MANAUS – Reportagem da Ong Repórter Brasil, publicada na sexta-feira, 14, e reproduzida pela Folha de S.Paulo no sábado, 15, seria uma tapa na cara das autoridades amazonenses. Mas o que ocorre na delegacia daquele município tão distante, São Gabriel da Cachoeira, não choca mais ninguém por aqui. Uma delegacia, um único prédio, que serve de presídio para homens, mulheres e adolescentes. Não há juiz regularmente, só vai uma vez por mês, julga alguns processos e se manda. A Defensoria Pública desmontou a barraca há algum tempo. O delegado só lamenta e reclama da situação. Irônico nessa tragédia moral é o promotor Paulo Alexander Beriba ingressar com uma ação civil pública para obrigar o Estado a por fim na ilegalidade. A ironia não está na atitude do promotor, mas no fato de que o julgamento será da Justiça, que dificilmente dá as caras por lá. Quem não faz a sua parte pode cobrar dos outros que façam? E o pior: São Gabriel da Cachoeira é apenas um exemplo de ilegalidade. A Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas diz à repórter Thais Lazzeri, que em 54 dos 62 municípios, os presos cumprem penas em delegacias. E todos sabem que não é diferente nos outros 53 não citados na matéria.
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