Da Redação
MANAUS – Reportagem da revista Carta Capital, publicada neste domingo, revela os esquemas por trás de um negócio que gera pouco emprego, mas garante lucros bilionários às empresas Recofarma (fabricante da Coca-Cola) e a Ambev (fabricantes das cervejas Brahma, Antarctica, Skol e o refrigerante Guaraná Antárctica), instaladas na Zona Franca de Manaus.
O trabalho feito pela Carta Capital joga por terra os argumentos de que o Ministério da Fazenda mudou o enquadramento da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM) para a fabricação de extrato de concentrados de refrigerantes no Polo Industrial de Manaus para prejudicar a indústria local. Ou que houve uma mudança meramente burocrática que, por acaso, atingiu a indústria da Zona Franca de Manaus.
O buraco é mais embaixo. De acordo com a reportagem, o sistema de incentivos fiscais beneficia grandes produtores de refrigerantes em detrimento dos pequenas produtores, e as empresas instaladas na Zona Franca de Manaus cobram créditos tributários por impostos que nunca foram pagos. Nessa brincadeira, as gingantes dos concentrados de refrigerantes embolsam por ano o equivalente a R$ 7 bilhões (na pior das hipóteses), com a isenção de IPI.
Por outro lado, os preços cobrados por essas indústrias beiram o absurdo, principalmente no mercado local. “Notas fiscais obtidas pela equipe do site ‘O joio e o trigo’ mostram que 1 quilo de concentrado da AmBev e da Coca produzido na Zona Franca custa até 450 reais. O preço mais baixo encontrado foi de 169 reais’, diz a Carta Capital.
A revista esclarece que o xarope produzido pela Recofarma em Manaus abastece as engarrafadoras da Coca-Cola no Brasil, Argentina, Colômbia, Paraguai, Venezuela, Uruguai e Bolívia. “Analisados os dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, conclui-se que o quilo do mesmo produto no mercado externo sai por 22 dólares, em torno de 70 reais.”
“Ou seja, na melhor hipótese, o preço praticado no mercado interno é duas vezes maior. Na pior, mais de seis vezes. De acordo com os dados de produção industrial do IBGE, o valor do xarope produzido no Amazonas em 2015 teve média de preço de 138 reais por litro. Em São Paulo, o produto saía a 30,47 reais. Em outros estados, a 61 reais.”, diz a reportagem.
Enquanto o negócio gera lucros bilionários, faltam empregos. “As maiores empresas de concentrados respondem por menos de 1% da mão de obra empregada na Zona Franca de Manaus, mas detém de 12% a 13% do faturamento”, esclarece a Carta Capital.
“Enquanto o número de trabalhadores se multiplicou por dez entre 1988 e 2013, o ganho em dólares aumentou 200 vezes. Segundo levantamento da Superintendência da Zona Franca de Manaus, havia 2,66 mil funcionários no setor químico em 2016, ante 29 mil no de eletroeletrônicos e 13 mil no de duas rodas.”, completa.
A Recofarma, comandada no Amazonas pelo Grupo Simões, que tem à frente o atual presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio Simões, tem 175 funcionários, e a Arosuco (fabricante de concentrados da Ambev), 142 funcionários, de acordo com a publicação.
Jogo político
A reportagem cita, ainda, dois casos de envolvimento de políticos com a indústria de concentrados. Um é do agora senador Tasso Jereissati, dono de uma das maiores engarrafadoras da Coca-Cola no Brasil. O outro, da participação do então ministro do STF Nelson Jobim, no julgamento de um recursos das girantes de concentrados no Supremo Tribunal Federal. No julgamento prevaleceu o voto do ministro em favor das indústrias da Zona Franca de Manaus.
Agora, Nelson Jobim integra o conselho consultivo do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial, mantido pela Coca-Cola e a AmBev. E o filho dele, Alexandre Kruel Jobim, preside desde 2015 a Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e Bebidas Não Alcoólicas (Abir), encabeçada pelas duas gigantes do setor.
Leia a reportagem completa: A Coca-Cola, a Zona Franca de Manaus e o rombo de R$ 7 bilhões
Prezados,
Causa um grande desapontamento considerar que um meio de comunicação que se diz próprio da região amazônica defenda uma matéria produzida com viés notadamente dirigido a disseminar chamas sobre a Zona Franca de Manaus e os seus incentivos fiscais. Não se observa que o escritor da matéria tenha qualquer conhecimento sobre o tema, e, como no mundo das redes sociais, apenas compartilha uma notícia comprada sem avaliar a veracidade de seu conteúdo.
Talvez o escritor não seja Amazonense, seja do Sudeste, como aquele que produziu a vergonhosa matéria usada como plano de fundo.
Uma coisa é certa, veicular notícia sem conhecer os fatos, além de amadorismo, demonstra total alienação, característica imprópria a um comunicador de respeito!
OBS.: Não trabalho para nenhuma empresas citadas, mas conheço o assunto e acima de tudo sou AMAZONENSE e defendo os interesses da minha gente.
Quando a matéria informou “A Recofarma, comandada no Amazonas pelo Grupo Simões” perdeu a minha credibilidade, qualquer um sabe que este grupo é amazonense (Grupo Simões) a Recofarma (que é a the coca-cola company) é americana! Sediada em Atlanta.