MANAUS – O senador Eduardo Braga (PMDB) comprou a briga travada nesta semana entre a Rede Diário de Comunicação e o secretário de Fazenda do Amazonas, Afonso Lobo. Em entrevista à rádio CBN Amazônia, da Rede Amazônica, Braga fez duras críticas ao governo de José Melo (Pros) e ao secretário da Sefaz citando matérias que o jornal Diário do Amazonas vem publicando nesta semana. Lobo também foi ao estúdio da CBN Amazônia para responder às acusações.
Eduardo Braga foi questionado durante a entrevista se iria ingressar na Justiça contra executivos da Construtora Andrade Gutierrez, que em acordo de delação premiad o acusaram de receber propina nas obras da Arena da Amazônia. Ele responde à questão afirmando que a vida dele é muito transparente e que todo mundo na cidade de Manaus sabe “de onde a minha família vem e como a minha família trabalha, gera impostos e gera empregos”. Depois, passa a relembrar fatos recentes de denúncias de corrupção no Governo do Amazonas. “O que eu não posso ficar assistindo é uma ‘Maus caminhos’ (Operação Maus Caminhos, da Polícia Federal, que identificou uma quadrilha que desviava recursos da saúde) ter acontecido, com comprovação de desvio de quase R$ 300 milhões, e nada foi feito na Secretaria de Saúde. O secretário de saúde é o mesmo, nenhuma providência foi tomada, as empresas continuam recebendo dinheiro no Estado como se nada tivesse acontecido”.
Braga entra em seguida no tema das denúncias do Diário do Amazonas: “Eu também não consigo entender como é que uma empresa como a Santo Remédio monopoliza a praça da cidade de Manaus e se descobre de repente que o atual secretário de Fazenda era presidente do Conselho Fiscal e isentou uma multa milionária da Santo Remédio e no outro ano virou sócio da empresa, depois deixa de ser sócio e a empresa recebe milhões de reais, doa dinheiro para campanha política e não tem remédio nos hospitais”.
O senador também relembra as denúncias feitas pelo ex-secretário de Infraestrutura Gilberto de Deus, a quem ele chama de Gilberto Pordeus. Tais denúncias foram feitas em outubro de 2015 e davam conta de irregularidades nos contratos de obras em diversos municípios do interior do Estado contratadas pela Seinfra. “Eu também não consigo entender como o secretário de Infraestrutura Gilberto Pordeus sai da secretaria denunciando desvio de verbas de obras do governo do Estado, obras pagas sem serem realizadas, explica, ninguém analisa, ninguém nada”.
Resposta de Lobo
O secretário Afonso Lobo, depois de ouvir a entrevista de Braga, foi ao estúdio da CBN Amazônia e disse que Braga tinha motivação política e pessoal para atacar o governo e atacá-lo. Primeiro, porque faz oposição ao “governo do professor José Melo” e, segundo, por ser parente de quem o acusa. “Ele é tio do diretor do grupo de comunicação que está me fazendo essas acusações levianas. Tio, porque o rapaz é casado com a sobrinha dele. Logo, ele está defendendo os interesses da família, fazendo esse tipo de confusão para tentar confundir a opinião pública”.
Lobo disse que o senador o conhece porque ele foi um de seus principais assessores quando Braga era governador. “Trabalhei muito próximo a ele; ele sabe que eu não sou mau caráter, eu não sou desonesto. Se eu fosse desonesto, se eu fosse mau caráter, certamente eu não teria ficado tanto tempo trabalhando ao lado dele”.
Sobre as denúncias, Lobo disse o que já vem dizendo desde terça-feira: “Isso é uma aleivosia, uma leviandade. É uma acusação desse grupo de comunicação, porque impedi esse grupo de ter uma empresa prestando serviços ao Estado. (…) Só que o negócio que eles queriam fazer com o Estado não era um simples negócio. Ele, o sobrinho do senador Eduardo Braga, queria ser sócio do Estado. O secretário de Fazenda não permitiu que tal contrato fosse efetivado e, a partir de então, passei a receber uma série de chantagens e ameaças. Não me curvei”, disse.
Leia mais e assista entrevista de Lobo na matéria abaixo:
Jornal denuncia secretário da Sefaz, que contra-ataca e acusa dono de retaliação