MANAUS – Fonte de polêmica, as chamadas “celas de luxo” do Complexo Penitenciário Anísio Jobim agora ficam trancadas com parafusos e porcas, que só podem ser abertas com o uso de “chaves de boca”. Foi o que a reportagem ao AMAZONAS ATUAL constatou na última quarta-feira, 23, ao acompanhar o juiz Luís Carlos Valois numa visita surpresa ao presídio. São oito celas, que, segundo os funcionários da empresa Umanizzare, responsável pela gestão do Compaj, só são usadas nos dias de visitas íntimas.
O juiz fez questão de levar a equipe para conhecer o local, que ele considera normal, mesmo com as cerâmicas no piso e nas paredes, como foi “denunciado” no mês de julho, durante uma revista feita pela (SSP) Secretaria de Segurança Pública. “Não existe cela de luxo e nunca existiu”, disse o juiz.
Ao chegar ao portão de entrada, Valois e a equipe de reportagem tiveram que esperar por cerca de 10 minutos até a chegada de um funcionário com as chaves para a retirada dos parafusos.
“Se quiser pode procurar. Eu nunca vi. De quem seriam essas celas luxuosas? Essas celas eram as de visita íntima, não é de ninguém é de todo mundo”, disse Valois. O juiz também afirmou que não deu autorização para qualquer preso ficar em cela especial. “De quem seria a autorização disso? Cadê a autorização? Eu não tenho nada a ver com autorização. E essa história de cela especial que eu teria autorizado, eu ainda não descobri quem foi que criou, por que eu não estava em Manaus na época, mas foi alguma pessoa pra me prejudicar, não sei por que, quem pode ser, por que surgiu isso, mas com certeza que foi algo pra me prejudicar, foi.
Quem disse que o juiz havia autorizado o uso de celas especiais foi o agora ex-secretário da Seap (Secretaria de Administração Penitenciária) Louismar Bonates, que deixou o cargo nesta segunda-feira, 28. Em julho, quando as celas foram descobertas, o então secretário concedeu entrevista em que explicou o seguinte: “É ordem do juiz da Vara de Execução Penal e eu não vou discutir ordem judicial. Ordem judicial se cumpre. O juiz entendeu que é necessário aquele conforto, e até vir ordem em contrário, aquilo ali vai permanecer porque é uma decisão judicial”, disse Bonates.
Depois da denúncia, as celas foram pintadas com tinta branca sobre a cerâmica tanto do piso quanto das paredes. Algumas celas têm apenas um colchão, sobre a cama de concreto; em outras, apenas a cama, sem colchão. Nas portas de algumas celas, os presos identificam o local como “motel”. Em uma das alas eles afixaram um papel com “Motel do PV 2”. PV significa pavilhão.
Confira as imagens das celas feitas na quarta-feira:
Como era cela que foi considerada de luxo: