O senador Eduardo Braga (PMDB) subestimou demais o governador José Melo como adversário nesta campanha eleitoral e deixou brechas para o candidato adversário construir uma base mais sólida para a campanha eleitoral e imprimir-lhe uma derrota histórica.
Em maio, por ocasião da entrega de tratores para municípios do interior do Estado com a presença do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, Braga chegou a negar que Melo e o ex-governador tivesse participado de seu grupo político e minimizou a importância dos dois: “O Omar só foi o meu vice-governador e o Melo, o meu secretário”, disse na ocasião em entrevista exclusiva ao ATUAL.
Naquela época, as pesquisas de intenção de voto apontavam Braga com 50% da preferência do eleitor e José Melo com 10,9%, abaixo de Rebecca Garcia, que tinha 11,1%. Rebecca ainda falava como pré-candidata ao governo. Melo parecia sem chances de chegar ao segundo turno, e isso gerava em Braga uma confiança excessiva.
Diante do quadro favorável, Braga formou um grupo para a disputa que precisou carregar, enquanto Melo montou um para ser carregado. Ali ficou evidente a diferença entre uma candidatura e outra. Os apoiadores de Braga, os candidatos que estavam em seu grupo, apostavam que a popularidade dele, e a vantagem nas pesquisas poderiam lhes transferir voto. Do lado de Melo, o comportamento era contrário: os candidatos trabalhavam para transferir seus votos para seu candidato a governador.
Braga só se deu conta do risco que corria de não vencer a disputa no primeiro turno na última semana de campanha eleitoral. Mesmo assim, negou-se a acreditar. Dizia aos institutos de pesquisa que apontavam o crescimento de Melo que aquilo não era possível. E terminou o primeiro turno quase derrotado. Até quando 85% das urnas estavam apuradas, Braga perdia para Melo, e só virou com as últimas urnas do interior do Estado. Perdeu na capital, onde parecia reinar absoluto.
No segundo turno, Braga não tinha mais pernas para mais 20 dias de campanha. Nas ruas, o exército que montou no primeiro turno estava em baixa. A opção foi travar uma batalha na TV, com ataques ao adversário. Funcionou em parte, com a ajuda da reportagem da Revista Veja, mas não foi suficiente para virar o jogo que o adversário impôs desde as primeiras pesquisas, quando Melo apareceu na frente.