Por Lúcio Pinheiro, da Redação
MANAUS – Se as pesquisas de intenção de votos se confirmarem neste domingo, 27, será a primeira vez nas disputas para o Governo do Amazonas entre Amazonino Mendes (PDT) e Eduardo Braga (PMDB) em que um vencerá o pleito com uma vantagem tão elástica sobre o outro.
A eleição suplementar é um tira-teima entre Amazonino e Braga. O eleito governará o Estado por apenas um ano e três meses em substituição a José Melo (Pros), eleito em 2014 e cassado por compra de votos em maio deste ano. Os dois já disputaram o cargo de governador duas vezes, com uma vitória para cada lado. Em 1998, Amazonino venceu o hoje senador com uma diferença de apenas 3,4 pontos percentuais. Oito anos depois, em 2006, foi a vez de Braga dar o troco. A diferença dele para o ex-governador foi de 11%.
Agora, segundo as pesquisas para o segundo turno divulgadas nesta última semana, a vantagem a favor de Amazonino pode variar de 22,8% a até 26,8%. Os números foram levantados pelo IDP/Diário do Amazonas e pela DMP/Tiradentes e divulgados na quinta-feira, 24, e na sexta-feira, 25, respectivamente.
Para o analista político Carlos Santiago, Amazonino pode ser favorecido neste pleito pelo excesso de decepção do eleitorado com as opções oferecidas. “Foi um mais do mesmo”, diz ele. “Com essa desesperança com a atual safra de políticos que temos no Brasil e no Amazonas, o eleitor preferiu olhar para trás do que para frente”, diz o analista.
Santiago sustenta que essa eleição suplementar manda um recado para os dois candidatos que passaram ao segundo turno, mas também para o que ficaram pelo caminho: todos são culpados pelo desencantamento dos eleitores. “O mais grave é a avaliação de políticos criticando esse cenário e as opções que o eleitor colocou no segundo turno. Eles não se enxergam como parte do problema da falta de confiança do eleitor porque se tivessem a confiança do eleitor, eles estariam no segundo turno”, comenta Santiago.
O sociólogo Marcelo Seráfico diz que o afastamento de Amazonino do processo político nos últimos anos acabaram poupando o ex-governador do desgaste natural dos demais personagens, como Braga. Segundo Seráfico, isso explica em parte o “renascimento” e a vantagem de Amazonino nessas eleições. “O Amazonino saiu profundamente desgastado da prefeitura, e se manteve relativamente distante do processo político no Amazonas. Por outro lado, o senador Eduardo Braga esteve atuante no Senado e no Ministério de Minas e Energia, em momentos críticos da história do País, em que o governo que ele servia passou por uma crise séria. Ele saiu do governo federal, voltou ao Senado, teve posições políticas controversas. E o Amazonino distante desse processo. Então, em um certo sentido, o Amazonino foi poupado do desgaste político de quem estava envolvido diretamente com a vida política mais recente do País”, avalia Seráfico.
Histórico do duelo
Na eleição de 1998, Amazonino venceu com 418.373 votos, o que representou 51,13% dos votos válidos. Braga teve 390.214 – 47,69% dos votos válidos. Ou seja, uma diferença de apenas 3,4% entre os dois.
Já nas eleições de 2006, Braga venceu a disputa com Amazonino com uma vantagem considerável: 11%. O senador do PMDB teve 687.912 votos (50,6%) contra 543.412 (39,9%) do candidato do PDT. Naquele ano, Braga disputava a reeleição para o governo.
Um dado que acrescenta mais um ineditismo nessa eleição é que em 1998 e em 2006 a disputa entre Amazonino e Braga foi resolvida ainda no primeiro turno. Ou seja, essa é a primeira vez que os dois políticos disputam um com o outro uma eleição para o governo no segundo turno.
Braga já é experimentado em eleição para o governo segundo turno. A de 2014, que ele perdeu para José Melo (Pros), foi decidida em duas etapas – outro fato histórico na política amazonense. Até então, todos os pleitos para o Governo do Amazonas eram resolvidos em um turno.