Da Redação
MANAUS – O senador e candidato a governador do Amazonas Eduardo Braga (PMDB) disse que uma das propostas dele para melhorar a segurança no Estado é enfrentar a facção criminosa FDN (Família do Norte), que ganhou “notoriedade” nacional após o massacre de detentos no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim), no primeiro dia deste ano, quando 56 presos foram assassinados.
A declaração foi dada em entrevista, na manhã desta sexta-feira, 23, à Rádio Tiradentes. Ao ser questionado sobre quais medidas de segurança pretendia tomar se for eleito, Braga respondeu:
“Primeiro, vou romper o pacto entre o poder público e uma facção criminosa (…). [Voo] Enfrentar a FDN de forma planeja, organizada, estratégica, com inteligência, com ação competente, cooperada com as Forças Armadas e Polícia Federal. Vamos ter um plano que efetivamente combata [o tráfico]”, declarou o senador.
Ao iniciar a resposta dizendo que a primeira medida era romper relação do poder público com a facção criminosa, Braga citou o escritor e médico Drauzio Varela. O senador disse que Varela sustenta, em seus livros, que o maior reconhecimento da perda do controle do Estado ocorre quando o sistema prisional, para ter segurança, precisa de uma hegemonia de facção criminosa.
“Ou seja, é a demonstração de incompetência absoluta do Estado. A partir daí, tudo é possível. Até assistir o que a gente viu esta semana. Até um tiroteio no Cajual, onde eu tive o prazer de implantar o Prosamin e eu nunca imaginei, tenho 56 anos, nunca imaginei que eu ia assistir na minha querida Manaus cenas de tiroteio, como se eu estivesse numa favela do Rio de Janeiro, com fuzil na cidade de Manaus”, afirmou.
O candidato também disse que, se eleito, vai distratar o contrato com a empresa Umanizzare, que administra a maioria dos presídios em Manaus.
Ele também criticou o atual planejamento de segurança do Governo do Estado do Amazonas e o fato de à noite apenas três Dips (Distritos Integrados de Polícia) funcionarem em regime de plantão.
“Chega às 18h e apenas três Dips estão de plantão? Isso está errado. Vamos priorizar a segurança. Enfrentar o narcotráfico, o tráfico de drogas com policiamento ostensivo nas ruas”, disse.
O senador afirmou que a aplicação de medidas disciplinares contra maus policiais também é uma atitude importante. “Nosso Estado é composto por pessoas trabalhadoras e humildes. Temos 99% de bons policias, mas temos que dar exemplo de disciplina”, disse.
Outra crítica de Braga foi em relação aos homicídios no Estado, após sua saída do Governo. Segundo ele, houve um aumento proporcional ao crescimento do orçamento do Estado. Ele disse que quando deixou o Governo, em 2010, havia previsão orçamentária de R$ 5 bilhões anuais em receita e 500 homicídios para cada 100 mil habitantes.
“Hoje são R$ 15 bilhões e 1.500 homicídios para cada 100 mil habitantes. Ou seja, da mesma forma que triplicou a receita, triplicou o número de homicídios. Portanto, há uma questão clara de eficiência de gestão a ser enfrentada”, disse.
No dia 9 de junho, Braga fez postagem em sua rede social e afirma que o “filme” dos problemas da segurança pública começaram há alguns anos, quando a “cúpula do governo, uma banda podre da polícia e bandidos” se uniram para fraudar a eleição ao Governo do Estado.
“O que vimos na noite passada em Manaus é digno de um cenário de guerra. E tudo isso é resultado de uma aliança vergonhosa entre o governo do estado e facções criminosas. É inacreditável que, entre a população e as facções do crime, o governo tenha optado por ficar ao lado dos bandidos. Esse filme começou há alguns anos, quando a cúpula do governo, uma banda podre da polícia e bandidos se uniram para fraudar a eleição ao governo do estado. O resultado, meus amigos, está nas manchetes de hoje. Eu não vou descansar enquanto a gente não resgatar o nosso estado da UTI”, afirmou na postagem.
Braga é um dos oito candidatos nesta eleição suplementar a realizada em 2014 em função da cassação do mandato do governador eleitor naquele pleito José Melo por compra de votos numa ação movida pelo senador na justiça eleitoral. A votação, em primeiro turno será no dia 6 de agosto.