações por um valor sete vezes menor do que foi contratado pela Susam. A denúncia não foi comprovada.
David Almeida rebateu a acusação. “É uma denúncia maldosa, infundada e criminosa. Estou me colocando à disposição do Ministério Público e da Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, para esclarecer os procedimentos adotados pelo Plano Emergencial da Saúde e colaborar com toda a apuração da denúncia”, disse Almeida, em visita ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas), na quinta-feira, 19, para se colocar à disposição dos órgãos de controle.
O deputado disse que quando assumiu interinamente o governo havia mais de 7 mil procedimentos cirúrgicos que estavam pendentes, com casos de mais de cinco anos na fila de espera do sistema Sisreg. David explicou que, na época, o governo fez cotação com Unisol, FGV, Fiocruz, UEA, Prontocor, Hospital Santa Júlia e Hospital Adventista, e o Imed, que já trabalhava no Hospital Delphina Aziz, apresentou a menor proposta, de R$ 8,4 milhões, para 2.340 cirurgias, sendo 780 cirurgias por mês.
Segundo David, nos altos do processo da concorrência para o Plano Emergencial, ou empresa, que fez a denúncia, apresentou uma proposta de R$ 11,8 milhões, quase 40% maior. “O valor de R$ 8,4 milhões contratados não foi apenas para 780 cirurgias. Eles fizeram isso para tumultuar. A contratação, inclusive não se limitou apenas para realização de cirurgias, mas também para funcionamento de dez leitos de UTI, dois andares de internação com 112 leitos, além de exames pré-operatórios”, afirmou.
Mesmo antes da nova licitação, a gestão do hospital desperta interesse. A unidade de saúde foi inspecionada pelo médico Deusdedith Vaz, superintendente executivo da Secretária de Estado da Saúde de Goiás. Ele esteve em Manaus na semana passada para conhecer a infraestrutura hospitalar.