MANAUS – Três deputados federais do Amazonas só abriram a boca para dizer “SIM” na votação do relatório da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara que livrou o presidente Michel Temer de investigação no STF (Supremo Tribunal Federal). Alfredo Nascimento (PR), Átila Lins (PSD) e Pauderney Avelino (DEM) nem quiseram usar os 15 segundos a que tinham direito para tentar justificar o voto ao eleitorado.
É como se dissessem: “Voto sim, e pronto! Não devo satisfações a ninguém!”. Assim se comportam os parlamentes que votam contra a vontade do eleitor. Às vésperas da votação, o presidente Michel Temer se reuniu com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, do PR, para pedir a ajuda do partido na votação. Condenado no Mensalão, Costa Neto é atualmente o homem que dá as cartas no partido que já foi comandado por Alfredo Nascimento. O acordo firmado entre Temer e Costa Neto não foi revelado. Mas Alfredo seguiu a orientação.
Pauderney Avelino e Átila Lins dispensam comentários. Ambos fazem parte da tropa de choque na Câmara que defendem com unhas e dentes o presidente da República, independente dos malfeitos que ele possa cometer. Em troca, seus partidos são contemplados com emendas, cargos no governo, entre outras benesses. O principal cacique do PSD, o ministro Gilberto Kassab, foi acionado por Temer, que lhe pediu ajuda com os votos do PSD, mas no caso de Átila, não havia perigo de voto contra o presidente.
Silas Câmara (PRB) foi mais corajoso. “A favor do devido processo legal, senhor presidente, pela justiça no devido tempo, eu voto sim!”. O parlamentar é a favor da investigação depois que temer deixar a presidência da República, quando não será mais preciso de autorização da Câmara dos Deputados para ele ser investigado. A justiça no devido tempo? Por que a justiça deve esperar o tempo do presidente? Todos os brasileiros têm também o direito de frear a justiça para e deixá-la andar no tempo que bem entender? O PRB de Silas é hoje um dos partidos mais adestrados pelo Palácio do Planalto, tudo em troca de favores.
O único voto contra, de Conceição Sampaio (PP), teve uma justificativa confusa. “Senhor presidente, primeiro peço que Deus tenha misericórdia. Acho que hoje é mais um dos dias tristes que vão marcar nossa legislatura. Pauto o meu mandato com respeito a todos e a todas…” Acabou o tempo e o microfone foi cortado, depois ligado de novo só para Conceição proferir o voto: “Meu voto é não!”.
Carlos Souza (PSD, mas já filiado ao PSDB) não compareceu ao plenário. Aliás, fugiu para não votar. Ele justificou-se dizendo que o partido PSD determinou o voto “Sim” e, para não votar a favor de Temer, preferiu fugir do compromisso de votar com sua própria consciência. Disse que não queria praticar infidelidade partidária. Existe infidelidade maior do que trocar de partido, como o próprio Carlos Souza fez dias antes? Não convenceu. Há muito mais coisa escondida por trás da ausência.
Hissa Abrahão (PDT), que na primeira denúncia votou contra Temer, desta vez apresentou atestado médico. O ATUAL procurou o parlamentar, mas ele não atendeu às ligações. Numa votação dessa importância, seria necessário uma explicação, como aquelas que Hissa costuma dar quando faz alguma coisa que quer publicizar. O eleitorado tinha o direito de saber que tipo de enfermidade o tirou do plenário.
A única ausência justificada e que não geram dúvidas é a de Sabino Castelo Branco (PTB), que está internado há mais de dois meses. Infelizmente, as notícias sobre o estado de saúde do parlamentar são escassas. O que a assessoria dele informou, é que está se recuperando e deve voltar à câmara antes dos 120 dias, quando ele seria substituído pelo suplente. Ele pode voltar apenas para assinar uma nova licença médica.