A Igreja Católica lançou nesta Quarta Feira de Cinzas, dia 1º de março, a Campanha da Fraternidade 2017. O Tema é “Fraternidade: Biomas Brasileiros e Defesa da Vida”. O lema da CF é “Cultivar e guardar a criação”(Gn 2,15). Em Manaus, a CF foi iniciada pelo Arcebispo Metropolitano Dom Sérgio Castriani, em ato realizado no Parque do Mindu, no Parque 10, onde em momento celebrativo foi feita reflexão sobre a questão ambiental e de saneamento da cidade e o compromisso do poder público e da sociedade em cuidar do meio ambiente e garantir qualidade de vida a toda a população.
O tema é sobre os biomas brasileiros. A expressão bioma vem de “bio”, que em grego quer dizer “vida” e “oma”, sufixo grego que quer dizer “massa, grupo ou estrutura de vida”. Um bioma, segundo o Mapa de Biomas e Vegetação, do IBGE, é “um conjunto de vida (animal e vegetal) constituído pelo agrupamento de tipos de vegetação contíguos e identificáveis em escala regional, com condições geoclimáticas similares e história compartilhada de mudanças, o que resulta em uma diversidade biológica própria”.
No Brasil, são reconhecidos seis biomas: a Mata Atlântica, a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga e o Pampa. Nesses biomas vivem pessoas, povos, resultantes da imensa miscigenação brasileira. Desde a ocupação do Brasil pelos portugueses em 1500, os vários biomas sofrem toda sorte de exploração desenfreada e devastação por interesses econômicos, causando destruição da natureza, poluição, misérias, e a extinção de animais e plantas e florestas, mas também a morte de milhões de indígenas e povos mais pobres.
O objetivo geral da CF/17 é “Cuidar da criação, de modo especial dos biomas brasileiros, dons de Deus, e promover relações fraternas com a vida e a cultura dos povos, à luz do Evangelho.” Neste sentido, a CF quer aprofundar o conhecimento de cada bioma, de suas belezas, de seus significados e importância para a vida no planeta, particularmente para o povo brasileiro.
Também pretende conhecer melhor e comprometer a todas as pessoas com as populações originárias, os indígenas, reconhecer seus direitos, sua pertença ao povo brasileiro, respeitando sua história, suas culturas, seus territórios e seu modo específico de viver. Além disso, a CF quer reforçar o compromisso com a biodiversidade, os solos, as águas, nossas paisagens, nosso clima variado e rico do Brasil, e o impacto das grandes cidades sobre os biomas. Mas também é objetivo comprometer as autoridades públicas para assumir a responsabilidade sobre o meio ambiente e a defesa desses povos.
A Amazônia é o maior bioma do Brasil. A floresta amazônica abrange 7 estados brasileiros (Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre, Amapá e Tocantis), e parte de mais dois (Maranhão e Mato Grosso). Mas também atinge parte de 8 países vizinhos (Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, Suriname, Guiana Francesa e Guiana Inglesa).
É uma das regiões mais cobiçadas por interesses mundiais, pois tem uma das maiores biodiversidades, a maior bacia hidrográfica do mundo, maior reserva de madeira tropical do mundo, riquezas minerais e da fauna e flora. Mas o desmatamento acelerado e a exploração mineral, bem como atividades produtivas degradantes estão ameaçando a natureza, o bioma e a vida dos povos que aqui residem. Muitos povos indígenas lutam por suas terras, lutam para manter a natureza, não agridem, mas protegem. Mas também povos ribeirinhos são ameaçados por interesses de exploração predatória do pescado e de produtos das florestas.
A CF/17, em relação à Amazônia, tem várias propostas: proteger o bioma contra o desmatamento, exigir do poder executivo os planos municipais de saneamento básico, debater os grandes projetos da economia que afetam o meio ambiente, não aceitar a exploração mineral, proteger as águas, suscitar uma nova consciência e novas práticas na defesa dos ambientes essenciais à vida, combater a corrupção exigindo transparência no uso dos recursos públicos para obras e serviços públicos, combater o uso dos agrotóxicos, defender os povos indígenas e ribeirinhos no direito ao uso da terra e das águas, lutar pela qualidade de vida dos pobres das cidades, dentre outras formas de agir em defesa da vida.
O Papa Francisco, no Documento “Laudato Si”, fala de uma ecologia integral. Seres humanos, natureza e ambiente, criação e sociedade estão ligados entre si. “Ecologia humana e ecologia ambiental caminham juntas”. O Papa denuncia: “o que manda hoje não é o homem, é o dinheiro, o dinheiro manda”. Segundo o Papa, a luta deve ser para “assegurar que centenas de milhões de pessoas tenham água limpa para beber, ar puro para respirar, possam levar uma vida digna, ter os bens do desenvolvimento integral, boas condições de saúde…”.
A Igreja organiza a CF no período da Quaresma, em preparação à Páscoa. São 40 dias que começa na Quarta Feira de cinzas e termina no Domingo de Ramos, que antecede a Semana Santa e a Páscoa. É um período de reflexão, de conversão de vida, um período que se propõe a prática de jejum, de oração e de partilha de bens e gestos solidários, de atenção com os pobres e necessitados.
Por isso, o gesto da Coleta da Solidariedade, onde os fiéis e todos que debatem o tema da CF possam contribuir com alguma doação financeira destinada a obras e projetos voltados à promoção de direitos e defesa da vida. A coleta será no domingo de Ramos, dia 09 de abril. A pergunta que fica é: O que cada um de nós pode fazer para a defesa de nosso bioma amazônico e em defesa da vida?
Boa Campanha da Fraternidade para todos e todas.
Os artigos publicados neste espaço são de responsabilidade do autor e nem sempre refletem a linha editorial do AMAZONAS ATUAL.
ta errado a palavra tocantis é tocantins