Por Carlos Santiago*
Um absurdo! Os parlamentares do país estão negando às gerações o acesso aos debates sobre temas contemporâneos, como ocorre nesses dias com o significado de gênero. Ainda não entenderam os legisladores que o Brasil é um Estado Democrático de Direito e que deve estar aberto às novas ideias e à educação plural, pois a escola e a universidade têm funções importantes na compreensão de que a sociedade brasileira é composta por diversidades culturais, de famílias, de gênero, econômicas e de credo, sendo espaços, inclusive, para questionar a própria existência de Deus.
Legislar sem entender a realidade dos temas atuais é pretender criar um geração caolha e intolerante. Felizmente, a dinâmica social não permitirá que o Brasil tenha esse destino. A internet, por exemplo, e a própria realidade do dia a dia, tão distante dos bancos escolares, poderão ser o contraponto desse olhar estreito sobre a sociedade.
É preocupante que parlamentares estejam misturando Estado e religião, convicções pessoais com o papel do Estado. Ainda não entenderam ou não querem entender que habitamos num país em que a grande maioria da população se declara cristã, no entanto, somos um país muito desigual e com uma crescente onda de intolerância.
Não causa surpresa, no entanto, o comportamento das Casas Legislativas, que são caracterizadas pela subserviência e pela defesa de governos corruptos e cheios de privilégios, com raras exceções. Não poderia agora esse parlamento ser a vanguarda dos novos tempos. Cabe ao eleitor mudar essa lógica.
*Carlos Santiago é sociólogo e advogado.