Por Rosiene Carvalho, da Redação
O senador Eduardo Braga (PMDB) insinuou que as suspeitas de irregularidades em contratos da construção da Ponte Rio Negro, alvo de investigação na Operação Lava-Jato após delação de executivo da Odebrecht, são da gestão do ex-governador e senador Omar Aziz (PSD).
As informações estão em uma postagem que Braga fez em suas redes sociais, na tarde desta segunda-feira,17, para a qual deu o título de “A verdade dos fatos”. O posicionamento é feito sete dias após vir a público a “delação do fim do mundo“.
“Vale lembrar que, em abril de 2010, quando entreguei o comando do Governo do Estado para disputar uma vaga ao Senado Federal, 48% do valor original da ponte estava pago, com a obra em pleno andamento, sendo que 90% da construção já estavam prontas”.
Nesta segunda, Braga afirma que “a verdade dos fatos” é que na gestão dele 90% da obra estava concluída e que quando ele deixou o governo o valor da mesma era de R$ 574.826.098,12. Segundo a nota, após o seu governo – portanto na gestão do sucessor, que na época era seu aliado – é que ocorreram os aditivos que dobraram o valor da obra.
“No dia 11 de junho de 2010, o Diário Oficial do Estado publicou o Termo Aditivo ao contrato da Ponte Rio Negro, elevando o valor de R$ 574.826.098,12 para R$ 811.880.335,64. Cabe esclarecer que esse aditivo não foi concedido durante o meu mandato de governador, pois já havia entregue o cargo para disputar a eleição para o Senado da República. Outros aditivos vieram ao longo dos anos até que, em 24 de outubro 2011, a ponte que liga Manaus ao município de Iranduba foi entregue à população com o valor final de R$ 1,1 bilhão”, disse.
Braga termina a nota dizendo que está à disposição da justiça para falar a verdade dos fatos. “Repito que, ao longo dos anos de construção da ponte, não assinei qualquer aditivo que hoje é alvo de investigação da Procuradoria Geral da República. Quero deixar claro que me ponho à disposição da Justiça para todo e qualquer esclarecimento sobre o assunto, com o propósito de ajudar nas investigações e apresentar a verdade dos fatos para a nossa população”, disse.
Mesada
No Inquérito nº 4429 (no STF – Supremo Tribunal Federal), o delator indica atos de corrupção nos dois governos (Braga e Omar) e em contrato que antecede os aditivos citados por Braga na nota. O delator e executivo da Odebrecht Arnaldo Cumplido de Souza e Silva diz que recebeu do antecessor dele na empresa informações sobre os ajustes feitos com o então governador Eduardo Braga de “pagamentos indevidos em favor deste, por intermédio da empresa Construtora Etam, cessionária de parte das obras, cujo representante era o senhor Eládio Cameli”.
Na época, a Etam foi contratada pelo governo do Estado para realizar as obras das vias de acesso à Ponte Rio Negro tanto do lado de Manaus quanto do lado de Iranduba. O delator afirma que foi informado de que houve um acordo com Braga para que o consórcio vencesse a licitação, o que ele presumia ter ocorrido, mas não sabia informar a forma como foi a execução do favorecimento.
O delator afirma que, após a saída de Braga, foi abordado por interlocutores do então governador Omar Aziz e depois pelo próprio Omar para continuidade dos repasses irregulares.
Fim do mundo
No dia 11 de abril, se tornaram públicas as decisões do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin autorizando abertura de inquérito contra 1o8 pessoas citadas em delações de executivos da empreiteira Odebrecht, investigada pela operação da Polícia Federal Lava-Jato. O senador Eduardo Braga está entre os seis políticos do Amazonas citados por delatores que serão investigados por suspeita de corrupção. Braga será investigado no mesmo inquérito que o senador Omar Aziz. A suspeita é que ambos receberam dinheiro de corrupção durante a obra Ponte Rio Negro.
Veja postagem:
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