O jornal Folha de São Paulo, em levantamento realizado em todo o país, na edição deste último domingo, aponta que quatro candidatos disputarão o governo do Amazonas em 2018. Pela ordem, relaciona Amazonino Mendes (PDT), Arthur Virgílio Neto (PSDB), Eduardo Braga (PMDB) e José Ricardo (PT).
É evidente que o sucesso de cada um dos candidatos estará condicionado ao avanço do processo eleitoral e ao desempenho daqueles que atualmente exercem o poder, na Prefeitura de Manaus e no Governo do Amazonas, em disputa com quem certamente haverá de situar-se no campo das oposições.
Arthur Virgílio Neto, em que pese ser adversário difícil de ser vencido em qualquer campanha, como sua história política demonstra, não anda nada bem na administração do Município de Manaus, com a cidade em situação precária em suas mais diversas áreas. Ainda assim, dispõe da poderosa máquina da Prefeitura, com todos os vastos recursos que lhe são inerentes, que sabe usar com notável eficiência, como se viu com a eleição de seu filho deputado federal e com sua própria reeleição. A nomeação do filho e da mulher para cargos relevantes na estrutura administrativa do Município, em atos que caracterizam indisfarçável e condenável nepotismo, agrava a rejeição a seu nome. É claro que sua candidatura a presidente da República não passa de balão de ensaio, porquanto revela-se projeto irrealizável, desde sempre, sob todos os aspectos e especialmente no seio de seu próprio partido, o PSDB. De igual modo, pode ser entendida como manobra publicitária destinada a manter na mídia o projeto político que desenvolve no Estado, no mesmo passo em que pretende jogar espécie de cortina de fumaça sobre as graves dificuldades de sua administração.
Eleito governador, Amazonino Mendes tem muito pouco tempo para “arrumar a casa”, 12 meses, única proposta ou promessa que fez em campanha. Recebeu de seu antecessor, que sequer foi capaz de entender o caráter transitório de suas breves funções, uma herança administrativa trágica, com o Estado completamente desorganizado e as finanças públicas em frangalhos. Empossado, escolheu secretariado e equipe de governo que vêm recebendo duras críticas nas redes sociais e em meios paralelos de comunicação, resguardando-se as exceções que apenas serviriam para confirmar a regra. Apesar das circunstâncias críticas que o levaram a assumir as rédeas do poder, logo será cobrado e responsabilizado pessoalmente pelas ações de governo, para o bem ou para o mal. Com todos os previsíveis percalços, tem a seu favor larga experiência como ex-governador e ex-prefeito de Manaus, acumulada em vários mandatos. Mas, não se deve esquecer que no próximo ano já entramos em pleno período eleitoral, ao mesmo tempo em que estará em curso a anunciada e prometida “arrumação da casa”, mais um complicador a ser enfrentado, como parece óbvio.
A Eduardo Braga restará a candidatura de oposição aos governos do Município e do Estado, em posição e espaços a serem disputados com o petista José Ricardo, que o derrotou na capital, onde teve votação superior ao peemedebista. Outra opção, que talvez, ao fim e ao cabo, seja a de sua escolha, será disputar a reeleição para o Senado ou concorrer à Câmara Federal, considerando que a realidade o desaconselha a ficar sem mandato, sem dispor de foro privilegiado. Como recomenda um mínimo de bom senso, deverá considerar que vem de duas derrotas eleitorais acachapantes, batido por José Melo e Amazonino Mendes, nas eleições dos últimos 4 anos.
Não creio que o deputado estadual José Ricardo tenha a menor chance, embora gratificado no recente pleito com votação encorajadora em Manaus. Na condição de candidato do PT, com toda a carga negativa e de rejeição que a legenda arrosta, e sem dispor de inserção ponderável no eleitorado do interior do Estado, não vejo como poderá ter êxito na disputa governamental.
O quadro presente ainda está longe de encontrar contornos definitivos. Muita água ainda rolará no caminho da sucessão, com novos atores e protagonistas. Omar Aziz, com mandato no Senado até 2022, agraciado com a vitória de candidatos que lhe mereceram apoio – Amazonino e Melo, com prudência, observa a evolução dos acontecimentos e pode muito bem entrar em campo e no jogo. A rigor, a movimentação das pedras no tabuleiro da disputa nem bem começou, com variáveis capazes de provocar mudanças significativas na cena política do próximo ano de 2018.