Da Redação
MANAUS – Advogados do candidato Amazonino Mendes (PDT) apresentaram neste sábado ao TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) uma notícia crime e uma representação com o objetivo de cassar o registro de candidatura ou o diploma do candidato Wilson Lima (PSC). Ambos disputam o segundo turno da eleição para governador do Amazonas.
Na notícia crime, os advogados noticiam à Justiça Eleitoral e pedem investigação dos fatos narrados pelo traficante Diellisom Weendril Alves Pinheiro, o Didi, no momento da prisão, na sexta-feira, 19, no município de Codajás. Com ele, foram apreendidos R$ 17 mil dos quais ele disse que R$ 12 mil seriam usados para compra de votos em favor do candidato Wilson Lima (PSC).
Um vídeo distribuído pela polícia mostra Didi respondendo a uma pergunta do delegado que efetua a prisão que aparentemente não tinha relação com o processo eleitoral. O delegado pergunta: “Esse dinheiro é proveniente de onde?”. Didi responde: “Era pra mim comprar voto… (inaudível) …do doutor Wilson Lima. Ele me procurou, me levou pro hotel e me ofereceu uma quantia em dinheiro, 12 mil reais pra mim ajudar ele na compra do voto. Ele me prestou um favor e eu ajudava ele. 50 reais eu ia pagar por cada voto”. O delegado diz: “Ok, quando ao dinheiro. E o armanento, quanto ao armamento?”.
Com base nessa fala do traficante, os advogados Daniel Nogueira, Marco Aurélio Choy e Yuri Dantas Barroso levaram ao TRE-AM a notícia crime, que é um pedido de investigação dos fatos.
Argumentos
“Chegou ao nosso conhecimento que na operação em que foi presa uma delegada por corrupção, envolvimento por tráfico, no município de Codajás, um dos traficantes confessou que tinha dinheiro para comprar votos em prol de Wilson Lima. Pedimos que o fato seja investigado pela Polícia Federal, Ministério Público Federal, e pedimos que a própria Justiça Eleitoral pudesse tomar as medidas necessárias para coibir essas atitudes”, disse o advogado Daniel Nogueira.
Os advogados disseram que o suspeito disse, em depoimento, que o dinheiro foi levado a ele por um homem de nome Paulo. Questionado sobre quem era “Paulo, Didi disse apenas que o homem era de Manaus, não sabia informar o nome completo e que era apenas de cor “morena” e aparentemente forte.
“E o que a gente quer saber é quantos Paulos existem no interior do Amazonas, quantos Didis. A gente quer evitar que isso aconteça. A eleição tem de ser decidida com base no que é melhor para o estado e não com base na compra de votos porque não é compatível com o atual estágio da democracia”, disse Daniel Nogueira.
Marco Aurélio Choy, também advogado da coligação, salientou que o objetivo da coligação se dá para evitar interferências de organizações criminosas no pleito eleitoral. “O papel da Justiça Eleitoral, do MPF, da PF, é muito importante para impedir o avanço as participações de organizações criminosas, respeitando a liberdade do voto, do direito do voto livre do cidadão”, disse.
Yuri Dantas informou que o caso já é de conhecimento do Ministério Público Federal, da Polícia Federal e dos demais órgãos. “Ontem mesmo, o presidente do TRE-AM já tinha tomado conhecimento dessa situação, encaminhada pelas forças de segurança do estado, e determinou o imediato encaminhado ao MPF”.
Representação
Os mesmos advogados da coligação de Amazonino Mendes entraram com representação no TRE-AM com pedido de cassação do registro ou do diploma do candidato Wilson Lima (PDT) e seu vice, Carlos Almeida Filho (PRTB), por compra de votos, além de multa no patamar máximo decorrente da violação do artigo 41-A da Lei 9.504/97.
A representação está embasada na apreensão, no dia 7 de outubro, primeiro turno das eleições gerais, de material de campanha e dinheiro com o ex-prefeito de Nhamundá Mário José Chagas Paulain. Na ocasião foram apreendidos R$ 2,2 mil e material de campanha de diversos candidatos, entre eles, Wilson Lima.
Os advogados sustentam que Paulain trabalhava como coordenador municipal da campanha de Wilson Lima e que foi preso pela Polícia Civil, em flagrante, no dia 7 de outubro, dentro de um quarto da Pousada Tucunaré, em Nhamundá.
O dinheiro, segundo os advogados, estava sendo usado para a compra de votos desde o dia anterior ao primeiro turno da eleição.
Além do dinheiro e do material de campanha, a polícia apreendeu um aparelho de telefone celular, título de eleitor e recibos. Entre material de propaganda apreendido estavam dos candidatos ao Senado Vanessa Graziottin (PCdoB), Eduardo Braga (MDB), do candidato a presidente da República Fernando Haddad (PT) e duas bandeiras em que aparecem a foto do candidato Amazonino Mendes.
A defesa de Amazonino argumenta que as bandeiras foram colocadas por Paulain depois, na tentativa de “pré-fabricar um álibi”.
Além do pedido de cassação, a representação pede que a Justiça Eleitoral requisite à autoridade policial de Nhamundá e ao juiz da 43ª Zona Eleitoral no município para que informem os desdobramentos da prisão em flagrante de Paulain.
Solicitou ainda que a Justiça Eleitoral determine o envio do aparelho celular durante a prisão em flagrante à Polícia Federal, para o fim de realização de perícia para obtenção das mensagens recebidas e enviadas ao aparelho desde o registro da candidatura até o dia da eleição, inclusive, bem como o histórico de ligações do mesmo período.
Wilson Lima diz que é armação
A assessoria do candidato Wilson Lima enviou nota aos veículos de comunicação informando que é “mais uma armação contra o líder nas pesquisas do segundo turno”. E que a “coligação adversária mostra desespero e cria uma farsa tentando mais uma vez prejudicar o candidato Wilson Lima”.
A nota diz que Wilson Lima “repudia com veemência” o que chama de “mais uma armação dos adversários, desta vez na tentativa de associar sua campanha com criminosos, como o traficante preso em Codajás”.
O candidato do PSC diz que nunca manteve contato com o bandido apresentado e jamais enviou qualquer “emissário” para negociar compra de votos em seu nome. “Mesmo porque o candidato líder nas pesquisas eleitorais, com mais de 30% de diferença do adversário conforme as últimas cinco pesquisas de intenções de votos não teria nenhum motivo para agir ilegalmente e respeita rigorosamente as regras eleitorais”.
Sobre a representação
Wilson Lima também se manifesta sobre a representação por compra de votos, que envolve o ex-prefeito de Nhamundá Mário José Chagas Paulain. Lima que lamenta a atitude dos advogados do candidato Amazonino Mendes, que apresentaram uma notícia-crime ao TRE-AM contra ele, tentando associá-lo também a uma denúncia forjada de compra de voto supostamente ocorrida no primeiro turno da eleição.
O candidato lembrou que no dia 7 de outubro o ex-prefeito de Nhamundá foi preso portando dinheiro em espécie e material de campanha eleitoral de vários candidatos, entre eles o de Amazonino.
“Soa estranho que 13 dias após o fato, a assessoria jurídica de Amazonino acione o TRE para tomar providências, exclusivamente, contra Wilson Lima, enquanto na cama onde estavam os panfletos apreendidos encontravam-se farto material eleitoral de um candidato ao Senado pelo Amazonas, de um candidato a presidência da República, de vários candidatos a deputado estadual e de Amazonino Mendes. Isso comprova a tentativa indisfarçável de forjar um crime eleitoral sem nenhum fundamento contra o candidato Wilson Lima”, diz, na nota.