Patrimônio de R$ 700 milhões, que vão ser pagos pelo contribuinte, com juros de R$ 225 milhões, começa a ter o uso banalizado
MANAUS – Vendida como um espaço para receber shows internacionais e eventos de grande porte, a Arena da Amazônia, depois dos jogos da Copa do Mundo da Fifa, será usada para shows que eram realizados no Centro de Convenções. Cantores de pagode, axé music e de música evangélica estão entre as atrações agendadas para o espaço que custou aos cofres públicos cerca de R$ 700 milhões e que o contribuinte vai pagar quase R$ 1 bilhão, somados os R$ 225 milhões de juros do empréstimo para bancar a obra.
A primeira atração foi confirmada hoje pela empresa M1 Eventos: trata-se de um show da cantora baiana Ivete Sangalo, com outras duas atrações sem qualquer peso que justifique o uso do espaço (o desconhecido Saulo, ex-integrante da Banda Eva e Luan e Forró Estilizado, um garoto que apareceu para o público em um programa da Rede Globo nos últimos meses e que foi adotado por Ivete Sangalo). O evento está marcado para o dia 22 de agosto.
O próximo evento agendado para a Arena da Amazônia é o festival de música gospel “Louvarei 2014”, previsto o dia 12 de setembro. Além dele, o Governo do Estado deve autorizar a transferência do evento Samba Manaus, que é realizado no Centro de Convenções, para a arena. A Fundação Vila Olímpica, responsável pelo estádio, já recebeu solicitação dos organizadores do Samba Manaus para outubro deste ano.
Para novembro, está reservada uma data para o que pode ser o primeiro show internacional, o da Banda Guns n’ Roses.
O que está se desenhando é a entrega de um patrimônio público para a iniciativa privada ganhar dinheiro. No sambódromo, geralmente os shows abrigavam de 1o a 15 mil pessoas. Na Arena, só nas arquibancadas, é possível colocar 44 mil. Como os show usam a área do gramado para acomodar o público, é possível colocar entre 50 mil e 60 mil pessoas.