SÃO PAULO – O ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras Paulo Roberto Costa acusa ministros, senadores, governadores e deputados envolvidos na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. De acordo com reportagem da revista Veja desta semana, Costa, preso em março pela Polícia Federal, citou em depoimentos de delação premiada nomes como os dos presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além do ministro de Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB-MA).
Costa, preso desde março, acusa ainda três “governadores”, em Estados onde a Petrobras tem investimentos: Sérgio Cabral (PMDB), ex-governador do Rio, Roseana Sarney (PMDB), atual governadora do Maranhão, e Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco e ex-candidato à Presidência da República morto no mês passado em um acidente aéreo.
Do Senado, Ciro Nogueira (PI), presidente nacional do PP, e Romero Jucá (PMDB-RR). Entre deputados, o petista Cândido Vaccarezza (SP) e João Pizzolatti (SC), do PP. O ex-ministro das Cidades e ex-deputado Mario Negromonte, do PP, também é citado.
Ainda de acordo com a revista, Costa admitiu que as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo destinado à base aliada do governo. Quem fazia ponte com o esquema no PT, segundo Costa, era o tesoureiro nacional do partido, João Vaccari Neto.
Desde sexta feira, 29 de agosto, Paulo Roberto está depondo em regime de delação premiada para tentar obter o perdão judicial. Os depoimentos são todos filmados e tomados em uma sala na Custódia da PF em Curitiba.
Sem comentário
A assessoria do PSB comunicou que não se manifestará sobre a menção ao ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos no depoimento do ex-diretor da Petrobras. Dentro do partido, a avaliação é a de que Paulo Roberto Costa não apresentou provas concretas contra Campos. “Apenas jogaram no ar o nome de uma pessoa que já morreu, é um absurdo”, comentou um auxiliar.
Dados oficiais
A presidente e candidata à reeleição pelo PT, Dilma Rousseff, afirmou, em São Paulo, que é preciso ter “dados oficiais” para poder comentar as denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. “A própria revista que anuncia esse fato diz que o processo está criptografado, guardado dentro de um cofre e que irá para o Supremo”, disse, referindo-se à revista Veja.
“Eu gostaria de saber direitinho quais são as informações prestadas nessas condições e eu te asseguro que tomarei todas as providências cabíveis”, disse a presidente, em entrevista coletiva, antes de participar de um encontro com mulheres na sede do sindicato dos bancários. Dilma disse ainda que não poderia comentar o assunto “com base em especulação”. “Eu quero as informações. Acho que as informações são essenciais e são devidas ao governo. Porque, caso contrário, a gente não pode tomar medidas efetivas”, afirmou.