MANAUS – Pré-candidato à Prefeitura de Manaus pelo Partido dos Trabalhadores (PT), o deputado estadual José Ricardo Wendling concedeu entrevista ao AMAZONAS ATUAL e falou dos principais desafios que irá enfrentar em sua campanha para chegar ao comando do Palácio Rio Branco. Seu maior desafio neste processo, sem dúvida, será desvincular sua imagem pessoal da imagem do seu partido o PT , fortemente atacado pela grande mídia, e que pode, com um eventual impeachment da presidenta Dilma Rousseff, amargar a sua pior derrota. O deputado disse não ter do que se explicar sobre os escândalos envolvendo o PT já que, segundo ele, seu nome não foi citado nas investigações que levaram à atual crise política. Defensor do Passe Livre no sistema de transporte coletivo de Manaus, José Ricardo afirmou ainda que essa será uma de suas principais bandeiras de campanha nas eleições deste ano. Ao ser questionado sobre a influência negativa do Partido dos Trabalhadores a sua campanha, ele chamou a atenção de militantes sobre a importância de ter uma candidatura própria para defender o partido das acusações de corrupção. Veja a entrevista completa:
AMAZONAS ATUAL – Desde 2008, com a candidatura do ex-deputado Francisco Praciano à Prefeitura de Manaus, o PT no Amazonas não consegue emplacar uma chapa majoritária para a capital. Este ano, como está a discussão em torno desse assunto?
JOSÉ RICARDO – Primeiro, temos a nível nacional, uma resolução que foi aprovada para priorizar nas eleições desse ano na cidade de São Paulo – São Paulo é uma prioridade com a reeleição da (Fernando) Hadad – e nas capitais e cidades acima de 100 mil habitantes. Então, há um foco para priorizar, ou seja, lançar candidaturas nessas cidades brasileiras. Manaus, como é capital, portanto está dentro desse escopo. Claro, que também não deixando de avaliar a situação que envolve os aliados, do diálogo com os aliados, essa discussão também está presente, continua com uma diretriz. Mas o que vem logo em seguida? A preocupação que as candidaturas lançadas possam nesse momento, com o PT muito atacado, até na sua história. Atacado o governo, inclusive, com os programas sociais implantados, as candidaturas próprias têm o objetivo de defender esse legado do PT, defender os programas sociais e defender uma série de outros programas implantados nos municípios e que mudaram a vida das pessoas. Portanto, ressaltar uma candidatura que pode enfatizar isso. Se o PT não lançar candidatura, quem é que vai falar sobre isso para a população? Quem vai falar do Bolsa Família, vai falar do Fies, vai falar do ProUni, vai falar do Minha Casa Minha Vida, Luz para Todos e uma série de outros programas, tanto Saúde como na Educação, e que com certeza foram e são importantes para a população, principalmente, para os pobres.
ATUAL – Além de defender o partido dos ataques, qual outra razão que o senhor poderia destacar para a importância de haver candidatura própria em Manaus?
JOSÉ RICARDO – A outra razão é que a eleição majoritária, ela favorece a eleição de vereadores. Hoje, o PT tem três vereadores na capital. O objetivo é manter essa bancada de três e se possível ampliar e tendo uma candidatura, isso facilita, porque você tem um voto de legenda, você tem toda uma motivação que existe quando tem uma candidatura majoritária. Então, isso já é algo definido a nível nacional, a orientação da Executiva Nacional. Temos também uma parte da militância que cobra o PT, o PT precisa ter candidato, assim como a nível nacional o PT lançou o Lula (ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva), lançou uma candidatura para presidente que foi o Lula e foi com perseverança, não desistiu, mesmo sendo derrotado três vezes, manteve, porque tinha um objetivo a nível nacional, que era ganhar a eleição, implementar programas sociais, etc. A mesma coisa é aqui (Manaus) sempre se defendeu candidatura própria, mas circunstâncias de cada momento até por conta de diálogos com aliados fizeram com o que o PT não fosse protagonista. E agora como temos esses fatores todos, isso tudo está contribuindo para que, primeiro, todas as forças políticas de dentro do PT (em Manaus) estão defendendo candidatura própria, não tem quem discorde quanto a isso.
ATUAL – Historicamente, o PT em Manaus, até por sua natureza de ser composto por diferentes correntes, sempre entrou em atrito quando o assunto é defender nomes para disputar uma eleição majoritária. Na capital, além do senhor, quais outros pré-candidatos pelo partido são citados para ser majoritário?
JOSÉ RICARDO – Quanto a definir nomes, desde o ano passado, são citados alguns nomes que poderiam ser candidato a prefeito de Manaus. O nome do Praciano foi o nome que, inicialmente, foi defendido, o meu nome que foi indicado e o nome do deputado Sinésio (Campos), o coletivo também apontava o nome dele. Praciano já falava que não queria ser candidato, no começo desse ano reafirmou isso, mas o nome foi mantido de qualquer forma. Se não fosse para prefeito, que pudesse ser candidato a vereador. Agora, com esse problema de saúde dele, realmente, ele não poderá concorrer. Mas a nível nacional, o meu nome e do Sinésio são os que foram colocados como indicações locais para as eleições.
AMAZONAS ATUAL – E o que pode definir a candidatura do PT à prefeitura da capital’?
JOSÉ RICARDO – O PT tem um calendário. Normalmente, esse calendário tem que ser fechado a nível local e a nível nacional. Começou o prazo, agora, em abril para que as instâncias municipais montem um calendário para ter encontros de tática eleitoral, para saber se vai ter candidato próprio ou vai apoiar alguém de outro partido. Se tiver candidato, a maioria disser que quer ter candidato, então agora, vamos ver o seguinte, quem é que vai ser candidato. Se tiver mais de um inscrito, pode se ter prévia, mas nas conversas que estão sendo colocadas. De modo geral, o que se conversa é que haja um acordo em torno de uma candidatura, porque o momento não é de muita discussão interna. Fala-se bastante em unidade, acho que o momento é esse, precisamos de unidade partidária não só para ter uma candidatura, mas para defender o partido. O partido tem 36 anos, você tem uma história de muita luta, de muitas pessoas que já passaram pelo partido, em toda uma juventude que precisa saber da história. Então, tem um sentimento que precisamos estar unidos.
ATUAL – Dentro do PT em Manaus, como estão se posicionando os coletivos (correntes comandadas de lideranças internas)?
JOSÉ RICARDO – Tem alguns grupos que já fecharam apoio ao meu nome. O deputado Sinésio (Campos), eu não sei como está movimentação dele em relação a outros coletivos. Nós tivemos no sábado passado (09), uma reunião que só não estava a representação do deputado Sinésio, do coletivo dele, mas demais forças políticas (internas do PT no Amazonas) estavam presentes. E uma das forças que tem um peso grande de dentro da direção, que é o coletivo ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos estava presente, mas também não tem uma decisão. Tem pessoas de dentro desse coletivo, que já manifestaram apoio em direção ao meu nome. Hoje, você tem um coletivo ligado ao João Pedro, que é presidente da Funai, ex-presidente do partido, ex-senador, é um coletivo que já nos apoia. Tem um coletivo da Gilza Batista, que foi presidente do estadual do partido, também, é um coletivo que me apoia. Também tem o coletivo ligado ao Zeca do PT, que já manifestou a questão do apoio também. Tem o coletivo ligado ao ‘Zé Barroncas’, que é fundador do PT, chamado de articulação de esquerda, que também está nos apoiando. Esse processo que a gente está desenvolvendo, conversando com todo mundo. E construindo, que essa ideia, construir uma unidade nesse processo eleitoral. É um diálogo aberto, franco com todo mundo. Acho que a gente tem condições de fechar. Tem também o presidente municipal do PT em Manaus, Adilson Vieira, que também já disse que vai nos apoiar. Então, estamos bem avançados nessa indicação, porque em outros momentos, em outras eleições, isso estava sendo esticado lá para frente.
ATUAL – Quando o ex-deputado Francisco Praciano, foi indicado candidato a prefeito de Manaus em 2008, não veio o apoio nem da Direção Estadual nem da Executiva Nacional do partido para a candidatura dele. Na época, o ex-presidente Lula deixou de pedir votos para o Praciano para não ferir o interesse de outros adversários.
JOSÉ RICARDO – Naquela época havia um quadro diferente nessa relação com os aliados. Hoje, não estamos na mesma situação que seriam os aliados influenciando fortemente. Hoje, é uma questão mais nossa interna, e que o PT nacional já sinalizou de que tem interesse em ter a candidatura própria aqui. Os aliados já têm candidatos e, portanto, o PT, neste sentido, acho que não vai ter mesma dificuldade que teve na vez passada. Então, existe um fator mais favorável nesse momento, mas também há um desafio para o partido. Não se sabe se o PT vai sair sozinho ou se vai fazer aliança com algum partido.
ATUAL – Essa aliança se torna cada vez mais difícil à medida que os partidos já estão definindo pré-candidatos à Prefeitura de Manaus…
JOSÉ RICARDO – É se a gente for analisar os aliados, o PDT é um aliado a nível nacional, inclusive tem a maioria de seus deputados federais contrária ao impeachment da presidente Dilma (Roussef). E aqui (em Manaus), o PDT tem o pré-candidato que é o Hissa (Abrahão), se eles mantiverem essa candidatura, não vamos ter esse apoio. O PR, que também é um aliado do PT a nível nacional, também aponta candidato que é o Marcelo Ramos. Então, são dois partidos importantes. O outro é o PMDB que tem o candidato Marcos Rotta (deputado federal), a princípio indicado, não sei se vai ser confirmado. E ele é contra o governo federal, ele saiu do governo. O PMDB, eu acredito que nesse quadro, , que seria um aliado, estou achando que vai ser mais difícil.
ATUAL – Quais seriam os outros partidos aliados a nível nacional que podem apoiar uma eventual candidatura própria do PT na capital?
JOSÉ RICARDO – O PCdoB, que também fala em lançar candidatura, mas ainda não está fechado ainda. É um partido que com certeza o PT vai ter que dialogar com vistas a uma aliança.
ATUAL – E como ficou o tempo do PT na propaganda eleitoral após a saída e entrada de deputados federais com a janela partidária?
JOSÉ RICARDO – É um tempo razoável, eu não saberia dizer. A bancada do PT diminuiu pouco em relação a 8 anos atrás, mas continua, individualmente, sendo o maior tempo. O PT se tiver uma aliança com o PCdoB vai ter um bom tempo, um tempo muito próximo do que o PMDB teria, mas que com as alianças deverá ter um pouco mais. Mas vai estar em condições de ter um bom diálogo com a sociedade.
ATUAL – Esta semana, quando o AMAZONAS ATUAL publicou uma nota informando que seu nome poderia ser indicado como candidato a prefeito de Manaus, houve manifestações agressivas e contrárias ao seu partido no facebook. Como o senhor pretende trabalhar essa questão na campanha?
JOSÉ RICARDO – Por isso mesmo que o PT tem que lançar candidatura para ter essa oportunidade de tentar mostrar para sociedade que o problema não está ligado em si a uma instituição. Tem o problema que envolve os erros dos filiados, se a gente analisar a operação Lava Jato, quantas pessoas do PT estão indiciadas? Lembro que o Ministério Público encaminhou para a Justiça uma lista de 49 filiados a partidos que foram denunciados, dos quais 6 são do PT. Os outros 43 são de outros partidos. Mas o nosso foco na eleição é tratar de propostas para a cidade. Eu não tenho envolvimento com nada do que está acontecendo a nível nacional, eu não tenho nem porque responder. Não tenho porque me defender, porque não sou eu a pessoa da direção. Mas é claro que a gente estranha alguma coisas, como por que a Justiça só mandou prender o tesoureiro do PT? Por que não prendeu o tesoureiro do PMDB do PSDB que os mesmos delatores disseram que receberam dinheiro? A gente estranha algumas ações, porque parece que tudo está direcionado ao PT. Mas o foco na campanha não é esse.
ATUAL – Mas a questão é sobre a rejeição ao partido que pode refletir na eleição do candidato.
JOSÉ RICARDO – É, mas a pessoa não vai votar no partido, vai votar no candidato. Eu ainda não vi em Manaus, deixarem de votar em um candidato a prefeito por causa do partido a não ser quem é partidário. Mas temos que trabalhar nisso com muito esclarecimento. Só porque é do PT, então não vai, se é do PMDB, também não vai. Então, não pode votar em nenhum. Nenhum dos candidatos dos candidatos a prefeito a população poderia votar, porque todos estão em um partido que tem envolvimento na operação Lava Jato, não escapa nenhum dos principais candidatos.
ATUAL – E diante dos escândalos envolvendo os partidos, principalmente, o PT em crimes de ‘caixa 2’ na campanha, o senhor não teme perder os patrocinadores de uma eventual campanha sua?
JOSÉ RICARDO – Se o empresário não for doar nenhum valor para um candidato que é do PT, provavelmente ele não vai doar para ninguém. Porque a Lava Jato (operação da Polícia Federal) está mostrando que todos os partidos, sem exceção, estão envolvidos no processo de financiamento de campanha não muito adequado, com irregularidades.
ATUAL – Não podemos negar que grande mídia tem associado essas irregularidades mais ao PT do que aos demais partidos…
JOSÉ RICARDO – Sim, hoje, se tem um foco muito grande de destruir um partido, destruir a história do partido, a história de militantes que não tem nada a ver com corrupção.
ATUAL – E como o PT em Manaus tem se preparado para a campanha à prefeitura?
JOSÉ RICARDO – Desde o ano passado, o PT está se preparando para as eleições deste ano. No ano passado, nós, o PT, realizamos seis seminários par discutir problemas da cidade Manaus: transporte, a questão do saneamento básico, educação, saúde, moradia e as políticas para a Juventude. Nós realizamos 6 seminários. Vamos resgatar as propostas que foram apresentadas, inclusive, por especialistas, algumas pessoas de fora que vieram. Isso tudo vai compor o programa de governo que vamos estar elaborando. Tivemos na semana passada um encontro com mulheres. Vamos fazer também um encontro com a Juventude exatamente para debater propostas mais específicas. Estamos tentando fechar a agenda com professores. Também na área da saúde, vamos fazer um foco também municipal na realidade da saúde básica, vamos estar também no setor de moradias e temos vários outros segmentos da sociedade. Então, o PT está se preparando para as eleições. Está preparando o programa de governo a partir da realidade de Manaus, ouvindo a sociedade, que a ideia é que ele tenha um governo participativo desde a elaboração das suas propostas. O problema não é o PT nessa questão toda, o problema são práticas que temos que mudar.
ATUAL – Como o senhor espera resolver os problemas da cidade com essa crise econômica?
JOSÉ RICARDO – Eu conversei com o deputado Serafim Corrêa que foi prefeito de Manaus e ele lembrou que o prefeito atual tem três vezes mais recursos do que ele na administração dele. Então, houve um crescimento nos recursos por conta da economia, mas que teve alguns percalços, e por conta do crescimento do repasse federal para o Amazonas e para Manaus. Então, nós temos que trabalhar com muito rigor com o uso dos recursos, na eficiência, nos resultados da utilização dos recursos. Não dá para fazer tapa buracos na mesma rua durante quatro anos sem fazer um investimento em drenagem para evitar que se continue gastando dinheiro. Os recursos sempre são poucos, mas diferença é que governante com o pouco consegue fazer muito mais. Então, esse é o desafio e por isso temos que fazer um planejamento, nos organizar e definir o que é prioridade, ouvir a população sobre o que é prioridade. O IPTU, por exemplo, precisa ser melhor reavaliado, na sua cobrança, na sua abrangência,. O ISS, que tem a arrecadação três vezes mais que o IPTU, tem um potencial muito maior de arrecadação. Precisa ter uma estrutura mais eficiente, mas não para penalizar mais, mas para cobrar até de quem não está pagando e talvez mas rever para quem está devendo, você baixar, mas aumentar a base de cálculo. Então, com mais eficiência, usar os recursos.
ATUAL – O que o senhor elencaria como prioridades em seu plano de governo?
JOSÉ RICARDO – Primeiro, a mobilidade urbana: agora, recentemente, no ano passado que foi apresentado o Plano Municipal de Mobilidade Urbana. Então, a primeira coisa é a mobilidade urbana, que envolve o sistema de transporte, que envolve o sistema viário, onde estão as soluções para melhorar o trânsito. Depois do Serafim Corrêa, Amazonino (Mendes) e, agora, Arthur (Neto), são oito anos perdidos sem um planejamento para equacionar essas questões do trânsito. Tem a questão do saneamento, que está sendo discutido fortemente este ano, a Igreja Católica, inclusive, está puxando esse debate com a Campanha da Fraternidade, que envolve o fornecimento de água, a questão do esgoto. Ontem, mesmo, eu estava fazendo uma visita a Estação de Tratamento (de Água) do Educandos, conversando com o diretor da Manaus Ambiental e o representante da prefeitura, o Sérgio Elias, falando sobre o sistema de esgoto da cidade de Manaus. Tem a questão do lixo, que precisa ser equacionada. Nós precisamos ter esse plano relacionado ao resíduo sólido. O plano de saneamento não existe e precisa ser implementada. Então, o saneamento seria a nossa prioridade macro. A terceira seria o sistema de saúde e educação básica. Você tem a rede de atenção à saúde básica que não abrange toda a área urbana. O vereador Waldemir (José) fazendo visita às áreas ribeirinhas e raramente um vereador visita área ribeirinha, tanto o Rio Negro como o Rio Amazonas, ele trouxe um pouco dessa questão da realidade da saúde e educação básica. A rede de atenção básica à saúde precisa ser implementada, os prontos socorros abarrotados de gente quando poderiam ser atendidos na atenção básica. E a outra que é a educação básica. Hoje, temos que ter um objetivo de garantir toda a criança na escola.
ATUAL – Tendo como base o cenário da crise econômica, qual seria sua proposta para fomentar o comércio no município?
JOSÉ RICARDO – A ideia seria criar uma estrutura de fomento, de apoio, de incentivo e até quem sabe até mesmo de crédito que, hoje, não temos. Manaus nesse porte, hoje, com essa estrutura pública e com esse viés não tem. O município não vai ter recurso, para distribuir para colocar à disposição, provavelmente, pouca coisa, mas incentivo. Mas ela (prefeitura) tem meios de facilitar isso. Vou dar um exemplo: quais hoje são os locais que trabalham com artesanato? O que mais encontro são pessoas fazendo as coisas com muita criatividade, mas que não tem onde vender. Isso é papel da prefeitura, isso gera emprego e renda. São ações assim de caráter micro, mas bastante espalhadas pela cidade, que você consegue criar alternativas de vida para as pessoas.
ATUAL – Dentre as bandeiras que o PT local defende está o Passe Livre no sistema de transporte coletivo e tarifa social no abastecimento de água. O senhor, como prefeito, implementaria essa proposta?
JOSÉ RICARDO – No caso da tarifa social já é lei, que foi aprovada, e da qual votei a favor, mas ela precisa ser implementada e quem sabe até ser ampliada, principalmente, nos bairros mais pobres. Em relação ao Passe Livre, isso é algo novo, inclusive aqui na Assembleia (Legislativa do Estado – ALE), eu tenho uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição Estadual) que prevê a implementação do Passe Livre na região metropolitana. Outra proposta nossa na ALE é fazer o Estado apoiar o Passe Livre no município. Agora, nós temos que iniciar, fazer uma experiência. Temos poucas cidades brasileiras que Têm Passe Livre. Tem muitas famílias que deixam de garantir a meia passagem para o filho à escola por falta de recursos. É claro que precisa ter critérios e a renda familiar seria esse critério, mas precisa ter outros critérios. Mas vamos defender o passe livre, seria uma das nossas bandeiras em uma campanha.
ATUAL – Enquanto deputado, o senhor faz oposição ao Governo do Estado na Assembleia Legislativa do Estado, em uma eventual eleição sua à Prefeitura de Manaus, como o senhor sanaria essas diferenças?
JOSÉ RICARDO – Como todo prefeito tem que fazer, tem que conversar com todo mundo. Veja o prefeito Arthur Neto, o prefeito Arthur Neto está conversado com o governo federal atrás de recursos para cidade. Lá a presidente Dilma já tinha uma reunião, tinha anunciado vários projetos para cidade. Porque a presidente Dilma não faz distinção de ninguém. Então, estaremos dialogando até porque cada um tem o seu papel. Então, o governo do Estado tem responsabilidade na capital e interior, independente de quem é o prefeito. Hoje, eu sou oposição ao governo, mas não sou oposição ao governante, sou oposição aos problemas. Nós fiscalizamos, mas fazemos relatos ao governo para que o governo tome providências. Aqui não é uma oposição para destruir, na verdade, é uma oposição construtiva. Essa é nossa prática, e, quando for prefeito, o diálogo vai ser mais intenso ainda.