O governador Omar Aziz admitiu, nesta quarta-feira, ao Portal Amazônia, que o Estado não tem como manter a Arena da Amazônia. O custo de manutenção, segundo o governador, deve ficar entre R$ 500 mil e R$ 600 mil por mês (R$ 6 milhões a R$ 7,2 milhões por ano).
O governo também não tem planos para tornar o estádio rentável depois da copa. Omar Aziz foi taxativo, ao afirmar que o peso da manutenção não ficará com o Poder Executivo: “O Estado não pode todo mês pagar a manutenção dela. Para mantê-la da forma que está o tempo todo; você precisa ter uma renda mensal. Não dá para o Estado, todo mês, estar botando R$ 500 mil, R$ 600 mil aqui. Nunca se falou em arena rentável. Se falou em arena para sediar os jogos da Copa do Mundo”.
A fala do governador não deixa dúvida de que o novo estádio Vivaldo Lima, que ganhou o nome de arena por imposição da Fifa e sobrenome de Amazônia para satisfazer os egos dos pseudoambientalistas, caminha para se tornar um elefante branco no meio da floresta amazônica.
O governador disse o óbvio e o que o mundo inteiro já disse sobre o uso da Arena da Amazônia para o futebol local: as partidas não são suficientes para pagar a manutenção, nem de longe. Resta apenas uma saída, segundo o governador: entregar a administração do monumento de R$ 700 milhões para uma empresa privada, para realização de outros eventos. Até os jogos da Copa, a arena não deve ter qualquer evento rentável e o custo da manutenção deve cair nos ombros do contribuinte.
Mas haverá empresa interessada em carregar o elefante branco depois do Mundial da Fifa? A julgar por outra informação externada pelo governador, não! Omar Aziz afirmou que proposta de show do cantor Elton John foi recusada porque custaria R$ 6 milhões. A empresa que tentava incluir Manaus na turnê do cantor em 2014 desistiu quando levantou os custos e percebeu a dificuldade de conseguir o patrocínio necessário para viabilizar o evento.
Se não é possível manter o local com a renda dos jogos do futebol local, e todos sabiam disso desde muito antes de o governo do Estado se oferecer para sediar os jogos do Mundial da Fifa, e se também não é possível viabilizar grandes eventos, como um show internacional de Elton John, que tipo de evento poderá garantir a manutenção do estádio e o lucro da empresa que o arrendar?
Os fatos estão a provar o tamanho da irresponsabilidade do Governo do Amazonas quando resolveu se oferecer como sede da Copa do Mundo. Para a população, havia a promessa de um grande legado, como a melhoria da infraestrutura de transporte, da rede de saúde, da segurança pública e dos serviços prestados pela iniciativa privada, como restaurantes, hotéis entre outros. Nenhum legado será deixado para a população local. A única obra em andamento é a Arena da Amazônia, candidatíssima a se tornar um entulho para o governo.
O amazonense não pode esquecer os responsáveis por esse “presente de grego”: o ator principal era o agora senador Eduardo Braga, que pretende voltar ao governo e vai disputar as eleições este ano; o vice-governador era o agora governador Omar Aziz, que pensa em disputar o Senado este ano; e o secretário de Governo era o atual vice-governador José Melo, que só fala na candidatura dele ao governo neste ano.
Valmir Lima é jornalista, graduado pela Ufam (Universidade Federal do Amazonas); mestre em Sociedade e Cultura na Amazônia (Ufam), com pesquisa sobre rádios comunitárias no Amazonas. Atuou como professor em cursos de Jornalismo na Ufam e em instituições de ensino superior em Manaus. Trabalhou como repórter nos jornais A Crítica e Diário do Amazonas e como editor de opinião e política no Diário do Amazonas. Fundador do site AMAZONAS ATUAL.
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