MANAUS – O prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB) voltou a disparar contra o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB). Ele já tinha feito críticas ácidas a Braga no dia 9 deste mês, durante a leitura da Mensagem de 2015, na Câmara Municipal de Manaus. Desta vez, ele alegou “quedas de energia elétrica” para atacar o adversário político, em mensagem postada neste domingo na página dele no Facebook.
No texto denso, Arthur questiona os benefícios do gasoduto Coari-Manaus e o Linhão de Tucuruí, duas promessas de melhoria do sistema de energia elétrica para o Amazonas, e diz que o primeiro, “além de superfaturado, é um gasoduto estranho, que não produz energia”. Sobre o linhão, ele diz que “recebeu colaboração do meu governo”, mas o tempo passa e nada acontece.
Depois, dispara contra Braga: “Temos um Ministro das Minas e Energia que faz política no Amazonas e não comanda, de fato, a pasta para a qual foi nomeado”. E prossegue: “Alguém que se acostumou a falar e ter suas falas desmentidas até pela própria Presidente. Alguém que chamou Graça Foster de honrada e afirmou que ela seria mantida na Presidência da Petrobras, quando até as emas do Palácio da Alvorada já sabiam que sua presença era insustentável”.
Arthur também acusa Braga de querer tomar no tapetão o mandato do governador José Melo (Pros). Diz que Braga é “claramente menor” que o ministério que controla e “muito menor que a antes gloriosa Petrobras”, mas espera que ele consiga resolver pelo menos os problemas de falta de energia em Manaus e no Amazonas. Diz isso para disparar: “Seria uma forma de amenizar um pouco a mediocridade e inocuidade de sua gestão. Gesto bem mais útil e nobre do que desperdiçar tempo e energia na tarefa mesquinha de tentar, pelo golpe e pelo “tapetão”, tomar de assalto um governo que lhe foi negado, nas urnas de 2014, por 60% do eleitorado”.
Eis o texto completo postado por Arthur no Facebook, na noite deste domingo, 22.
Não é novidade que o sistema elétrico brasileiro foi levado à falência pela mistura perversa da incompetência com a corrupção. Neste domingo, em Manaus, cumprindo triste rotina, as quedas de energia foram frequentes, em diversos pontos da cidade.
Onde está o gasoduto, tão útil aos candidatos governistas em 2010, que não fornece luz, que não existe na prática? A primeira dotação orçamentaria para ele nasceu de forte obstrução que fiz, no Congresso, à votação de determinada LDO. Além de superfaturado, é um gasoduto estranho, que não produz energia.
Onde está o Linhão de Tucuruí, que recebeu colaboração do meu governo, que permitiu a instalação de linhas de transmissão dentro do Parque do Mindu. O tempo passa e nada acontece. Quando e se acontecer, lá virão os “heróis” e as “heroínas”, supondo que o povo agradecerá por uma obra que lhe tem sido negada há tantos anos.
Temos um Ministro das Minas e Energia que faz política no Amazonas e não comanda, de fato, a pasta para a qual foi nomeado. Alguém que se acostumou a falar e ter suas falas desmentidas até pela própria Presidente. Alguém que chamou Graça Foster de honrada e afirmou que ela seria mantida na Presidência da Petrobras, quando até as emas do Palácio da Alvorada já sabiam que sua presença era insustentável. Ministro nomeado politicamente para uma pasta técnica, tutelado por um Secretário-Executivo supostamente técnico.
Espera-se que esse Ministro, claramente menor que a pasta de Minas e Energia, muito menor que a antes gloriosa Petrobras, muitíssimo menor que a falência do sistema elétrico do país, seja capaz de resolver, pelo menos, a situação perversa e dramática dos cortes de energia em Manaus. E no Amazonas que o acolheu como se em seu solo tivesse nascido.
Seria uma forma de amenizar um pouco a mediocridade e inocuidade de sua gestão. Gesto bem mais útil e nobre do que desperdiçar tempo e energia na tarefa mesquinha de tentar, pelo golpe e pelo “tapetão”, tomar de assalto um governo que lhe foi negado, nas urnas de 2014, por 60% do eleitorado.
Isso desrespeita os brasileiros, que esperam um Ministro aplicado e resolutivo, desacata os amazonenses, que o rejeitaram amplamente na consulta eleitoral, e insulta as melhores tradições da justiça eleitoral da minha terra, que não haverá de se colocar à disposição de tramas e urdiduras da baixa política.
Manaus está sofrendo, Ministro. Cuide de trabalhar, pense muito pouco em política e tire da cabeça o delírio de que, em plena segunda década do século XXI, ainda possa caber a figura triste do golpe de mão para “se fazer” um governador no Amazonas.