Mais uma vez a população de Manaus acorda assombrada pela ameaça de reajuste abusivo nas tarifas do transporte coletivo urbano. O transporte público na cidade é precário e sem credibilidade: a frota não é renovada, a tarifa é cara e o sistema não é confiável. Além disso, enquanto os motoristas de automóveis circulam a uma velocidade média de 31 km/h, os usuários de ônibus, se deslocam a 17,6 km/h.
O fato é que dados apresentados ontem (12/04), em reunião entre membros do MP, Defensoria Pública e sociedade civil organizada, apontam que as empresas que administram o sistema foram beneficiárias de aproximadamente R$ 105 milhões em 2015 distribuídos entre subsídios, incentivos fiscais ou renúncias concedidas pelos governos Municipal, Estadual e Federal. Esses valores são altos e têm origem no bolso da população que paga seus impostos. Portanto, tem o direito de conhecer como são aplicados e até que ponto ajudam na manutenção do sistema de transporte público.
Uma das principais reclamações de usuários, agentes sociais, órgãos de controle e parlamentares é exatamente a ausência de transparência na planilha de custos do sistema ou como as renúncias e subsídios auxiliam na manutenção das tarifas ou até mesmo na sua redução. No momento em que passamos, de luta por menos corrupção e mais transparência, não há outro caminho a seguir: a Prefeitura de Manaus, os empresários do setor e os organismos de controle institucional e social devem discutir amplamente os custos do transporte coletivo e, principalmente, as margens de lucro dos empresários.
É preciso reconhecer que a mobilidade urbana é um dos maiores desafios das grandes cidades no mundo. Negligenciar o debate, deixar de executar um plano de mobilidade urbana ou alocar recursos insuficientes são erros primários dos gestores, erros vem à tona rapidamente, dada a dependência da grande massa populacional por esse tipo de serviço.
Por outro lado, dados os graves problemas que Manaus enfrenta nesse setor, é imperativo ampliar as ações de mobilidade, aumentando as possibilidades de deslocamento por outros modais. Aumentar o aporte de recursos no Fundo de Mobilidade Urbana para pequenas e médias intervenções no transito, construção de ciclovias e melhoria das calçadas. Além disso, os programas de educação no transito devem ser permanentes, visando educar as pessoas na construção de um ambiente menos competitivo e mais civilizado.