Da Redação
MANAUS – Em dez anos, de 2004 a 2014, a taxa de homicídios por arma de fogo no Amazonas aumentou 175,9% a cada 100 mil habitantes. Foi o maior índice na Região Norte. O Pará aparece em segundo lugar, com 96,9%, seguido do Acre (83%), Amapá (44,3%), Tocantins (40,4%), Roraima (12,7%) e Rondônia (5%). Entre 2013 e 2014, o crescimento na taxa de homicídios no Amazonas foi de 11,6%. Os dados são do Mapa da Violência 2016, divulgado nesta quinta-feira.
Mesmo com queda no número de assassinatos por tiros em 2013 na comparação com 2012, as ocorrências aumentaram em 2014. Em 2012 foram 855 pessoas assassinadas a tiros no Estado. Em 2013, 692. Já em 2014, o número foi de 756. Em uma década, houve amento de 233% no número de homicídios. De 2013 para 2014, o crescimento foi de 9,2%.
No ano 2000, viver no Amazonas era relativamente tranquilo. A taxa de homicídios era de apenas 9,4 homicídios a cada 100 mil habitantes. O Estado estava em 20º lugar. Em 2014, registrou 20,2, em 16º.
Em Manaus, o aumento foi maior ainda: 231,7% em uma década. Entre 2013 e 2014, o crescimento foi de 7,7%. Em 2004, 189 pessoas foram assassinadas a tiros na capital. Em 2014, foram 627. No ano anterior, o número foi de 582 assassinatos. Foi o maior índice na Região Norte. Na taxa por 100 mil habitantes, Manaus também lidera na região com 32,2 pessoas assassinadas.
Conforme o documento, até fins do século passado a violência homicida concentrava-se em umas poucas grandes metrópoles, principalmente nas áreas metropolitanas de São Paulo e Rio de Janeiro. Entre os fatores que influenciaram no aumento dos assassinatos está o esgotamento do modelo de desenvolvimento econômico vigente, concentrado em umas poucas grandes metrópoles. “Custos de implantação, carga impositiva e organização sindical reorientaram o fluxo de capitais e de mão de obra para locais até então virgens de desenvolvimento”, diz o Mapa.
Mesmo com a criação do Plano Nacional de Segurança Pública, que aparelhou as polícias, “a guerra fiscal empreendida por diversos municípios para atrair investimentos originaram a emergência de novos polos de desenvolvimento, seja no interior dos Estados tradicionais, seja em outros como o Amazonas com a Zona Franca de Manaus”, cita o documento.
Entre as capitais, Fortaleza ocupa o primeiro lugar no ranking com as maiores taxas de mortes em 2014. A capital cearense tem taxa de homicídios por arma de fogo de 81,5 para cada 100 mil habitantes. Esse tipo de crime foi o que vitimou o irmão do empresário Fontenele Filho, 26, em 1999. Thiago Fontenele, de 21 anos, estava no carro e deixava a namorada em casa quando um homem armado disparou um tiro contra seu olho direito. O executor não esboçou nenhuma intenção em abordá-lo. Simplesmente atirou. Thiago ficou três dias internado e teve morte cerebral.
Indicadores estaduais
Em nota, a SSP (Secretaria de Segurança Pública do Amazonas), informa que entre janeiro e agosto deste ano os homicídios no Amazonas caíram 27,7% comparado ao mesmo período em 2015. Em oito meses de 2016 foram registrados 643 homicídios, enquanto de janeiro a agosto de 2015 foram 891 casos. O maior impacto foi no interior do Estado: foram 244 crimes contra a vida entre janeiro e agosto de 2015, e 140 casos em 2016, registrando uma redução de 42,6%.
“A atuação integrada dos órgãos do Sistema de Segurança tem sido fundamental para desacelerar e diminuir os índices que só cresciam até 2015. A Polícia Militar tem atuado com operações específicas nos bairros onde há maior registro de homicídios e a Polícia Civil aumentou a prisões de homicidas, com reforço do Departamento de Polícia Técnico-Científica que melhorou os protocolos para atender local de crime, e os demais órgãos atuando nas ações de prevenção”, disse o secretário Sérgio Fontes.
Em relação às mortes por armas de fogo, a SSP informou que de janeiro a agosto deste ano houve apenas 292 assassinatos por tios, “o menor número dos últimos três anos”, diz a nota.