BRASÍLIA – A chamada distorção idade-série, ou seja, a proporção de estudantes com idade dois anos ou mais acima da esperada para a série em que estão matriculados, foi reduzida entre 2005 e 2015 de 36,9% para 26,4% na faixa etária dos 15 aos 17 anos, que corresponde ao Ensino Médio. A informação é da Síntese de Indicadores Sociais, que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga nesta sexta-feira, 2.
O índice chega a 36,4% no Nordeste e é mais dramático entre os mais pobres – que recebem o primeiro quinto de renda – (40,7%), moram em áreas rurais (40%) e são pretos ou pardos (31,4%). Na rede pública, a defasagem é 3,6 vezes maior do que na particular.
Dados de 2012 do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), realizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), indicam que 36,1% os estudantes brasileiros de 15 anos ou mais que tinha repetido ao menos um ano na escola, o que coloca o país atrás de países como México e Indonésia (ambos com 15,5%) no ranking mundial. Os adolescentes que estão fora da escola chegam a 15%. A escolaridade média da população de 25 anos ou mais aumentou de 6,5 anos de estudo para 7,9 na década em questão.
O IBGE compara com dados do Chile: o país alcançou 7,3 anos de estudo em 1985 – o número deve ser relativizado por conta da pequena população do país, hoje estimada em 17 milhões de habitantes, enquanto o Brasil tem 204,9 milhões.
Em relação ao ensino superior, a série história revela o impacto das políticas governamentais para a democratização do ingresso na faculdade, como o ProUni, de concessão de bolsas de estudos, que passou a vigorar em 2005. Naquele ano, a taxa de frequência na graduação entre pretos e partos era de 5,5%; em 2015, havia passado para 12,8%.
Nas faculdades públicas, em 2005 apenas 0,9% dos estudantes pertenciam ao grupo dos 20% mais pobres da população; em 2015, eram 8,3%. Já a presença dos 20% mais ricos foi reduzida de 52 1% para 35,7% neste período.
A Síntese é feita pelo IBGE desde 1998. Esta edição utilizou números da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2015 e do Censo de 2010, entre outras publicações, e trouxe dados relativos a demografia, famílias, educação, trabalho, distribuição de renda e domicílios. O objetivo da síntese é traçar um perfil das condições de vida da população.
Trabalho infantil
Verificou-se a redução do trabalho infantil de 2005 a 2015 na população de 10 a 13 anos: a taxa passou de 9,3% para 2,7%. Nas áreas rurais, baixou de 26,9% para 8%.
Gravidez na adolescência
Outro dado é relativo à gravidez na adolescência. O Brasil tem índices próximos aos da América Latina e longe dos número da América do Norte: entre 2005 e 2015, os registros baixaram de 76,3 para 59,4 filhos a cada mil adolescentes de 15 a 19 anos; na América Latina é 66,5; na América do Norte, 28,3 por 100 mil.
(Estadão Conteúdo/ATUAL)
Em relação ao ensino superior, a série história revela o impacto das políticas governamentais para a democratização do ingresso na faculdade, como o ProUni, de concessão de bolsas de estudos, que passou a vigorar em 2005. Naquele ano, a taxa de frequência na graduação entre pretos e pardos era de 5,5%; em 2015, havia passado para 12,8%. Nas faculdades públicas, em 2005 apenas 0,9% dos estudantes pertenciam ao grupo dos 20% mais pobres da população; em 2015, eram 8,3%.
Estes dados sobre o aumento de gente mais pobre na Universidade se devem, sem dúvida nenhuma, às políticas públicas do governo Lula-Dilma. Será que o Jornal Nacional diria isso?
Foi feita uma pesquisa sobre as horas em que o Jornal Nacional, entre dezembro de 2015 e agosto de 2016, deu notícias sobre o Lula, e o resultado foi um verdadeiro massacre midiático.
Este massacre muda a sua imagem, e não é de hoje, de político comprometido com políticas públicas, que emergiram para beneficiar a camada mais carente da população, para um outro, corrupto, mentiroso, tal é o alcance e o poder da Rede Globo.
A pesquisa foi feita no laboratório de estudos de mídia da Uerj. Ela mediu a quantidade de reportagens, a neutralidade delas e o tempo que elas demoraram. Houve mais medidas, algumas destacadas abaixo, suficientes para fazer a relação entre a mudança na imagem de Lula e a forma como a Rede Globo, dentro Jornal Nacional fala dele.
Descobriu-se que em um total de 257 matérias jornalísticas, 185 delas foram contrárias a Lula, 71 reportagens foram consideradas neutras e que apenas uma lhe foi favorável, contabilizando um total de tempo de 60.998s. Nas 185 contrárias houve 46.359s e nas neutras 14.639s. A favorável, dentro da contabilidade, foi considerada irrelevante.
A culpabilidade presumida de Lula foi abertamente declarada em 76 matérias, e constatou-se que quanto mais longa a reportagem, mais negativa ela foi, comparando-se a um documentário pelo tempo de exposição na mídia.
Com uma média de exposição negativa na mídia fora dos padrões normais de comunicação como este que a pesquisa revelou, é como uma assinatura de má fé jornalística da Rede Globo.
Lula é assim:
Desde 2005 a Vale voltou a ser uma empresa estatal, mas muita gente ainda não sabe disso
Cláudio da Costa Oliveira
Notícia de ontem (02/11) no Blog do Kennedy Alencar alertava: “Padilha quer dar comando da Vale ao PSDB” e dizia: “O ministro Eliseu Padilha da Casa Civil, trabalha para derrubar o atual presidente da Vale, Murilo Ferreira, e indicar um nome avalizado pela cúpula do PSDB, ouvindo com destaque as opiniões do senador Aécio Neves e do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Logo depois, neste mesmo dia, veio um desmentido: “Padilha diz que Ferreira pode ser mantido no comando da Vale” e acrescenta: “Ministro afirma que governo busca solução de mercado no devido tempo.
Para entender esta agitação em relação à Vale, precisamos voltar no tempo, para 1993, no governo Itamar Franco, quando Benjamin Steinbruch dono de uma empresa têxtil chamada Vicunha, comprou a maior siderúrgica brasileira, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), por um preço, segundo consta, 30 vezes inferior ao seu valor real e com financiamento do BNDES.
Posteriormente, em 1997 no governo Fernando Henrique Cardoso, o mesmo Benjamin Steinbruch comprou a maior mineradora do mundo, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) hoje Vale, por US$ 3 bilhões, dando como garantia a própria CSN que ele havia comprado e ainda estava pagando e com mais financiamento do BNDES. A Vale foi vendida e seu passivo trabalhista ficou todo com o governo federal. Grande negociata.
Já em 2005 no primeiro governo Lula, a dívida em atraso de Steinbruch com o BNDES era enorme. O então presidente do BNDES, Carlos Lessa, fez então um acordo, sendo criada uma “sociedade de propósito específico” (SPE) com as fundações de estatais, Previ, Funcef e Petros, que compraram as ações da CSN na Vale.
Neste momento somadas as ações ordinárias da Vale pertencentes ao Tesouro Nacional mais as do BNDESPAR e da sociedade das Fundações, o governo passou a deter 60% das ações ordinárias da Vale. Ou seja, a Vale voltou a ser uma empresa estatal. Mas para isto foi necessário entregar a CSN, de graça, para o Steinbruch.
Creio que para não agitar o mercado, através de um acordo de acionistas, a administração da empresa foi entregue ao segundo maior acionista, o Bradesco. Mas o governo federal sempre teve ingerência na empresa, basta lembrar o ocorrido em 2008, quando o presidente da Vale Roger Agnelli anunciou que estava fechando a compra da mineradora anglo-holandesa Corus, por US$ 90 bilhões. O ex-presidente Lula mandou suspender o negócio, dizendo que a Vale tinha de aplicar em projetos no Brasil. Roger Agnelli se defendeu dizendo que a Vale não tinha projetos para desenvolver no Brasil, mas Lula insistiu alegando que ele deveria procurar os projetos, e o negócio não foi fechado. E podemos dizer, por sorte não foi fechado, pois meses depois quando eclodiu a crise financeira nos Estados Unidos, o valor da Corus caiu para menos de US$ 10 bilhões.
Vocês poderiam me perguntar: O que tem haver esta história toda com a atual agitação sobre a administração da Vale?
Ocorre que o acordo de acionistas feito em 2005, em que a administração da empresa foi entregue ao Bradesco, expira em agosto de 2017 (vide observação no final). Portanto, se quiser, o governo poderá assumir a direção da Vale com todos os seus cargos e de suas subsidiárias.
Temo que a Vale possa ser novamente privatizada a preço de banana. Desta vez talvez vendida para um banco. Quem sabe o Itaú, que a revenderia logo depois com bom lucro. Façam suas apostas. É fantástico.
Obs: Os dados relativos ao capital da Vale e aos acordos de acionistas, constam dos relatórios anuais publicados pela empresa e podem ser vistos no seu site na internet.
Do site O Cafezinho
FHC confessa pressão da Globo em 1996 para privatizar a Vale
30/11/2015
Tarso Cabral Violin
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso acabou de lançar o livro “Diários da Presidência, 1995-1996”, Volume 1, pela Companhia das Letras. Nessa obra FHC confessa que no início de seu governo, em 1995, ele não estava totalmente convencido de que privatizaria a empresa estatal Companhia Vale do Rio Doce, “não que tenha alguma reação antiprivatista, mas porque ela é um instrumento muito grande de coordenação de políticas econômicas” (p. 78).
Informa que os ex-presidentes Geisel (p. 102), Itamar Franco (p. 451 e 534) e José Sarney (p. 388 e 799) eram contrários à privatização. Sarney chegou a tentar aprovar no Senado uma norma de que o próprio Senador poderia proibir privatizações de determinadas empresas estatais (p. 801).
Confessa que toda a sua equipe econômica queria a privatização: José Serra, Pedro Malan, Banco Central e Pérsio Arida (p. 388).
Mesmo sendo algo totalmente imoral e patrimonialista, FHC diz com naturalidade que conversava e aconselhava vários grandes empresários sobre como comprar a Vale. Fez isso com Antônio Ermírio de Morais (p. 752) e outros empresários (p. 852).
Após pressão do jornal O Globo em 1996, por meio de editorial (p. 527), FHC decidiu vender a empresa estratégica.
A Vale acabou sendo privatizada em maio de 1997 por apenas R$ 3,3 bilhões para o consórcio Brasil liderado pela CSN de Benjamin Steinbruch, fundos de pensão como a Previ, Petros, Funcef e Funcesp, o banco Opportunity e o fundo Nations Bank. O dinheiro foi para o superávit primário e dar uma folga no orçamento, antes das eleições para prefeito de 1996.
Essas informações são essenciais em tempos do maior desastre ambiental de todos os tempos no Brasil, provocado pela Vale, privatizada em tempos de FHC.
Do Cafezinho também.
Fernando Henrique não privatizou só a Vale.