Manaus, 7 de agosto de 2015
Coaracy Nunes Filho,
Presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos
Há alguns anos, quando ainda sonhava em ter uma natação subindo e descendo do pódio olímpico, fiz um projeto para “Os Companheiros das Américas” programa do qual faço parte até hoje. O Amazonas é o estado irmão do Tennesse. A Universidade do Amazonas é a nossa sede e a Universidade do Tennessee, em Knoxville, é a nossa irmã. O Coach Ray Bussard era um renomado treinador americano que colocava vários sprinters na seleção americana, como Lee Engstrand, Matt Vogel, David Edgard e muitos outros que o alemão não me permite dizer e estarão, para sempre, em segredo tumular. O projeto era para treinar durante uma temporada completa, com estudos e casas de famílias, atletas como: Cajú, Gil, Jeferson, Ricardo, Brilhante e Trapa, foram os craques selecionados para um passo além dos muros do que melhor existia por aqui:
A melhor universidade da época para atletas estudantes era Universidade Gama Filho. A influência do vice-presidente Jimmy Rooney, que conheci no Rio, e gostou de mim, aprovou o projeto e disse com uma gentileza de dar dor de dente: “Está aprovado! Só tem uma coisa: tudo referente a esporte fica para depois das Olimpíadas. Agora, tudo de esporte é para a nossa equipe. Não sai nada de cooperação para outros”.
Verdade que se impõe até hoje. O nosso craque de peito clássico, Silvio Fiolo, sofreu por causa disso. Eles descobriram que o Fiolo era inimigo. E o Thiago Pereira seguirá e repetirá Fiolo?
Nestes poucos anos em que permaneceste na CBDA só uma frase era ouvida em todo o território nacional: O Coaracy é o que de melhor existe para a natação. Aí, meu querido presidente, inventaram uma tal de Olimpíadas, no Rio de Janeiro.
O Whatsapp da natação daqui de Manaus está no mundo inteiro. Trapa nos States, Ricardo Brilhante na Coréia; J. Seráfico no México; Amadeu no Vietnam; Kako e Ajuricaba no Céu e muita gente espalhada por aí. Eles se encontram diariamente neste ambiente celestial, inventado por um Zeus qualquer, e se falam 11 mil vezes por dia. Durante Kazan, falavam de 18 mil a 20 mil vezes por dia. A revolta é o ponto alto e durante horas pediam para eu falar contigo a respeito. Eu já disse que na chegada do Blanco, o ofereci ao Coaracy para que fizéssemos o nosso tão sonhado Programa Olímpico. Eu dizia, sem haver consultado a minha Bola de Cristal, que a CBDA sairia de KAZAN, apenas com as medalhas de ouro que o Amazonas deu ao Brasil ao trazer o Blanco. Nós saímos do último lugar nas Marathonas Aquáticas para o topo do pódio. Para chegar no Topo do Pódio Mundial é preciso muito estudo, muita ciência e muito suor dentro d’água. Em nenhum esporte sua-se mais que na natação. Este caminho foi diminuído com a chegada do Blanco e da Dra. Ileana Zorrilla Paz. Sempre esquecem a Dra. Ileana, que nenhum brasileiro sabe o muito que ela conhece. E décadas passarão para que saibamos fazer o que a cientista fez em um laboratório e com um espectofotômetro do Dr. De Rose. Essa nossa heroína brasileira, com forte sotaque cubano, salvou muitos amazonenses no Instituto de Medicina Tropical de Manaus.
Presidente, eu posso não saber nada de natação, mas sei que, para chegarmos onde o Blanco está, mais de três décadas de muito estudo em Escolas de Educação Física e de Medicina do Esporte nos separam. Outrossim, quero dizer, que o Dr. Blanco que por aqui chegou, louro, bronzeado, olhos azuis e ótimo dançarino, já não recebe tantas cantadas quando passa, nem pedidos para exibir todo o seu talento em um salão de danças. Ao redor dos 70 anos, o Blanco precisa passar para alguém, tudo aquilo que ele aprendeu nas melhores universidades e Clínicas do leste europeu. Ele está há 26 anos no Brasil e ninguém, fora eu, acompanhei o passo-a-passo do cientista. Onde eu parava? Não consigo furar ninguém com uma lanceta e muito menos minha filha e minha sobrinha. O Patuca, meu irmão, ainda se aventurava neste impossível campo do treinamento em que eu jamais chegarei. A nossa natação necessita, urgentemente, de um plano, de um cientista, de uma equipe, de um diretor, de um presidente presente como você, da Dra. Ileana Zorrila Paz, e tudo isso depois de uma conversa que você queira ter comigo e com o Blanco, em um hotel da zona sul, de frente para o mar de Copacabana, de onde traremos as nossas mais difíceis medalhas de ouro. Hoje, somos aquele país a ser batido nas Marathonas Aquáticas. As minhas passagens e hotel, pago eu.
O esporte brasileiro é assim: dos ministérios ao COB, não entram com nada, ficam com tudo e ainda nos esquecem na hora do pódio. E viva o COB!
Presidente, você mora no Rio, por favor, ganhe uma medalha. Tomara que mais uma vez não aceites a minha ridícula colaboração e prefira as do Ricardo de Moura e do Barbadinho do Pinheiros, que enrolou até a hora certa e o deixou na borda da piscina com a saída do nosso campeão, Cesar Cielo. Ficaremos debruçados sobre um Plano Olímpico durante 24 horas e só com a sua aprovação e vendo outros planos, será iniciado um trabalho para que o Brasil não nos leve a pagode. O Nickolas Santos e a Etiene Medeiros, dois craques da nossa aquática, ganharam duas medalhas e terão as minhas orações diárias para que nadem provas olímpicas e com mais de 51 metros. O nosso grande campeão e fora-de-série Thiago Pereira não nada mais o 400m medley. Um descalabro! O super veloz Nick, uma aula para quem acha impossível nadar depois dos 18 anos, está com 35 aninhos. Rezemos por eles que poderão evitar mais um 7 x 1 em casa, e logo na casa do presidente. O Brasil molhado é unânime em dizer: O Coaracy trata com muito amor as coisas da CBDA. A parte técnica da confederação está atrasada muitas décadas e o que deve ser feito não será para 2016, e se não começarmos agora, 2020 será outra tragédia. E os culpados, o que é uma verdade brasileira, aparecerão aos montes, com castigos para todo o sempre.
Em Manaus, o Presidente Figueiredo lançou o Programa de Leite da Bacia Leiteira dos Autazes, distante 250 km de Manaus. O Conde Jorge Sanpietro, um espanhol que construiu várias fábricas no Distrito, balançou a cabeça e o Presidente Educado viu, perguntando, imediatamente:
— O Senhor não acredita nesta fábrica em que eu estou dando tudo?
E o Conde Jorge, do alto da sua sabedoria, com forte sotaque catalão, replicou:
— Meu querido e digno Presidente Figueiredo, o Senhor conhece o interior do meu Amazonas?
— Não! Eu estou dando tudo. Não falta nada. O que tem de menos no interior do Amazonas que não possamos fazer um polo leiteiro?
— Presidente Figueiredo, o interior do Amazonas és una mierda, una mierda, una mierrrrrrrda.
O Presidente Figueiredo jogou o microfone na mesa e saiu dizendo:
— Assim não dá, assim não dá… Carácoles!
Eu posso afirmar, presidente:
A EQUIPE ENVELHECIDA, MEDALHAS EM PROVAS NÃO OLÍMPICAS e AUSÊNCIA DE ATLETAS EM PROVAS AERÓBICAS, SÃO MAUS PRESSÁGIOS PARA QUEM FARÁ UMA OLÍMPÍADA DENTRO DA PRÓPRIA SEDE E HÁ UMA FORTE TENDÊNCIA PARA FICAR PIOR QUE AQUELE INTERIOR DO MEU QUERIDO AMAZONAS.
Às suas ordens e com respeito
Caminha.