Por Rosiene Carvalho, da Redação
MANAUS – O candidato a prefeito de Manaus e deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) declarou, nesta quinta-feira, 15, em entrevista ao vivo ao AMAZONAS ATUAL, que durante sua gestão na Prefeitura de Manaus o então governador do Amazonas, Eduardo Braga (PMDB), tentou convencê-lo a entregar a concessão de água da cidade ao empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Serafim disse que Braga queria entregar a concessão de água em Manaus “de mão beijada” a Bumlai e que a Prefeitura arcasse com uma indenização, por romper o contrato, no valor de R$ 500 milhões.
“Aí, ele (Eduardo Braga) queria que eu rompesse o contrato para entregar a concessão de mão beijada para uma empresa do Mato Grosso. Sabe de quem era essa empresa? Do Bumlai, que está preso, o pecuarista amigo do Lula. Eu nunca disse isso, mas acho que agora está na hora de dizer. Era isso que ele queria fazer”, afirmou Serafim.
O ex-prefeito revelou as conversas de bastidores da época ao ser questionado sobre propostas de campanha em que ele promete ser rigoroso na exigência de cumprimento de metas da concessionária, sem que tenha quebrado o contrato quando pôde em sua gestão na prefeitura justamente por não cumprimento de cláusulas por parte da empresa que tinha a concessão do serviço.
“Para romper o contrato, em 2007, precisava a Prefeitura desembolsar R$ 500 milhões. O então, governador Eduardo Braga me chamou e disse ‘rompe o contrato’. Eu disse: vamos fazer o seguinte, Eduardo, você desapropria a empresa, rompe e assume o contrato”, afirmou.
Serafim disse que não aceitou a proposta de Braga que, para ele, seria uma “irresponsabilidade” com Manaus. “E eu disse não: eu não posso romper o contrato e gerar um passivo de R$ 500 milhões para a prefeitura. Eu seria um irresponsável. Nós fizemos a repactuação, a empresa colocou R$ 140 milhões, a prefeitura pediu emprestado R$ 60 milhões para fazer rede. E sem rede Manaus não teria solucionado o problema de fornecimento de água. E o Governo do Estado, aí eu faço justiça ao Eduardo, concordou em fazer o Proama”, afirmou.
O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, foi preso na Operação Passe Livre, 21ª fase da Lava Jato, em 24 de novembro do ano passado. Em março deste ano, o juiz Sérgio Moro autorizou prisão domiciliar por três meses (monitorado com tornozeleira eletrônica), após o pecuarista, de 71 anos, foi diagnosticado com câncer na bexiga. Depois, ele voltou a ser preso.
Acusado de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e por crimes financeiros no empréstimo de R$ 12 milhões para o PT em 2004, Bumlai foi condenado, em sentença publicada na manhã desta quinta-feira pelo juiz Sérgio Moro, a 9 anos e 10 meses de detenção. Moro concluiu que Bumlai era culpada das acusações por participação, obtenção e quitação fraudulenta do empréstimo no Banco Schahin para o PT e pela participação, solicitação e obtenção de vantagem indevida no contrato entre a Petrobras e o Grupo Schahin para a operação do Navio-Sonda Vitória 10.000.
Eduardo Braga
O senador Eduardo Braga afirmou, por meio de sua assessoria de comunicação, que não tentou entregar a concessão a José Carlos Bumlai e nem tinha poder para isso. Ainda segundo a assessoria, Braga afirmou que o que fez foi uma parceria com a prefeitura, que possibilitou a criação do Proama (Programa Águas para Manaus), uma estação de captação e tratamento de água que hoje é o principal canal de abastecimento para as zonas Norte e Leste de Manaus.