MANAUS – O caso do funcionário público Renan Agra Pereira, que golpeou de terçado dois cães da raça pit bull não está encerrado, como foi anunciado por blogs e sites de notícias nesta terça-feira em Manaus. A afirmação é do delgado Eduardo Paixão, plantonista do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foi registrada a ocorrência, no último sábado, 20. Paixão disse que está iniciando os procedimentos de investigação. “A polícia não concluiu por excesso, não concluiu por legítima defesa e todas as matérias postadas nos portais e blogs na segunda-feira e ontem (terça-feira) são todas inverídicas e, provavelmente, perigosas, porque induzem as pessoas a acreditar que a Polícia Civil está a favor da impunidade”.
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Segundo o delegado, no decorrer desta semana ele vai ouvir testemunhas e aguardar o laudo de peritos, que só fica pronto em 20 dias. O cão vira-lata do agressor também será periciado. “Seria aberração e irresponsabilidade minha querer, hoje, te dar uma informação sobre quem tem razão ou não no caso. Me parece caso de excesso pela brutalidade e o exagero nas mutilações dos animais, mas só os peritos vão dar um laudo conclusivo referente ao assunto”.
O caso ocorreu no domingo 14 de setembro, mas só foi registrado na delegacia no dia 20, sábado, um dia depois de ganhar grande repercussão na mídia. Encorajada por pessoas ligadas a organizações de proteção aos animais, a dona do cão resolveu levar o caso à polícia para que fosse tomada alguma providência criminal.
O delegado explicou porque o caso foi parar em uma delegacia longe da jurisdição do local dos fatos. “A Delegacia do Meio Ambiente (Dema) não funciona nos fins de semana, e o 21º DIP, que é da área onde o fato ocorreu, também só funciona até as 18h em dias úteis. Por isso, as pessoas vieram, em um sábado, dia de plantão, no 1º DIP, e é o plantão que está cuidando do caso”.
Segundo Paixão, depois de concluído o procedimento pelo plantão, o caso será encaminha para a Dema, que é a especializada, e ela se encarrega de mandar para a Vara do Meio Ambiente. “É o juiz do meio ambiente, responsável por crimes contra a fauna quem vai fazer o julgamento e chamar as partes para audiências sobre o caso”.
Na delegacia, policiais que faziam o atendimento de testemunhas do caso mostraram-se indignados com a informação divulgada nesta semana de que o caso estava e que ficaria impune.
O agressor Renan Agra Pereira, de 56 anos, foi intimado a depor nesta quarta-feira, mas até o horário que a reportagem esteve na delegacia não estava definido o horário de depoimento dele.
Estado de saúde dos cães
Pela manhã a proprietária dos cães, Tabyta Karimy Tavares Amazonas, e a mãe dela Yara Tavares, estiveram na delegacia a prestar informações ao delegado Paixão. Ela levou fotos atuais do estado de saúde dos animais, que se recuperam das graves lesões sofridas no ataque.
O cão Marrento perdeu a visão do olho esquerdo e ainda sofre com a agressão, segundo Tabyta. “Ele está com trauma, com medo de tudo. Ainda não se acostumou com apenas um lado da visão”, disse. Marrento também perdeu um pedaço da orelha. Ele levou um golpe de terçado na cabeça e fugiu da casa de Renan Agra. Marrento ficou internado desde o dia 14 até a quinta-feira da semana passada, dia 18, internado em uma clínica veterinária.
A cadela Belinha teve traumatismo craniano, cortes profundos no dorso que atingiram a coluna e corre o risco de ficar paraplégica, segundo Tabyta. A cadela também perdeu um lado do olho e corre o risco de perder a visão também do olho direito. “Os médicos ainda vão avaliar se ela poderá enxergar ou não, porque os dois olhos foram atingidos”.
Tabyta disse que estava viajando quando os cães foram cortados. Ele disse que ambos eram dóceis e não acredita que eles atacaram qualquer pessoa na casa ou o cão vira-latas, como alegou Renan Agra. A dona dos animais também nega que tenha havido qualquer acordo entre Agra e o padrasto dela (que foi buscar a cadela na casa do agressor) para não levar o caso à delegacia. “Ele (Agra) chegou a pedir para a gente não denunciar”.
Ela também repetiu a versão contada pela mãe de que Renan Agra, depois de mutilar os cães, foi à casa dela, com o terçado na mão, pedir para irem buscar o animal. “Ele chegou com o terçado e disse: pode ir buscar o seu cachorro lá em casa que eu matei. E só não mateio o outro porque ele correu”.