MANAUS – Um dos dirigentes da Rede Sustentabilidade no Amazonas Tácius Fernandes, que atuou como coordenador da campanha do ex-deputado estadual Marcelo Ramos nas eleições de 2014 ao governo do Estado, afirmou ao AMAZONAS ATUAL nesta sexta-feira, 18, que seu ex-companheiro de partido se iguala ao deputado federal Hissa Abrahão (PPS) e à ex-deputada federal Rebecca Garcia, ao aceitar abrigo no PR, partido comandado no Estado e nacionalmente pelo deputado federal Alfredo Nascimento. “O Marcelo se iguala a Rebecca, porque ela se aliou ao grupo que sempre esteve no poder no Amazonas. A mesma coisa fez o Hissa Abrahão nas eleições de 2014”, disse.
Tácius Fernandes também disse que “Marcelo Ramos pontuou para Gilberto Mestrinho”, numa referência ao que disse o “Boto Navegador” depois de voltar ao governo do Estado, com a redemocratização do País, sobre o tempo de governança do seu grupo político. Na ocasião, Mestrinho afirmou que o grupo governaria o Estado por 20 anos. “Já se passaram mais de 30 anos e o grupo continua governando o Estado, e agora Marcelo Ramos passa a fazer parte desse grupo, porque o Alfredo Nascimento é cria do Amazonino e do Gilberto Mestrinho”, disse.
O dirigente da Rede, que ainda está filiado ao PSB, à espera da homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral do registro do novo partido, diz que foi um dos principais articuladores do apoio da ex-senadora Marina Silva à candidatura de Marcelo Ramos ao governo em 2014. “Nós tínhamos um projeto político que era um contraponto ao projeto do grupo que está há tanto tempo no poder e o Marcelo Ramos foi escolhido para representar esse projeto, em 2014. Foi esse projeto que deu ao Marcelo Ramos o terceiro lugar”, disse.
Porta-voz da Rede no Amazonas e membro da Executiva Nacional do partido, Tácius afirma que a legenda, confirmado registro na próxima semana, como está previsto, terá candidatura própria à Prefeitura de Manaus em 2016. A perspectiva de parte dos membros da Rede no Estado era de que Marcelo Ramos fosse o nome para a disputa. “A Rede não apoiará alguém do grupo do Alfredo Nascimento, do Eduardo Braga ou do Amazonino Mendes”, afirmou o dirigente.
Tácius disse que respeita a decisão de Ramos, de quem se diz amigo pessoal, mas politicamente, não dá para apoiá-lo no partido que ele escolheu. “Infelizmente, ele fez uma escolha de forma pragmática. A Rede continuará a propor um novo caminho para a política”, disse Tácius Fernandes.
A Rede também, segundo Tácius, está dialogando com o PSB de Serafim Corrêa e com o Psol. Com a primeira legenda, segundo ele, a conversa está mais adiantada. “Com o Psol, a gente pretende conversar, porque é um partido que tem propósitos semelhantes ao da Rede e que se apresenta como alternativa à velha política”.
Homologação
Tácius Fernandes está em Brasília, acompanhando o processo de homologação da Rede. A expectativa do partido é de que na tarde desta sexta-feira o relator do processo no Tribunal Superior Eleitoral, ministro Otávio Noronha, peça a inclusão do pedido de registro da Rede na pauta da sessão da próxima terça-feira, 22. Os dirigentes da Rede contam com um dispositivo aprovado pelo Congresso Nacional e que está sobre a mesa da presidente Dilma Rousseff para sanção ou veto, que reduz para seis meses antes da eleição o prazo para filiação de candidatos que vão concorrer. Atualmente, esse prazo é de um ano. “Se a presidente Dilma não vetar essa matéria, teremos mais tempo para filiações”, disse.
Resposta de Hissa
Questionado sobre a declaração de Tácius, o deputado federal Hissa Abrahão (PPS) se limitou a dizer o seguinte: “Cada um se filia onde pretende , de acordo com suas aptidões e vontade pessoal (…) desejo sucesso nessa diretriz ideológica que ele resolveu seguir e quanto mais candidatos, melhor. Estou no PPS e prestes a completar duas décadas no mesmo partido”
Resposta de Rebecca
A deputada Rebecca Garcia (PP) foi mais incisiva na resposta: “Eu jamais faria o comentário do Tácius sem conhecê-lo de verdade. O Tácius não me conhece, o Tácius não conhece a minha trajetória. Quando eu decidi caminhar ao lado do senador Eduardo Braga não foi porque eu achava que ele era velho ou que ele era novo, que era bom ou que era ruim. Houve situações da questão da eleição, e os partidos se entenderam que era melhor caminhar juntos”, disse.
Rebecca também disse que em 2014 estava mais preocupada com o futuro do Estado do que simplesmente carregar uma bandeira. “Eu entendo que naquele momento era o melhor pro nosso Estado. Eu acho que era a pessoa com melhor condições de segurar uma política econômica que fosse resguardar os empregos do Polo Industrial de Manaus. Não sei se o Tácius tem esses números na cabeça, mas são muitos. Eu acho que fazer política é muito mais do que debate. Fazer política é ter vontade de realizar”, disse a dirigente do PP.
A deputada não perdeu a oportunidade de criticar a própria Rede, comandada pela ex-senadora Marina Silva. “A Marina é uma pessoa por quem eu tenho o maior carinho, só que, nacionalmente, ela é conhecida como a eterna candidata, que não quer chegar ao poder; que ela quer ser candidata para segurar a bandeira e a marca dela. Agora, eu jamais a criticaria por isso. É uma decisão pessoal dela.”
Resposta de Marcelo Ramos
O deputado Marcelo Ramos respondeu assim à declaração do ex-companheiro: “O Tácius tem meu respeito e eu torço muito pra que a Rede se consolide como uma alternativa pro povo brasileiro. Tenho certeza que a Marina não diria isso.”